Malditos sejam os jogos episódicos. O primeiro capítulo de Life is Strange 2 saiu em 27 de setembro de 2018. Quase um ano e meio passou desde seu lançamento até a conclusão da história. Este tipo de criação de hype não funciona para mim. Embora eu normalmente goste muito destes jogos narrativos, eu esqueço o que aconteceu e acabo abandonando a história no meio. Mas este foi concluído agora em dezembro e, portanto, é hora de fazermos nossa completa análise Life is Strange 2.

ANÁLISE LIFE IS STRANGE 2

O que disse acima foi exatamente o que aconteceu com Life is Strange 2. Joguei os dois primeiros episódios no lançamento, e escrevi sobre eles. O terceiro demorei um tanto para conseguir investir o tempo nele, e daí acabei não escrevendo nada. O quarto, nem joguei. Daí, quando saiu o quinto, joguei os dois últimos de uma vez.

Life is Strange 2, Life Is Strange, Delfos

Um problema que tive com a temporada em geral é a falta de conflito. Depois da morte do pai dos protagonistas – o que dá início à aventura – a coisa é muito sossegada. Muito pouco de fato acontece nos episódios dois e três, que são mais focados mesmo no desenvolvimento dos dois irmãos. Do amor fraternal que dividem a laços de família e despertar da sexualidade e dos amigos que fazem no caminho.

Life is Strange 2, ao contrário da maioria dos jogos da Telltale que o inspiraram, é um drama adolescente, mais do que um drama propriamente dito. Assim, suas escolhas parecem ter menos peso, pois embora elas afetem o desenvolvimento da história, dificilmente são de vida ou morte.

Mas isso eventualmente acontece. Justamente o episódio quatro, que eu só joguei neste mês, é onde estão quase todos os conflitos mais pesados da coisa toda.

VAMOS CONSTRUIR UM MURO

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Isso é mais um motivo contra este ser um jogo episódico. A história que a Dontnod queria contar carecia deste desenvolvimento e desta narrativa mais lenta. Os problemas encarados pelos irmãos Diaz no final de sua aventura só têm o peso que têm por causa de quão bem seu relacionamento foi desenvolvido anteriormente.

Narrativamente, não poderia ser de outra forma, mas isso mostra a fraqueza de poder curtir a história um pedacinho por vez com intervalos de quatro ou cinco meses. Se nada digno de nota acontece em um episódio (como nos três primeiros), você acaba ficando frustrado em ter que esperar mais cinco meses para algo – talvez – acontecer.

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Portanto, não entenda que a história é ruim. Longe disso, aliás. Eu gostei muito de Life is Strange 2. Porém, ela só mostra seus dentes – e sua mensagem – a partir do quarto episódio. E cresce muito com isso. Tudo que vem antes são sementes. Ou seja, é necessário. Mas apenas na hora da colheita você consegue admirar o excelente trabalho feito pela desenvolvedora.

Claro, sementes da mensagem política do jogo foram plantadas desde o início. Mas o impacto só fica realmente grande quando, ao tentar cruzar a fronteira para o México, os irmãos encontram o famoso muro faz-de-conta do Trump. E fica bem mais pesado quando Daniel pergunta se também tem um muro como este na fronteira do norte.

E O MÉXICO VAI PAGAR PELO MURO

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O muro do Trump aparece em Life is Strange 2.

Life is Strange 2 é um jogo bastante político, e não limita suas opiniões à questão da imigração na América do Norte. Se algo anda em destaque e é defendido pela parcela mais woke da população, provavelmente Life is Strange 2 vai abordar isso. Neste aspecto, é quase um South Park não cômico, falando de assuntos que andam bastante discutidos nesta era Trump/Brexit/Bolsonaro.

E esta é justamente sua força. Acredito que os gamers estão cansados de jogos claramente políticos se dizendo apolíticos. Claro, você pode discordar das opiniões apresentadas aqui. Considerando que nosso país elegeu o Bolsonaro, acredito que a maioria dos brasileiros deve discordar. Mas ainda assim a discussão é saudável.

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Particularmente, e você deve saber disso se lê o DELFOS, eu gosto de coisas opinativas. E não para embasar minhas próprias opiniões nos argumentos de outras pessoas. Muito pelo contrário, aliás, eu gosto de ver argumentos opostos ao que eu penso, pois isso me leva a refletir, e evoluir.

Não é o caso de Life is Strange 2, é claro. Em geral, eu concordo com as ideias políticas que ele apresenta, mas gostaria tanto quanto se suas opiniões fossem opostas.

O MUNDO É ESTRANHO

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Abraços são sempre legais!

Assim, eu gostei muito de Life is Strange 2. É uma história com opiniões fortes, bem defendidas e bem contadas. Sua narrativa lenta serve à história, embora fique em duelo com seu lançamento comercial ao longo de um ano e meio.

Dito isso, devo dizer que curti mais a história do primeiro Life is Strange. Eu realmente me identifiquei com a Max, e toda a identidade visual e sonora do primeiro jogo – com seu sabor cultural deliciosamente indie – me apetece mais. Ainda assim, eu recomendaria ambos para qualquer fã de jogos focados na narrativa.

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