Filmes policiais, ao menos para mim, costumam ser assistíveis até quando não são bons. Não sei se é porque eu simpatizo com o gênero ou se seus clichês não me incomodam tanto quanto os de outros estilos. Fato é que mesmo quando o filme é ruim, eu ainda consigo assistir numa boa.

Mas isso não se aplica a Boneco de Neve. Esse foi duro de aturar. Sem dúvida um dos filmes policiais mais toscos e capengas dos últimos anos. Nem dá para entender por que tem tanta gente famosa no elenco de algo tão abaixo do padrão.

Enfim, ele é baseado em um livro do autor norueguês Jo Nesbo, que já escreveu toda uma série de romances protagonizada pelo detetive de polícia Harry Hole (mas que nome mais besta, hein?) e que aqui é interpretado pelo Michael Fassbender.

Entre um porre e outro (Harry Buraco gosta dum “mé”) ele pega o caso de uma mulher desaparecida em Oslo. E descobre que pode ser obra de um serial killer que está atacando outras mulheres há anos. Caberá a ele e sua nova parceira (Rebecca Ferguson) solucionar o caso e capturar o malfeitor.

O principal problema desse filme é que ele é chato pra cacete. Sofre de uma completa e total falta de ritmo, o que faz com que a trama, e por consequência, o tempo, se arraste até não poder mais. Para mim, filme bom é aquele que faz você esquecer que o tempo existe. Se um longa te faz olhar no relógio uma vez sequer para saber se falta muito para acabar, é porque ele tem um problema.

Delfos, Boneco de Neve, Cartaz

E obviamente eu consultei meu fiel relógio de pulso durante Boneco de Neve. E tive de me controlar para não ficar olhando toda hora. Ele até poderia ser bom, ainda que sua história não apresente absolutamente nada de novo. Afinal, tem um elenco recheado de rostos conhecidos e uma ambientação bacana na Noruega.

Só que a história é conduzida sem qualquer vontade, não há um pingo de tensão, não há o interesse em saber quem foi, os personagens não têm nenhum carisma, as subtramas são manjadas e ainda mais chatas que a história principal e toda aquela história secundária do prefeito de Oslo (J.K. Simmons), para piorar, ainda é completamente inútil.

O longa ainda nem sequer é bom tecnicamente. A sequência de abertura tem uma montagem tão bisonha que é de se espantar que o filme tenha sido editado pela Thelma Schoonmaker, apenas a editora que monta todos os filmes do Scorsese. Acho que isso prova que até os profissionais mais tremendões têm seus dias ruins.

Enfim, Boneco de Neve foi claramente concebido para ser um daqueles policiais adaptados de best sellers recheado de gente famosa para atrair o grande público e faturar uma boa grana para, quem sabe, possibilitar que a franquia siga em frente. Mas resultou apenas num produto bastante abaixo da média. Se você gosta de um bom policial, ou mesmo um não tão bom, mas ainda assistível, não é aqui que vai encontrar.

REVER GERAL
Nota
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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
boneco-de-neveTítulo original: The Snowman<br> País: Reino Unido/EUA/Suécia<br> Ano: 2017<br> Gênero: Policial<br> Duração: 119 minutos<br> Distribuidora: Universal<br> Direção: Tomas Alfredson<br> Roteiro: Peter Straughan, Hossein Amini e Soren Sveistrup<br> Elenco: Michael Fassbender, Rebecca Ferguson, Charlotte Gainsbourg, J.K. Simmons, Val Kilmer, Toby Jones e Chloë Sevigny.