Os melhores discos de Rock de 2014

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Olha eu aqui de novo. Este ano, não satisfeito em fazer apenas a matéria dos melhores filmes de 2014, decidi contribuir também com uma seleção dos melhores discos de Rock do ano passado a agraciar as prateleiras das lojas de CDs que não existem mais.

Achei 2014 um ano bastante movimentado musicalmente. Houve muitos lançamentos de bandas importantes e escutei (e também resenhei) a grande maioria deles. Vendo que tinha quantidade mais que suficiente para uma seleção, resolvi fazê-la. Afinal, nunca tinha feito uma lista de melhores discos para o especial de começo de ano delfiano antes. E você sabe, é sempre bom fazer coisas novas.

Diferente do que acontece com a lista de cinema, onde só entram coisas que tenham sido lançadas oficialmente aqui, como o mercado de música está indo pro saco, tem muita coisa que já nem chega mais no país em formato físico. Sem contar que muita gente também não se importa mais com isso, preferindo apenas os arquivos digitais. Logo, para esta lista vale qualquer disco que tenha sido lançado em seu país de origem em 2014. Agora, sem mais delongas, passemos a ela, começando pela parte ruim, com a decepção e o pior do ano:

D&D – Decepção Delfiana: FOO FIGHTERS – SONIC HIGHWAYS

O Foo Fighters é uma banda legal, mas extremamente previsível. Seus discos acabam todos com a mesma cara, e eles não têm as manhas dos Ramones ou do AC/DC para poder fazer isso. Logo, quando anunciaram que seu oitavo álbum, Sonic Highways, seria um projeto ambicioso, com cada faixa gravada em uma cidade relevante musicalmente diferente dos EUA, com participações especiais de músicos locais, e ainda seria complementado por uma série documental em oito episódios produzida pela HBO, não tinha como não ficar animado com esse possível marco em sua carreira. Pois bem, o disco saiu e é igualzinho a todos os outros da discografia do grupo. É ok, mas não passou nem perto de entregar o que prometeu. Assim, no saldo geral, é melhor deixar o álbum pra lá e ficar só com a minissérie, essa realmente muito bacana. Que coisa, não?

Menção Horrorosa – o pior do ano: JULIAN CASABLANCAS + THE VOIDZ – TYRANNY

Os Strokes andam sem direção já há algum tempo. Seu vocalista também parece não conseguir dar uma dentro separado de sua banda principal. Em seu segundo projeto solo, agora dividindo a bucha com o novo grupo The Voidz, entrega uma das coisas mais chatas, insuportáveis e inaudíveis que ouvi em anos recentes. Atira para todo lado em gêneros como o Rock de garagem, o Industrial e o Eletrônico e consegue mandar muito mal em todos eles, abusando do direito de ser tosco e de uma produção propositadamente desleixada ao extremo, o que só contribuiu para ressaltar ainda mais a péssima qualidade das canções. Pura porcaria de um cara que, junto de seu grupo titular, já foi responsável por injetar sangue novo no Rock do começo dos anos 2000.

5 – PIXIES – INDIE CINDY

Não é exagero dizer que os Pixies influenciaram uns 90% das bandas alternativas que surgiram depois deles. Sua sonoridade característica é facilmente identificável em um monte delas. Daí eles inventam de lançar um novo disco de inéditas 23 anos após seu último álbum de estúdio (Trompe Le Monde, 1991) e mostram que, se já não têm mais o punch e a urgência da juventude, ainda têm lenha para queimar. Mesmo com as levadas menos aceleradas, Indie Cindy não arranha sua discografia irretocável e demonstra que seu som continua bastante atual e superior a muita coisa mais nova por aí. Como eu disse na resenha: até preferia que eles não tivessem gravado para não arriscar o conjunto de sua obra, mas já que o fizeram, pelo menos foi com competência.

4 – ECHO & THE BUNNYMEN – METEORITES

Este não é uma grande surpresa estar aqui, devido à minha paixão pela banda, que beira o obsessivo. Tudo bem, está longe de seus melhores momentos oitentistas, e sequer é o melhor disco lançado por eles desde que voltaram já no final dos anos 1990. É um trabalho um tanto irregular, com algumas faixas que só estão presentes para ocupar espaço. Mas nas que acertam, aí sim chegam a lembrar seus melhores momentos de glória, retomando a ambientação mais sombria e angustiada do começo da carreira com os arranjos dramáticos e grandiosos tão caros a eles. Ainda são capazes de conjurar pequenos momentos de pura mágica quando parece que não têm mais nada a acrescentar. O Echo & The Bunnymen hoje é um dinossauro caminhando sobre a Terra, mas os velhinhos ainda satisfazem.

3 – INTERPOL – EL PINTOR

Impressionante que a banda mais nova a figurar nesta lista já tenha dezessete anos de carreira (apesar de seu primeiro disco, Turn on the Bright Lights ter sido lançado só em 2002, o Interpol existe desde 1997). Isso diz muito sobre o quanto os grupos mais recentes não me impressionam em nada. E mostra que o último período que realmente me chamou a atenção foi o da primeira metade dos anos 2000, de onde surgiram um monte de grupos bacanas, sendo o Interpol um dos mais cool. Chegando a seu quinto álbum com a costumeira consistência, continua fazendo boas músicas de pegada Pós-Punk oitentista, mas sem ser meramente derivativa. O primeiro disco lançado após a saída do baixista Carlos D. mostra um trio com fôlego renovado e a confiabilidade de sempre.

2 – WEEZER – EVERYTHING WILL BE ALRIGHT IN THE END

Após soltar uns disquinhos recentes muito dos sem-vergonha e provocar a ira dos fãs mais hardcore, Rivers Cuomo e sua turma parecem ter colocado a cabeça no lugar e ouvido a voz da razão. Como resultado, voltaram a fazer um bom disco, digno do nome Weezer. Energia juvenil bastante próxima dos primeiros álbuns, a sonoridade que fez sua fama de volta, e canções de qualidade bastante superior à média dos últimos anos. A fórmula para voltar à boa forma não poderia ser mais simples. Os reis do Rock nerd parecem estar com vontade de retomar sua posição como uma das bandas mais queridas do segmento alternativo e quem ganha com isso são os fãs.

1 – JOHNNY MARR – PLAYLAND

Dada a tônica de toda esta matéria, faz sentido que meu mais novo guitar hero seja mais um cara com pés de galinha e prováveis muitos cabelos brancos escondidos pela tintura. Johnny Marr e a banda que o fez famoso, os Smiths, são contemporâneos do Echo & The Bunnymen, mas nunca achei o grupo do Morrissey essa Coca-Cola toda. Só fui prestar atenção em seu guitarrista quando este entrou para o Modest Mouse e gravou com eles o que considero o melhor disco deles (We Were Dead Before the Ship Even Sank de 2007). Depois embarcou numa tardia carreira solo tocando um típico Rock Alternativo de boas guitarras, com doses do Britpop dos anos 90. E com essa fórmula simples, mas na mosca, me conquistou por definitivo. Seu segundo trabalho solo, lançado apenas um ano após sua estreia com The Messenger, mantém o mesmo pique, com uma lista de canções igualmente bacanas, grudentas e extremamente assobiáveis. E é assim, fazendo o simples de forma muito bem feita, que levou a medalha de ouro como meu disco favorito de 2014.

Agora que você já conferiu minha lista, delfonauta, divida conosco a sua. O espaço de comentários está aí para você citar e comentar seus álbuns favoritos de 2014. E nem precisa se prender só ao Rock, pode colocar as obras dos gêneros que mais lhe agradem. E até a próxima.

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