Uma das coisas mais legais de escrever críticas de cinema é quando um filme ao qual você normalmente não assistiria te surpreende positivamente. Hoje é um desses dias. Porém, antes de entrar na nossa crítica Raya e o Último Dragão, vamos falar do curta que inicia a sessão.

Crítica Raya e o Último Dragão, Raya e o Último Dragão, Disney, DelfosO CURTA QUE INICIA A SESSÃO

Pois é, eu não peguei o título dele. Porém, aquele que doravante será conhecido como “O Curta que Inicia a Sessão“, é bacana. Ele conta a história de um casal de velhinhos que vive em uma sociedade que manifesta a felicidade através da dança. O carinha perdeu o famoso tesão pela vida, e a moçoila tenta restaurar isso nele.

Pela sinopse, parece mais profundo do que realmente é. É um curta, afinal de contas. Basicamente, é um curta que mostra pessoas dançando. Acaba sendo legal especialmente porque o trabalho de animação e música é fantástico. Mas ele é bonito e tocante, especialmente se você levar em conta que deve durar só uns cinco minutos.

CRÍTICA RAYA E O ÚLTIMO DRAGÃO

A história de Raya e o Último Dragão não é nada de mais. Na real, é o tipo de história que você já viu dezenas, quiçá centenas, de vezes. E, mesmo assim, o filme é muito bom, dando credibilidade àquela frase famosa de que a jornada é mais importante do que o destino.

Raya é uma jovem que vive em um mundo pós-apocalíptico, em que boa parte das pessoas, e todos os dragões, viraram pedra. A magia dos dragões vive em uma joia que, anos antes, foi dividida, e hoje está nas mãos de cinco povos diferentes. Com a ajuda de Sisu, a última dragão (dragoa? Dragonesa?) do título, ela vai tentar juntar os pedaços, vivendo uma aventura, fazendo novos amigos e, se pá, salvando o mundo.

Crítica Raya e o Último Dragão, Raya e o Último Dragão, Disney, Delfos
Sisu e, de costas, Raya.

Você já viu essa história antes, certo? Com certeza já. Raya e o Último Dragão é, portanto, um filme carregado no carisma de seus personagens e no espetáculo audiovisual. Felizmente, ele manda muito bem nesses aspectos.

Ao longo da aventura, Raya vai fazendo novos amigos, e seu grupinho vai crescendo. Logo de cara, eu já gostei muito da Sisu e do tatuzão-bolinha que ela usa como cavalo. Mas o grupo cresce com vários outros personagens simpáticos. Do grandão “sanguinário” ao menino cozinheiro, este é um grupo deveras charmoso. E isso porque eu nem falei da nenezinha, uma personagem absurdamente fofinha que acabou ganhando ainda mais espaço no meu coração por ser fisicamente muito parecida com minha filhinha.

Crítica Raya e o Último Dragão, Raya e o Último Dragão, Disney, Delfos
Raya e o simpático tatuzão, em uma arte conceitual do filme.

Além do carisma de seus personagens e do seu humor, o filme ainda ganha muitos pontos por ser visualmente um espetáculo.

CABELOS, CARA!

Se eu te falar que Raya e o Último Dragão tem os cabelos mais realistas que eu já vi em computação gráfica, das duas uma. Ou você vai pensar “e daí? Que coisa banal”. Ou você sabe um pouquinho de CGI e tem noção que isso é um dos principais pesadelos de quem trabalha com isso. Veja, por exemplo, os videogames. O visual de jogos de alto orçamento hoje é incrivelmente realista, mas mesmo assim os cabelos continuam estranhos. Não à toa, tantos dos protagonistas eram carecas, especialmente na era do PS3/Xbox 360, quando os jogos começaram a apostar mais em visuais realistas e abandonar o cartunesco.

Aqui os cabelos são realmente impressionantes. Eles têm peso, cara. E não tem clipping algum. E sim, estou ciente que isso acaba tendo mais um valor geek, assim como os solos do Malmsteen são mais admirados por quem toca guitarra do que pelo ouvinte casual. Mas, caraca, o nível que os artistas da Disney chegaram é impressionante, especialmente na própria Raya.

Crítica Raya e o Último Dragão, Raya e o Último Dragão, Disney, Delfos
Raya de frente, para você admirar os cabelos dela.

E claro, o filme tem um monte de cenas mais voltadas ao espetáculo e beleza tradicional em si, como quando Sisu faz chover e vai pulando em plataformas coloridas. É o tipo de coisa de encher os olhos de crianças e adultos. Ajuda bastante também a estética chinesa das roupas e criaturas, o que muito me agrada.

E o filme até consegue um espaço para brincar com dois outros estilos artísticos. São dois momentos pontuais da história, mas ambos são muito bonitos. Raya e o Último Dragão é, sem dúvida alguma, um longa de estética assaz apurada.

CRÍTICA RAYA E O ÚLTIMO DRAGÃO: ONDE ASSISTIR?

Raya e o Último Dragão vai passar nos cinemas que, obviamente, é a melhor forma de vê-lo. Porém, estamos num momento crítico da pandemia, e sair para ver um filme definitivamente não é recomendado. Ele também será vendido em plataformas de streaming. E isso é algo que eu já não acho legal, vender um filme à parte em uma plataforma para a qual você já paga mensalidade.

Então, se você não quer sair de casa para ir ao cinema nesse momento – o que é não apenas compreensível, mas recomendado – sugiro esperar Raya e o Último Dragão sair desse momento premium e estrear de forma livre no Disney +. Mas não deixe de vê-lo, pois é um filme surpreendentemente legal.