Cinco artistas inesperadamente Rock n’ Roll

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A combinação de elementos que cria a essência do DELFOS é muito curiosa. Temos pessoas de todas as tribos imagináveis em um site cujo mote é ser o mais parcial possível. Isso, se por um lado poderia gerar uma eterna guerra de todos contra todos, na verdade acaba fazendo o contrário: a diferença natural de opiniões junta mais a todos do que separa. E em um universo de tanta pluralidade, todo o tipo de ideia louca pode surgir.

Por isso eu acho que não poderia escrever um texto como este em qualquer outro lugar que não fosse o DELFOS. Se eu escrevesse este texto e postasse no Whiplash!, seria bem possível que eu fosse crucificado – e se você está lendo este texto no Whiplash!, sugiro que você clique no link acima e vá para o DELFOS, porque lá o clima não é tão, digamos, “headbanger”.

O fato é que o que está escrito nessas linhas já faz parte dos meus pensamentos há muito tempo, e finalmente pude trazer isso em forma de texto. Conto com sua mente aberta para perceber que a insanidade que está aqui não é, na verdade, tão insana assim. Se prepare, delfonauta, pois esta é uma das matérias delfianas mais delfianas que eu já escrevi.

ABSTRAINDO O ROCK AO NÍVEL MÁXIMO

Como você definiria o Rock? Para muitas pessoas é agitação é guitarra, para outras é psicodelia. Para outras é barulho e maconha, e para outras ainda é adoração a Satã. E todas essas pessoas estão certas, em certo ponto, afinal, o Rock engloba isso tudo – mas isso você já sabia, e eu só falei porque precisava de um parágrafo de introdução de tópico.

Vou te pedir para abstrair ao máximo a sua definição do Rock, e simplesmente esquecê-la por uns minutos. Assim, imagino que será mais fácil entender os pontos de vista que eu defenderei aqui. Sabe aquela história de “libertar sua mente das amarras”, etc.? Então, é por aí. Vamos começar?

5 – ZÉ RAMALHO

Ok, este não é tão inesperado. O Zé Ramalho é um artista e tanto, e a maioria do pessoal do Heavy Metal reconhece isso. Ainda assim, é curioso reparar como o Zé Ramalho utiliza a cultura nordestina – que muitos boçais reduzem a forró e seca – de uma forma tão intensa e fora do comum.

Zé Ramalho imprime uma atmosfera mística muito peculiar, quase transcendental. Tão mística, inclusive, que eu não me espantaria se o Andre Matos revelasse que o Shaman se inspirou muito no Bob Dylan brasileiro.

De fato, está para nascer alguém tão badass quanto ele – e o único dessa lista que chega perto é mesmo o…

4 – SIDNEY MAGAL

O Sidney Magal é a versão brasileira do Hard Rock Farofa. Roupas espalhafatosas? Check. Refrão grudento? Check. Sucesso com a mulherada? Triple check. E, como se não bastasse, ele ainda é a cara do Paul Stanley, do Kiss. Precisa de mais alguma coisa?

Você pode até dizer que ele é muito mais próximo do Pop do que do Rock em si, mas a questão é que o Pop e o Rock não são tão distantes quanto parece. Um bom exemplo são as performances de Michael Jackson com Slash, Paul McCartney e Eddie Van Halen, e outro bom exemplo está guardado para o final desta lista.

3 – TIM MINCHIN

Este não é tão conhecido aqui no país do arroz com feijão, mas merece destaque. Tim Minchin é um comediante, músico e ator australiano famoso na Inglaterra por músicas de cunho político e religioso. Suas músicas têm uma forte pegada jazz, o que deixa tudo ainda mais agradável. E, como todo bom comediante músico, suas músicas são recheadas de piadas e deixam as críticas muito mais leves – ainda que elas sejam bem incisivas.

Tá, Luiz, mas por que ele é “inesperadamente Rock N’ Roll”? Ué, delfonauta, eu que pergunto: quer algo mais Rock N’ Roll do que crítica política e religiosa? E como se não fosse o bastante, ele é mesmo um fã do estilo, ainda que não nos moldes normais. E se quiser entender o que eu estou falando, veja um de seus maiores sucessos, Rock N’ Roll Nerd – e nesse vídeo dá para ativar legendas em português, para você não perder nenhuma das piadas.

2 – PATO FU

O Pato Fu sempre foi uma banda fofinha, engraçadinha, bonitinha, inha, inha, inha… Só que um trabalho bem recente, o Música de Brinquedo, trouxe uma ideia curiosa: músicas executadas com instrumentos infantis e brinquedos. Isso mesmo, delfonauta, brinquedos.

Essa ideia tinha tudo para dar certo, como de fato deu. Mas o mais curioso é que as músicas não ficaram simplesmente fofinhas, mas ainda mantinham uma grande energia. Foi inclusive curioso como os brinquedos, ainda que fossem brinquedos, tinham toda aquela potência. E, cá pra nós, vai me dizer que essa música aqui em baixo não é rock puro?

1 – BEYONCÉ

Faz tempo que eu não vejo alguém tão Rock N’ Roll quanto essa moça. Ela canta tão bem quanto qualquer Bruce Dickinson da vida, tem mais presença de palco e consegue agitar dezenas de milhares de pessoas melhor do que muito rockstar – Rob Halford, é com você mesmo – e atualmente tem a grandiosidade que muito tempo atrás era das bandas de Rock. Então, por que ignorá-la?

Quer mais um exemplo? Olhe essa música, e depois veja o solo, que está por volta de 1 minuto e 15 segundos. Fale a verdade, se esse solo estivesse em um CD do Slayer, você se surpreenderia?

E assim acaba a lista. No fim das contas, eu entenderia perfeitamente se você dissesse que eu fiz um exercício de abstração tão grande que, seguindo o meu raciocínio, qualquer coisa pode ser encaixada em praticamente qualquer gênero musical. Sim, amigo, você está certo. Mas será que não é exatamente assim, no fim das contas, e que ficar se dividindo entre gêneros é pura bobagem?