Já disse isso na abertura da minha resenha de O Reino Gelado 2 e repito: “Alguns filmes possuem uma cara tão genérica que até surpreende quando eles ganham continuação”. O que dizer então quando ele ganha uma segunda sequência? Pois é, uma das séries de animação mais sem graça que eu já vi chega ao terceiro exemplar com O Reino Gelado: Fogo e Gelo.

Os irmãos Kai e Gerda viraram espécies de celebridades locais após a derrota da Rainha da Neve, mas não estão felizes com a situação, especialmente Gerda, que ainda sente muita falta dos pais. Daí ela fica sabendo de um artefato mágico dos trolls, uma tal de Pedra do Desejo, e vai atrás da dita cuja junto de um novo amigo metido a besta.

Claro que isso vai dar confusão e nem de longe o efeito desejado. Ao invés disso eles acabam liberando duas poderosas forças opostas, fogo e gelo, que ameaçam destruir tudo pela frente.

A boa notícia é que se o design de personagens e cenários continua pouco inspirado (e nem daria para fazer grandes mudanças agora que a série já se encontra no terceiro filme), tecnicamente a coisa melhorou bastante. A animação está visivelmente mais caprichada. Se por conta de um orçamento maior ou de mais experiência angariada após os dois desenhos anteriores, não sei e nem importa.

Delfos, O Reino Gelado: Fogo e Gelo, Cartaz

O que importa é que ele está muito mais bonito e ao menos isso já dá uma ajuda para os olhos. Dentre as coisas em que eles capricharam estão os elementos do fogo e da lava, bem proeminentes na história e que se fossem utilizados nos exemplares anteriores ficariam tosquíssimos. Aqui acaba virando um destaque positivo.

Só que a coisa acaba por aí mesmo. Todo o resto repete os mesmos erros anteriores. Tipo ele ser genérico, com um roteiro preguiçoso e focado mais em crianças pequenas, sem qualquer tipo de atrativos para os adultos ou para a garotada já um pouco maior.

Este aqui até se foca mais como uma aventura movimentada, deixando os elementos de contos de fada e fantasia mais para segundo plano, mas mesmo assim ainda tem o maior jeitão de caça-níqueis feito diretamente para o mercado de home video, pegando carona na fama de um filme mais conhecido. Você sabe de qual estou falando.

Mesmo com as visíveis melhorias visuais e algumas mais sutis no enredo, abrindo mão de uma maçaroca de elementos, O Reino Gelado: Fogo e Gelo ainda está longe de chegar lá. Pode ser que melhore mais ainda em filmes futuros (caso eles existam), mas por enquanto é melhor mesmo escolher outro programa para entreter a criançada.

REVER GERAL
Nota
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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
o-reino-gelado-fogo-e-geloTítulo: Snezhnaya Koroleva 3. Ogon i Led<br> País: Rússia<br> Ano: 2016<br> Gênero: Aventura/Animação<br> Duração: 80 minutos<br> Distribuidora: California Filmes<br> Diretor: Aleksey Tsitsilin<br> Roteiro: Andrey Korenkov, Robert Lence, Vladimir Nikolaev, Aleksey Tsitsilin e Aleksey Zamyslov<br> Elenco: Graham Halstead, Garik Kharlamov e Ivan Okhlobystin. Na dublagem brasileira: Larissa Manoela, João Guilherme Ávila, João Côrtes e Lipe Volpatto.