Sabe quando você já sabe, antes mesmo de começar, que um jogo vai ser especial? Pois foi assim que começou meu relacionamento com Penny’s Big Breakaway. Desde que ele entrou no meu radar, eu passei a desejá-lo com força. Daí ele saiu via shadow drop, e eu fui correndo procurar o contato da editora para descolar um código de review. Quando chegou, dei um enorme sorrisão, e imediatamente parei a campanha aparentemente eterna de Like a Dragon Infinite Wealth para jogar. E sim, ainda vamos ter o review do novo Like a Dragon, mas sinceramente não sei quando vou conseguir terminar.
ANÁLISE PENNY’S BIG BREAKAWAY
Penny’s Big Breakaway é um jogo da Evening Star, empresa formada por Christian Whitehead, que você provavelmente reconhece do excelentíssimo Sonic Mania. Os caras não têm muita experiência, mas o que têm é fantástico. E Penny’s Big Breakaway é um caso de um jogo independente que sabe que não pode ter tudo. Ele nunca teria os gráficos de Kena, por exemplo. Mas se a ideia é fazer um bom plataforma 3D, gráficos tecnicamente elaborados são tudo? O jogo prova que não!
Na verdade, Penny’s Big Breakaway é um jogo que brilha por causa de suas limitações. Claramente tomaram decisões difíceis aqui, sobre no que focar e o que desenvolver melhor. A boa notícia é que praticamente todas as escolhas foram deveras acertadas.
MUITO COM POUCO
Se o jogo não vai ter um monte de plantinhas se mexendo e detalhes absurdos no cenário, isso não significa que não vai ser bonito. Afinal, simples e simplista são coisas diferentes. Os artistas da Evening Star trabalharam com formas geométricas e poucos detalhes, mas usaram cores de encher os olhos e fizeram animações de arrancar sorrisos.
Como em todo bom plataforma, simplesmente andar e pular já é gostoso, mesmo sem as fases. Da mesma forma, o visual nunca vai impressionar como um The Last of Us Part 2, mas a vantagem é que, sendo simples desta forma, ele roda deliciosamente a 4K/120 fps no PS5 e no Xbox Series. E com as cores e os desenhos cheios de personalidade, você se diverte e fica com vontade de brincar e de explorar as excelentes fases. O que me leva à…
MOVIMENTAÇÃO DE PENNY’S BIG BREAKAWAY
Penny’s Big Breakaway aprendeu com os medalhões do gênero plataforma, mas usou o que aprendeu como degraus para ser uma obra totalmente única. Penny carrega um iô-iô. E isso possibilita uma miríade de movimentos acrobáticos e bacanas. Dá para girar enquanto se mexe, dar corridinhas rápidas e até montar no iô-iô e usá-lo como um carrinho.
É difícil passar isso em palavras, mas a movimentação é tão criativa que Penny’s Big Breakaway parece familiar, mas é único ao mesmo tempo. Além disso, como em Super Mario, você pode pegar power-ups temporários que alteram o funcionamento do iô-iô e podem ser usados para quebrar paredes, sair voando ou navegar por áreas perigosas. É tudo simplesmente delicioso e impressionante, especialmente para quem, assim como eu, for apaixonado por games de plataforma 3D em fases.
O COMBATE TAMBÉM É ÚNICO
O uso que o jogo faz de inimigos também é bem criativo. Basicamente, seu ataque apenas os rechaça. Os inimigos principais, os pinguins, simplesmente correm na sua direção. Se cinco te pegarem, você volta para o checkpoint. Isso faz com que algumas áreas das fases sejam uma mistura de stealth com corrida. Você quer passar rápido e de forma sutil por onde tem pinguins patrulhando. Mas são áreas específicas que têm inimigos, você não precisa ficar se escondendo ou correndo o tempo todo.
Tem também alguns inimigos mais tradicionais, que podem ser simplesmente destruídos ou atordoados com uma iô-iôzada, mas a maioria dos momentos de combate é contra os pinguins. E tem também os chefes, que são tão legais quanto essas batalhas costumam ser no gênero. A exceção é o último que, embora seja muito legal, é dividido em três fases sem checkpoint entre elas. Se cada fase tivesse um checkpoint, seria uma batalha sensacional, mas enche muito o saco repetir as duas primeiras várias vezes para tentar vencer a terceira. Felizmente, o destaque são mesmo as fases em si.
PLATAFORMA 3D EM FASES
Games de plataforma 3D costumam ser coletatons, como Yooka-Laylee, ou em fases, como Super Mario 3D World. Eu amo ambos, mas ainda mais o último estilo, que é justamente o de Penny’s Big Breakaway. Aqui seu objetivo é sempre chegar ao fim de cada fase. Mas, obviamente, você pode brincar de pegar uma pá de breguetes no caminho.
Todas as fases têm três moedas especiais, e três missões secundárias, que são marcadas na tela de seleção de estágios. Se você é como eu, deve ter lido missões secundárias e já torcido o nariz. Mas relaxe e regozije-se na minha companhia, pois não é naquele esquema que você precisa voltar para fases que já jogou ou algo do tipo.
SIDEMISSIONS DE PENNY’S BIG BREAKAWAY
As sidemissions são objetivos secundários que você pode fazer no caminho. Tipo pegar X coisinhas ou explodir Y balões no trecho pré-determinado. Outras exigem levar alguma coisa de um personagem para outro. Algumas vezes elas estão em caminhos alternativos, mas neste caso é um caminho que suplanta o tradicional.
Um dos únicos erros no gamedesign aqui é que, assim que você fala com o personagem que te passa a sidemission, ela começa. E a questão é que algumas têm limite de tempo. Há casos que até você terminar de ler o que deve fazer, já passou metade do limite. Isso não é legal, e parece fácil de resolver: você podia pegar a missão e o tempo só começar a contar quando você começasse a fazer o caminho dela.
CHECKPOINTS
O outro erro de gamedesign é mais frequente e mais irritante: os checkpoints ficam muito distantes. Não achei o jogo especialmente difícil. Ele exige habilidade, especialmente para fazer 100%, mas nada no nível de Crash 4. Porém, quando você cai num buraco, costuma voltar muito, bem mais do que gostaria. Seu placar e suas moedas também são cortados, então você perde todo o progresso e mais um pouco. A única coisa que se mantém são os três colecionáveis principais e as sidemissions completadas.
Tirando estes dois erros mais graves, o resto são probleminhas. O progresso nos colecionáveis e sidemissions, por exemplo, é mostrado quando algo é coletado ou concluído, mas daí some até a próxima alteração. Podia ter um botão para mostrar isso, nem que fosse na pausa. Também não vejo muita utilidade para o jogo mostrar o tempo ou o placar o jogo inteiro. A tela poderia ser mais limpa, mas isso tudo é bem pequeno para mim.
PÊNIS GRANDE QUEBRA-TUDO: O PRIMEIRO GOTY DE 2024!
Penny’s Big Breakaway é, neste momento, o melhor jogo que joguei em 2024. Espero que muita coisa boa ainda venha por aí. Mesmo assim, a recomendação já deve ter ficado clara. Penny’s Big Breakaway é um jogo apaixonante, digno da alcunha delicinha delfiana, e uma grande diversão. Simplesmente essencial para qualquer um que goste de pular por aí e pegar moedinhas.
