Contra o Tempo

0

Tudo indicava que este Contra o Tempo seria uma versão mais pop e menos pedante do alemão Corra, Lola, Corra. Ou seja, veríamos nosso amigo Jake Sobrenome Difícil revivendo as mesmas situações várias vezes, de formas diferentes. Bom, é exatamente isso que ele é.

Existe uma máquina chamada Source Code (o título original) que permite “reviver” os últimos oito minutos da vida de alguém. Após um ataque terrorista a um trem, Jake é incumbido da missão de “ressuscitar” em um dos presuntos para encontrar a bomba e o bandidão, impedindo assim um novo ataque.

A ideia é legal, mas o início não é muito animador. O protagonista não sabe da sua missão nem como foi parar lá, o que me pareceu um advento forçado para explicar para nós, espectadores, como a máquina funciona. Além disso, a relutância dos oficiais com quem ele conversa em explicar tudo é contraproducente e não faz muito sentido (repare que ele só começa a colaborar de verdade após a turminha abrir o jogo).

Mas tirando esse início com o freio de mão puxado, o filme só melhora e é bem legal. É bem divertido acompanhar o cara em cada uma das sessões e reparar nas diferenças, às vezes sutis, outras não, entre uma sessão e outra.

Ok, a identidade do terrorista é pra lá de óbvia, e provavelmente você também vai sacar quem é logo nos primeiros minutos, e não vai entender porque o herói demora tanto tempo para seguir aquela pista. Mas isso acaba se tornando irrelevante conforme o final se aproxima.

Aí, meu amigo, é que Contra o Tempo brilha. Seus últimos minutos são tremendões, e acabam alavancando a qualidade da obra como um todo. Tem uma cena em que o “tempo” é congelado. Essa cena tem uma mensagem tão bonita que, admito, me tirou lágrimas. A música e toda a montagem parecem perfeitos para que os créditos subam ali mesmo, o que nos daria um dos melhores e mais belos finais abertos da história.

Infelizmente, o filme continua mais um pouco, para deixar todas as pontas amarradinhas. O final que está lá não é ruim, pelo contrário. É até muito legal. Mas é triste pensarmos que conseguiram alcançar um momento tão perfeito, que tornaria a obra inesquecível, mas julgaram insuficiente se parassem por ali.

Criar é difícil e, mais difícil ainda, é saber quando é um bom momento para parar. Contra o Tempo cruza um pouco essa linha, e termina bem. Mas se tivesse alguns minutos a menos, teria ganhado o Selo Delfiano Supremo. Ainda assim, é uma boa diversão e o final provavelmente também vai emocionar você.

ATUALIZADA – 15:02: Acaba de chegar um release dizendo que a estreia foi adiada para 30 de setembro. Bom, a resenha já foi publicada, então aproveite a crítica adiantada. =D

ATUALIZADA 2: Aproveitando a estreia marcada para essa semana, a resenha está sendo republicada. Esperamos que você tenha curtido a releitura! =D

REVER GERAL
Nota
Artigo anteriorDead Island vai virar filme
Próximo artigoXbox 360 nacional sai em 5 de outubro
Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
contra-o-tempoPaís: EUA<br> Ano: 2011<br> Roteiro: Ben Ripley<br> Elenco: Jake Gyllenhaal, Michelle Monaghan e Vera Farmiga.<br> Diretor: Duncan Jones<br> Distribuidor: Imagem<br>