Os filmes da Pixar costumam ter minha simpatia assim que ouço falar deles. Eu gosto das temáticas e em geral confio que a empresa vai no mínimo entregar filmes lindos, com personagens charmosos. Porém, começo esta crítica Lightyear com uma confissão: este não gozava da mesma boa vontade.

Para começar, eles fazerem um filme baseado num personagem que inspirou um brinquedo de Toy Story não parecia uma boa ideia. E daí eles trocaram um dublador de verdade (Guilherme Briggs) por uma daquelas celebridades que é famosa por ser famosa (Marcos Mion) e isso foi cementado. Afinal, já é difícil ator brasileiro ser bom. Celebridade/apresentador de TV, então, é receita para fracasso. E, para meu desespero, a sessão de imprensa, cujo convite prometia áudio em inglês, foi dublada. Oh, não.

Para ser justo, Marcos Mion não entrega o desastre que foi seu irmão gêmeo Luciano Huck em Enrolados. Isso é o melhor que posso falar da performance dele. Mas, até aí, o personagem não ajuda muito também. E olha eu queimando a largada e iniciando a crítica antes do intertítulo que diz quando ela vai começar.

CRÍTICA LIGHTYEAR

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“Poxa, o Corrales reclamou da minha escalação”, comentou Marcos Mion ao ler este texto.

A proposta de Lightyear é melhor do que eu pensava. Tinha na cabeça a ideia de que o filme seria baseado no Buzz Lightyear “de verdade”. Ou seja, seria a história de um sujeito que existia no universo de Toy Story. Não é bem assim. Na verdade, como as letrinhas explicam nos primeiros segundos, o brinquedo foi merchan de um filme que o Andy adorava. E este é o filme em questão. A-há!

Após essa intro, o filme não tem mais absolutamente nada a ver com Toy StoryLightyear é uma aventura de ficção científica com muito humor e personagens charmosos. É quase um Ratchet e Clank, e inclusive a qualidade do filme é semelhante à de Heróis da Galáxia.

A SINOPSE LIGHTYEAR

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Isso é o que eu chamo de queixo! Deviam ter chamado o Bruce Campbell para fazer o personagem.

Buzz Lightyear é um astronauta com a missão de transportar uma galera para outro planeta. Após um acidente, a nave quebra e todos os tripulantes ficam presos no planeta errado. Ele se sente culpado, e faz todo o possível para conseguir tirar todos dali. O problema é que cada teste da nave o faz viajar para o futuro. Ou seja, sempre que volta de uma missão, o estado do mundo está diferente, e seus amigos mais velhos.

Essa é a desculpa para a Pixar fazer quase um remake de uma de suas cenas mais famosas. Mas convenhamos que é um ponto de partida bem legal.

BUZZ LIGHTYEAR – HERÓI DA GALÁXIA

“Mas, Corrales”, pergunta o inquisitivo leitor, “você disse que os personagens são charmosos, mas reclamou do Buzz em si. Isso é uma contradição, né não?”. E eu respondo que não, meu curioso amigo. E já explico o porquê, mas permita-me insistir para não interromper mais minha resenha.

Os personagens de Lightyear são todos muito legais. O gatinho Sox, em especial, vai ser o preferido de todo mundo, e vai sem dúvida vender muitos brinquedos. A exceção é o próprio Buzz. Ele é o tipo de protagonista que é comum vermos em videogames. Uma coisa meio Master Chief, sabe? Ou seja, é um cara que quer cumprir a missão e não pensa em nada além disso. Todo o humor e a personalidade do filme vêm dos coadjuvantes. Mas esses literalmente carregam o filme.

CRÍTICA LIGHTYEAR: CADÊ SPIN-OFF DO SOX?

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Obrigatória imagem com a “roupinha clássica”.

O gatinho rouba todas as cenas, mas mesmo o resto da equipe é muito legal. O recruta que é medroso e fascinado pela caneta também é muito divertido. E o mesmo vale a senhora de terceira idade e para a própria Hawthorne, a mais desenvolvida dos coadjuvantes.

Assim como em Heróis da Galáxia, os personagens elevam um filme mediano e bastante clichê para algo divertido e engraçado, especialmente para crianças mais jovens. Lightyear está muito aquém dos melhores da Pixar, ou mesmo dos excelentes lançamentos recentes, como RedDois IrmãosViver é Uma Festa.

Isso acaba revelando uma tendência bem clara. A Pixar é muito boa para criar conceitos e histórias originais (mesmo que nenhum de seus longas seja lá muito original). Mas suas continuações e spin-offs são consideravelmente mais fracos (a exceção é o excelente Toy Story 3). Lightyear é um desses casos. O estranho é que a Disney escolheu lançar Red – que é muito superior – direto no streaming. E Lightyear, um filme perfeito para streaming, saiu nos cinemas. Então nesse caso, melhor esperar para ver no Disney Plus.

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