Em um mundo no qual motos pulam e têm serras na roda da frente, uma gangue de motoqueiros luta para salvar o mundo de uma invasão de robôs feitos de sucata. Esta é nossa análise Steel Rats.

ANÁLISE STEEL RATS

À primeira vista, Steel Rats lembra bastante a série Trials, da Ubisoft. Veja se não concorda.

À segunda vista, no entanto, o que temos aqui é muito mais complexo. Não são apenas pistas de acrobacias, mas um jogo de plataforma 2.5D no qual você controla motos. Tem influência de Trials, sem dúvida alguma, mas também tem combate e até chefes (péssimos, é verdade). Steel Rats é um jogo único e bastante criativo. Sua proposta muito me apetece. Sua realização, infelizmente, bem menos.

Acontece que ele é um jogo bem mais complexo do que parece. Você não apenas dirige e pula, mas controla quatro personagens distintos (e alterna entre eles livremente). Todos podem usar armas de fogo, ativar a serra que mora na roda da frente da moto ou usar três ataques especiais únicos para cada um deles.

Steel Rats, Análise Steel Rats, Tate Multimedia, Delfos

O bicho pega no fato de os controles não serem responsivos o suficiente, e estarem mal mapeados também. Por exemplo, um dos ataques especiais exige segurar o R1 enquanto a moto está em movimento. Você usa o R2 para acelerar, o que faz quase o tempo todo. Então para usar este ataque deve segurar o R2 e o R1 ao mesmo tempo. Isso é tão desconfortável que eu passei toda a campanha sem usar este ataque.

Bem mais prático é usar o especial ativado pelo quadrado, mas apenas um dos quatro heróis tem um ataque que realmente serve para algo designado a este botão.

DASH NO PULO

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Outro problema grave é o dash. Você pula com o triângulo (outra decisão estranha para um jogo de plataforma) e dá o dash apertando o X duas vezes. Só que o jogo é meio de lua quanto a registrar o dash. É comum você apertar o X duas vezes e ele simplesmente ativar a serra da roda em dobro, ao invés de dar a corridinha.

Lembrou-me o pulo duplo de Super Metroid, que também não funciona direito. Só que Super Metroid é de 1994. De lá para cá, apertar um botão duas vezes se tornou algo comum nos videogames e não dá para entender porque Steel Rats tem tanta dificuldade com isso.

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Só dá para sobreviver a este pulo se o jogo aceitar sua dash.

A questão é que há muitos pulos que envolvem dar o dash durante o salto. Ou seja, segure o R2 para acelerar, pule com triângulo, aperte o X duas vezes. Este malabarismo com os dedos, além de desconfortável, vira frustração quando você cai no abismo porque o jogo não registrou que você ativou o dash.

Apesar da dificuldade com os controles, Steel Rats não é um jogo especialmente difícil. Dá para terminar numa boa, mas ele poderia passar sem essas frustrações e malabarismos. Ter que parar para tentar o mesmo pulo meia dúzia de vezes por causa do controle vai contra o estilo “plataforma com velocidade na linha Sonic” que ele tenta alcançar.

HISTÓRIA E AUDIOVISUAL

Steel Rats é um jogo bastante ambicioso, dada sua escala. Ele tem história, com algumas cutscenes faladas e relativamente animadas. Além disso, durante as fases, os personagens conversam entre si, e eles são bem carismáticos e bem escritos.

O visual, por outro lado, é bem pouco inspirado. Este é um jogo escuro e com poucas cores, que repete os cenários mais do que deveria.

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Você vai cansar de cenários industriais.

Tem uma fase lá na segunda metade do jogo que coloca você em um bairro nobre. Pensei que finalmente teríamos uma paisagem mais bonita, mas logo que a fase começa, acaba a luz e você passa o resto do estágio quase totalmente no escuro.

A trilha sonora talvez seja o potencial mais perdido da obra. Este é um jogo cuja temática implora por músicas animadas de heavy metal. Ao invés disso, as músicas são totalmente low-key, do tipo que mais parecem sons ambientes do que canções propriamente ditas. E olha que tem até algumas cantadas.

PARECE MAS NÃO É

Sei que pode parecer que eu estou metendo o pau em Steel Rats, mas este é um exemplo de um jogo com um enorme potencial perdido. Ele tem ambições e criatividade para ser único e muito divertido. E, com um pouco mais de cuidado com visual e controles, poderia ser realmente especial.

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Tem excelentes sementes aqui, mas não é desta vez que elas renderam saborosos frutos. Talvez uma sequência que pense melhor nos aspectos que este pecou possa ser um jogo excelente. Vou torcer para o pessoal da Tate Multimedia ter a criatividade, o orçamento e a disposição para chegar lá.