Brothers A Tale of Two Sons, o de 2013, foi um dos últimos jogos que joguei no PS3. Peguei ele quando foi incluído na Plus, e joguei inteiro em uma tarde. Eu simplesmente amei a experiência, e desde então gostaria de repetir a dose. Mas ele ficou lá no PS3, o tal console apagado da história, mas não dos nossos corações. Finalmente ele foi relançado.

Brothers A Tale of Two Sons Remake é, adivinha só, um remake completo. Poderia ser um remaster, sinceramente. O importante mesmo, para mim, é que ele está agora disponível em máquinas mais modernas. Este remake traz a mesmíssima campanha com novos gráficos e a possibilidade de jogar em coop. De extras, tem algumas artes conceituais, mas tirando isso é o mesmo jogo com carinha mais moderna.

BROTHERS A TALE OF TWO SONS REMAKE

Brothers A Tale of Two Sons, Brothers, Josef Fares, Delfos
A iluminação dinâmica é uma das novidades visuais mais fáceis de perceber.

Comecemos pelo começo. Se você não jogou Brothers A Tale of Two Sons antes, o que temos aqui é uma aventura de quebra-cabeças com foco narrativo. Você controla dois irmãos ao mesmo tempo, que atravessam uma terra de fantasia em busca de um remédio para o pai moribundo.

No caminho, você vai fazer amigos e inimigos, lutar contra alguns chefes, mas especialmente resolver quebra-cabeças que permitem que você continue avançando. O jogo é totalmente e deliciosamente linear, e é o tipo de experiência altamente dirigida que fica com você mesmo uma década depois de ter jogado (sim, eu me lembrava de muitas coisas da campanha).

CONTROLANDO OS BROTHERS

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Brothers A Tale of Two Sons foi planejado para um único jogador, mas por causa disso os controles nunca foram bons. Eles se mantiveram iguais neste remake, o que é uma pena, mas também não tenho uma ideia melhor. Basicamente, você controla cada um dos irmãos com uma alavanca e um gatilho. À esquerda do controle, fica o grande, à direita, o pequeno. Ambos têm habilidades específicas que permitem solucionar os desafios.

O jogo é bem sossegado, e normalmente você consegue fazer as coisas no seu tempo, sem muita pressão ou ameaça. Então os controles ruins são mais inconvenientes do que obstáculos. Mas é fato que você vai se confundir, andar em direções opostas da que deseja e eventualmente até morrer por não conseguir usar os controles direito. Ou talvez eu que seja ruim. Mas isso não significa que controlar um personagem com cada alavanca seja bom.

Além disso, a movimentação da câmera fica nos botões RB e LB. De novo, não tinha muito outro jeito, mas é ruim e contra-intuitivo. Sou da opinião de que este remake deveria ter sido adaptado para uma câmera cinematográfica automática, estilo God of War III. Você não precisa mexer muito nela, mas tem hora que ela fica focando onde você não quer focar e insistindo para ir lá, mesmo com suas instruções dizendo o contrário. No remake, dá para jogar em coop, o que acredito que torna a experiência melhor, mas não consegui testar.

BROTHERS A TALE OF TWO SONS É SENSACIONAL

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Josef Fares, o diretor de Brothers, seguiu em frente com jogos focados em cooperativo. E eu gosto bastante do seu conjunto da obra. A Way OutIt Takes Two são fantásticos, e Brothers é o embrião de muita coisa que viria depois. Apesar da cara de “joguinho”, Brothers é bastante ambicioso em sua narrativa e set pieces. O visual sempre foi lindo, e continua neste remake. Na verdade, é um daqueles casos de “eu nem vi diferença”, mas com certeza verei diferenças brutais se pegar vídeos comparativos. Basicamente, ele foi redesenhado para ficar com a cara que tinha na nossa memória.

Como toda boa história dramática, A Tale of Two Sons alterna leveza com pesadelo. A introdução, por exemplo, envolve simplesmente andar pela vila onde os meninos moram, lidando com bullies, fazendo brincadeiras de criança e ajudando as pessoas. Tem uma hora em que você tem até chance – e é incentivado por um troféu – de ser o bully você mesmo e fazer uma criança chorar, o que realmente não gostei de fazer (mas eu queria a platina).

Tem um monte de momentos fofos e bem leves na história. A amizade com os trolls é uma gracinha, montar nas cabras e fazer carinho nelas é uma fofura. Pintar a ovelha de preto é uma traquinagem com gostinho de infância. Mas tem também mortes bem tristes e um momento grotesco em que você passa por um campo de batalha com dezenas de gigantes apodrecendo.

BROTHERS A TALE OF TWO SONS REMAKE

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O efeito da água também é uma modernidade nova.

Infelizmente, no momento em que escrevo isso (no bissexto dia 29 de fevereiro), Brothers A Tale of Two Sons Remake está num estado um tanto precário. Tem longos momentos em que ele simplesmente desiste de usar efeitos sonoros e fica apenas tocando música. Como a música não toca o tempo todo, há longos momentos de silêncio total. Também encontrei pontos em que precisava sair do jogo e recarregar para conseguir avançar.

Não é algo específico do remake (já estava no original), mas há um momento em que você controla apenas um dos brothers. E o jogo coloca então uma função diferente para cada gatilho. O problema é que ele não te conta isso, e eu fiquei empacado de forma estúpida por um bom tempo até descobrir. De novo, isso já era um problema no original, mas o remake poderia ter acrescentado alguma mensagem ou tutorial dizendo isso, nem que fosse simplesmente um prompt para você apertar o outro botão.

Acredito que também são novas algumas interessantes opções de acessibilidade, como fazer objetos interativos se destacarem. Sim, bem naquele esquema “tinta amarela”, mas eu sou do time que acha importante o jogo te contar onde você pode mexer. E dá para desativar isso nas opções.

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Para quem caça troféus, também é uma platina bem rápida. Há dois troféus que não estavam no original, mas se você seguir um guia, vai conseguir a platina antes mesmo de terminar o jogo, o que é bem incomum.

Brothers é um jogo bem rápido, daqueles feitos para serem vivenciados em uma única sentada. Tem a duração de um filme longo, mas uma história que fica muito mais forte na mídia dos games do que em qualquer outra. Como tal, mostra as sensações únicas da narrativa interativa, presente mesmo em uma obra totalmente linear, como esta.

Se fosse um filme ou um livro, Brothers A Tale of Two Sons seria bobinho. Como um game, no entanto, é fenomenal. O remake poderia estar em condições técnicas melhores, ou mesmo ser um remaster, mas se você não jogou, ou se sua cópia ficou presa no PS3, vale muito vivenciar esta história de novo.