Pelo que vi de Caminhos da Memória antes da sessão, imaginei que seria uma versão mais romântica de A Origem. Não é o caso. Apesar de brincar com memória e nostalgia, este é muito mais um noir do que um sci fi. Descubra isso e muito mais lendo as próximas linhas, também conhecidas como nossa crítica Caminhos da Memória.

EU SABIA QUE ELA ERA ENCRENCA ASSIM QUE PASSOU PELA PORTA

Você já ouviu a frase acima muitas vezes, certo? Em filmes, jogos… é o setup padrão de qualquer história noir e normalmente é falada em off pelo protagonista, um sujeito de voz rouca.

Caminhos da Memória tem a tradicional narração rouca, e sua história começa quando uma mulher encrenca passa pela porta. Porém, ele se segura e não fala a frase em questão.

Aqui conhecemos Nick Bannister (Hugh Jackman) e, ao contrário do que pode parecer, ele não é um detetive. Hugo Jacomão provê um serviço diferente e altamente específico. Por uma módica quantia, ele coloca o cliente em uma máquina onde este pode reviver memórias de sua escolha.

UTILIDADES E CAMINHOS DA MEMÓRIA

As utilidades práticas disso são muitas. O principal apelo do negócio é lazer: permitir à pessoa curtir de novo momentos felizes de sua vida que não voltam mais. Porém, isso também pode ser e é usado para solucionar crimes ou investigar um apanhado de coisas.

No caso do coleguinha Bannister, ele acaba viciando na própria máquina depois que a “mulher encrenca” Mae (Rebecca Ferguson), com quem ele namorou por alguns meses, simplesmente desaparece. Como um homem de coração partido, ele fica obcecado em reviver o tempo que passou com ela, na esperança de descobrir porque ela foi embora, e onde encontrá-la.

Crítica Caminhos da Memória, Caminhos da Memória, Hugh Jackman
Aproveita esse beijo enquanto pode, meu camaradinha!

Este é o apelo romântico da coisa, mas Caminhos da Memória é, antes de mais nada, um filme noir.

CRÍTICA CAMINHOS DA MEMÓRIA

Caminhos da Memória se passa após uma guerra ter deixado quase todas as terras inundadas (lembra bastante o cenário do jogo The Sinking City). Obviamente, os trilhardários (chamados de “barões”) são donos de todas as terras secas que sobraram, e o resto do povo tem que se virar andando por ruas alagadas, muitas vezes de barco.

E é claro, mas absolutamente claro, que o sumiço da moçoila estará relacionado a toda essa construção de mundo. Mas nada disso importa para o eterno Wolverine. Afinal, ele está com o coração partido. E nada é mais perigoso do que o Wolverine de coração partido.

ROTEIRO E DIREÇÃO

Tanto o roteiro quanto a direção de Caminhos da Memória são assinados pela mesma pessoa, Lisa Joy. E eu senti que ela se dá muito melhor como escritora do que como cineasta.

O roteiro é realmente muito bom, com diálogos que não têm medo de se aprofundar na importância e efeito da nostalgia e das memórias nas nossas vidas.

Crítica Caminhos da Memória, Caminhos da Memória, Hugh Jackman
Eu evito usar essas imagens cheias de texto aqui, mas não podia deixar de publicar o Hugh Jackman fazendo a cara do Detonator!

Porém, a direção é um tanto óbvia, apelando com frequência para cenas que você já viu muitas vezes antes. Por exemplo, tem uma cena em que o Wolvinho está perseguindo com uma arma um caboclo, em uma área bloqueada por panos pendurados. E você, assim como eu, já sabe o que acontece: o vilão vai sair do nada, desarmar Hugão, e daí eles vão sair na porrada. Quantas vezes você já viu isso? Quantas vezes eu já vi isso?

Caminhos da Memória não é um filme de ação. Seu foco é muito mais na investigação e, considerando que ele se dá muito melhor em diálogos do que em porrada, isso é bom. Porém, devo dizer que, embora seja bem escrito, não me empolgou em nenhum momento. É o bom e velho filme nada, que até diverte, mas é pré-destinado a sumir de nossas memórias. Mesmo que você tenha uma máquina para revivê-las.