Trama Internacional

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Com grande parte do mundo atravessando a famigerada crise econômica, até que demorou um pouco para Hollywood se apropriar de certos aspectos dela em suas histórias. Trama Internacional parece ser o primeiro exemplar surgido ou, que eu saiba, o primeiro a chegar ao Brasil.

Na trama, um agente da Interpol (Clive Owen) e uma promotora dos EUA (Naomi Watts) juntam forças para tentar levar à justiça um banco internacional (o que explica o título do filme) envolvido em lavagem de dinheiro, tráfico de armas, terrorismo e roubo de doces de crianças. Mas, claro, a instituição é poderosa e o destemido casal enfrentará muitos perigos em sua missão.

Está bem, confesso, dei uma exagerada. “Muitos perigos” é o que o filme te leva a pensar que vai apresentar, mas na realidade a história é outra e muito pouca coisa acontece. E esse é o grande pecado da película. Ela é chata (aliás, fazia um bom tempo que eu não ficava tão entediado ao assistir um filme) e arrastada.

O problema é que ele não se decide em ser um suspense de espionagem dinâmico, com a investigação levando os protagonistas a vários países e com cenas de ação realistas, estilo trilogia Bourne (e pelo que escrevi logo acima, você já sabe que ele falha nessa missão clamorosamente) ou ser mais cerebral e climático, conseguindo ser apenas modorrento e sem sentido.

Também não entendo porque Naomi Watts aceitou esse papel. Aqui ela não passa de uma coadjuvante de luxo com pouquíssimo tempo de tela. A impressão que dá é que esse filme parece ter sofrido pesadas intervenções. Várias edições, refilmagens, tanto faz, só isso para explicar uma obra tão indecisa, que sai do nada e vai para lugar nenhum. O suspense está mesmo só no gênero da obra, porque em nenhum momento da projeção ele aparece. O clímax então é uma vergonha de tão chato, bobo, feio e cabeça de pudim.

Pontos positivos? Vejamos… Tem a cena do tiroteio no museu Guggenheim que sem dúvida é o melhor momento do filme, mas ainda assim é uma sequência de ação apenas razoável.

O mais engraçado é que o diretor Tom Tykwer é o mesmo de Corra, Lola, Corra (e também do odiado por muitos Perfume: A História de um Assassino), o filme mais exibido em cursos universitários de comunicação. Todo o ritmo e agilidade que havia na película da mina que corre passa longe deste anêmico Trama Internacional.

Disto isto, eu realmente não recomendo este filme para nenhum tipo de público. Já que a crise ainda está por aí, o melhor a fazer é poupar seu rico dinheirinho para alguma opção cinematográfica melhor.

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Nota
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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
trama-internacionalPaís: EUA/Alemanha/Reino Unido<br> Ano: 2009<br> Gênero: Suspense sem suspense<br> Duração: 118 minutos<br> Roteiro: Eric Singer<br> Elenco: Clive Owen, Naomi Watts e Armin Mueller-Stahl.<br> Diretor: Tom Tykwer<br> Distribuidor: Sony<br>