Puxa vida, a Mônica cresceu? Pois é, parece que foi outra dia que estava escrevendo sobre os filmes da Turma da Mônica, e agora estou fazendo a crítica de um filme romântico estrelado pela mesma atriz. Morando com o Crush tem uma proposta simpática para uma comédia romântica, mas como quase todo filme brasileiro do gênero, é, para ser gentil e polido, uma porcaria. E isso se deve quase exclusivamente ao roteiro. Mas logo chegamos nisso.

CRÍTICA MORANDO COM O CRUSH

Aqui conhecemos Luana (Giulia Benite) e Hugo (Vitor Figueiredo). Eles são dois adolescentes com uma forte quedinha entre eles. Do mais absoluto nada, no entanto, eles descobrem que seus pais estão namorando um com o outro. E não apenas isso! Eles vão se mudar de cidade e morar todos juntos. Cilada, hein?

Morando com o Crush, Giulia Benite, Paris Filmes, Delfos

Em uma situação como esta, é batata que os dois vão ficar, e eu estava sinceramente mais interessado em saber como seria a vida deles depois que o namoro azedasse. Afinal, os pais continuariam juntos. Mas daí, claro, corre o risco de não ser mais uma comédia.

O principal conflito do filme é que os dois são obrigados a contar para a cidade toda que são irmãos gêmeos para conseguir uma vaga na escola. Daí quando o relacionamento engrena, têm que esconder seus afetos. E então pergunto:

ESTE ROTEIRO FOI ESCRITO POR IA?

Vai parecer que estou sendo um pouco destrutivo além da conta, mas sinceramente pensei que este roteiro tinha sido escrito por IA. Apesar de creditado a uma pessoa, a coisa é tão óbvia, tão formulaica, e tão pouco humana, que eu fui procurar os créditos do roteirista Sylvio Gonçalves. Para minha surpresa, ele tem página no IMDB e vários créditos. Ele parece trabalhar com alguma frequência desde 2012, e achei difícil acreditar que alguém com mais de dez anos de experiência escreveu e assinou isso. Minhas hipóteses sinceras e em ordem de probabilidade eram que seria um roteiro feito por IA, um pseudônimo, ou o filho de um produtor que nunca tinha escrito uma redação antes.

A questão é que o filme segue totalmente as formulinhas mais básicas das comédias românticas. Por exemplo, os conflitos acontecem exatamente onde você sabe que vão acontecer, e em geral são da ordem de magnitude esperada. Porém, são coisas que não fazem sentido algum para alguém que já conviveu com outros seres humanos.

EXEMPLO SEM SPOILER? CLARO, MEU AMIGO!

A vizinha suspeita que os dois não são irmãos de verdade e manda a irmãzinha investigar. Os dois saem num date em um parque de diversões, e a espiã fica tentando vigiar e fotografar enquanto fica literalmente sentada em um carrinho de bate-bate, protestando contra todos que batem no seu carro. Pensa comigo, ela pegou fila para entrar no brinquedo achando que era o lugar mais tranquilo para fazer sua vigilância? Simplesmente não faz sentido.

Morando com o Crush, Giulia Benite, Paris Filmes, Delfos

Sem falar que é difícil engolir que uma cidade tão pequena, com apenas uma escola, tenha um parque de diversões, algo que mal existe em São Paulo. De qualquer forma, tem um monte de cenas assim, que simplesmente não refletem como um ser humano agiria nessas situações. Dá muito a sensação de que a coisa foi escrita baseada em uma receita de bolo de comédia romântica e, na hora de colocar o fator humano, faltava experiência do escritor. Só poderia mesmo deduzir que foi escrito por uma máquina. Mas sinceramente, as criações que vi de IA são sinceramente melhores do que este filme. E ter robôs fazendo trabalhos melhores do que de pessoas é um péssimo sinal para os criativos. Talvez esteja na hora de começar a se esforçar em ser bom?

Este é um caso de filme nacional que não vi problemas com a atuação, direção, produção. Tudo isso faz seu papel corretamente. O que torna Morando com o Crush tão ruim é o texto que carece de humanidade. Como costuma acontecer aqui no DELFOS, eu vi Morando com o Crush para você não precisar vê-lo. Então acredite e faça qualquer coisa mais produtiva com estes 90 minutos, nem que seja ficar deitado babando e mexendo nos pelos da barriga.