Desde que o homem se entende por gente, uma de suas maiores fantasias sempre foi voar tal qual os pássaros. Tanto que esse tema já foi explorado em incontáveis obras de ficção. É só lembrar da tagline do primeiro filme do Superman: “você vai acreditar que um homem pode voar”.
Bruxarias é uma animação espanhola que parte desse antigo desejo humano. Malva é a menina que vive com a avó, uma curandeira que cria poções para ajudar a combater os mais variados males. Só que Malva quer muito voar. Não à toa, seu melhor amigo é um paraquedista.
Eis que ela descobre que sua avó possui algumas fórmulas mais fora do comum, incluindo uma que, quando borrifada em coisas ou pessoas, faz justamente com que elas voem. Isso atrai a cobiça da dona de uma indústria de cosméticos, que sequestra a vó da menina, fazendo com que ela tenha de partir numa missão de resgate.
Fazia tempo que eu não via uma animação tão ruim. É surpreendente que tenham investido num produto tão fraco para chegar aos nossos cinemas, principalmente com as férias de julho chegando e a promessa de muitas animações bem melhores estreando em nossas telas nas próximas semanas.
Tecnicamente ele é muito tosco, lembrando os primeiros dias das animações em CGI. O design dos personagens é muito simplório e pouco imaginativo, falta textura, a animação é durona e muitas vezes mal-feita mesmo, cometendo erros de movimentação e de não integração entre personagens e cenários que hoje em dia são simplesmente imperdoáveis.
Mesmo com uma técnica abaixo da média de qualquer animação de médio porte atual, ainda poderia se salvar se ao menos contasse uma boa história. Não é o caso. Ele é focado unicamente no público infantil mais novinho, não tendo nada de atraente para a criançada um pouquinho mais velha. E para os adultos, não há nada além de suplício. Ele não tem sequer uma hora e vinte de duração, mas a sensação é de que possui umas quatro horas, de tão modorrento que é.
O roteiro é fraco, as situações são bobas e nada novas, sem qualquer desenvolvimento ou o mínimo de capricho, e ainda bate cabeça tentando passar uma mensagem ecológica sem nunca entrar mais a fundo nela. Tem até lição de moral no final. Só faltou acabar com todos os personagens rindo super felizes numa tela congelada.
Já disse antes e repito: fazia tempo que eu não via uma animação tão ruim. Bruxarias beira o amadorístico em sua técnica e o desdém com seu roteiro. Não é atraente nem para o público a que se destina, pois sem dúvida há opções bem melhores para a molecadinha em cartaz ou chegando em breve. E certamente elas não farão os adultos acompanhantes se arrependerem de seus pecados no escuro do cinema.
