Wall-e

0
Alfredo, Alfredo de la Mancha, Delfos, Mascote, Alfred%23U00e3o, Delfianos

Só uma coisa passava pela minha mente ao sair da longínqua sala de cinema da Disney: a Pixar está de volta! Sim, delfonauta, regozijemo-nos, pois depois das decepções de Carros e Ratatouille, finalmente a todo-poderosa criadora dos fenomenais Procurando Nemo e Monstros S.A. voltou a fazer o que sabe melhor: comédias fofinhas sem cair no sentimentalismo barato das lições de amizade.

Antes de começarmos a falar do fofo robozinho carente, é de bom tom falarmos do tradicional curta que abre a sessão. E devo dizer que talvez seja o melhor feito pela empresa desde o engraçadão For The Birds. Ele se chama Presto e mostra as dificuldades de um coelhinho faminto às voltas com um mágico que quer apenas fazer um bom show. Mas como fãs do Helloween já sabem, coelhos nem sempre vêm fácil. Apesar da animação linda e moderna, Presto é bem old-school e segue aquela filosofia do Roger Rabbit de “desenhos não se machucam, eles só fingem isso para divertir você”. O resultado é algo bem próximo a um Tom & Jerry, embora bem menos carniceiro e sanguinário (dá para perceber que eu tenho medo do Jerry? Nunca vi um ratinho tão sádico, mano!).

Agora sobre a atração principal. Wall-e é um robozinho solitário que vive em uma Terra devastada e cuja única companheira é uma baratinha (palmas para a Pixar por conseguir deixar fofo um bicho tão asqueroso). Enfim, uma robozinha aparece com uma missão ultra-secreta e nosso carente amiguinho se apaixona por ela, dando início a uma história de amor mecânica. Porém, quando parece que essa seria a tônica do filme, eles vão para o espaço, e tudo muda.

Uma boa forma de definir Wall-e é dizendo que ele está entre 2001 – Uma Odisséia no Espaço e O Guia do Mochileiro das Galáxias. Do primeiro, carrega diversas semelhanças. A primeira metade, por exemplo, se passa numa Terra que retornou a um estado primitivo e é levada apenas por música, com pouquíssimos diálogos. Na segunda parte, entram diálogos e outros personagens (inclusive um computador na melhor tradição HAL 9000), mas a música continua dividindo o posto de protagonista com Wall-e e Eve (a robozinha). Inclusive, a famosa Assim Falou Zaratustra é desnecessariamente tocada para os espectadores mais desligados sacarem as diversas referências (ou seria mais correto dizer reverências?).

Contudo, se você compartilha da minha opinião de que 2001 é um dos filmes mais chatos da história, nada tema, pois aí entram as semelhanças com o Guia. Wall-e nada tem de chato e segue a mesma linha do maravilhoso livro de Douglas Adams no jeitão fofo e bem-humorado de criticar as atitudes da humanidade e reverenciar a natureza de forma bela e romântica.

Wall-e talvez seja o melhor filme da Pixar, mas com toda certeza é o melhor desde Procurando Nemo. No final das contas, se tivesse que resumir Wall-e em uma palavra, essa palavra seria “fofo”. Aliás, talvez seja o filme mais fofo a que já assisti. Se você ainda está no armário e acha que sua masculinidade pode ser duvidada se assumir que gosta de coisas fofas, fuja de Wall-e como o Manowar foge de calças. Todas as outras pessoas, contudo, vão se divertir muitão. E provavelmente vão querer ter um robozinho de estimação. Eu sei que eu sempre quis.

Curiosidade:

– O diretor de Wall-e é Andrew Stanton, que dirigiu outro filme maravilhoso da Pixar: Procurando Nemo. Hum… talvez a qualidade absurda deste aqui não seja mera coincidência…