Estamos de volta com nossa detalhada resenha de Battlestar Galactica, uma de minhas séries favoritas e cultuada por milhões de nerds mundo afora. Começarei esta segunda parte apresentando um elemento importante para a trama, ainda que esteja longe de ser algo que eu aprecie. Me refiro aos final five, os últimos cinco modelos de cylons humanos que se tornam essenciais para o desfecho da história.

Vale reiterar o aviso dado na primeira parte, tanto o tópico sobre eles quanto tudo que vem depois contém grandes SPOILERS. Portanto, se você ainda não assistiu à série e deseja vê-la sem tomar estragões, vai lá conferir e volte aqui para ler depois. A quem desejar continuar, sigamos em frente.

TUDO ISSO JÁ ACONTECEU ANTES – OS ÚLTIMOS CINCO

Os últimos cinco cylons (ou final five) são muito importantes para explicar a evolução dos cylons e como eles conseguiram mimetizar a forma humana. Também são vistos pelos próprios cylons como criaturas quase divinas e a revelação de quem eles são ocupa (infelizmente, algo que desenvolverei mais à frente) uma parte considerável da série. Obviamente, a revelação de quem eles são é uma grande surpresa, mas eu já te avisei dos spoilers, então nada de reclamar.

– Coronel Saul Tigh (Michael Hogan): O XO (Oficial Executivo) da Galactica e segundo em comando, abaixo apenas de William Adama. É um alcoólatra que não suporta Starbuck por conta de sua marra (ela, por sua vez, não o suporta por considerar suas bebedeiras um risco à Galactica). É o melhor amigo de Adama há décadas e, para ser franco, só subiu tanto na hierarquia por conta disso, visto que ele próprio admite ser incapaz de comandar a força militar (algo que um dos arcos da série deixa bem claro). Odeia os cylons com todas as forças, o que só o deixa mais revoltado quando descobre ser ele próprio um dos final five numa das piores decisões tomadas pelos roteiristas.

Battlestar Galactica, Delfos
Os famigerados final five.

– Chefe Galen Tyrol (Aaron Douglas): o chefe dos mecânicos da Galactica, responsável pela manutenção e funcionamento de tudo que diz respeito à nave. No começo da série, está namorando Boomer sem saber que ela é uma cylon. Depois, envolve-se com sua subalterna Callie. É o cara do povo, querido por todos e essencial para o funcionamento da Galactica. Também se descobre um dos final five, jogando no lixo um monte de tramas a respeito de seu relacionamento prévio com Boomer. Mesmo com essa grande cagada, permanece como um dos melhores personagens da série.

– Samuel Anders (Michael Trucco): famoso jogador de pirâmide (um cruzamento de handebol com rúgbi). Após os ataques cylon, vira o líder da resistência dos sobreviventes humanos em Caprica, adotando táticas de guerrilha que viu nos filmes. Após ser resgatado por Starbuck, engata um relacionamento com ela. Revelado como um dos final five, é quem tem o pior destino, assumindo um papel semelhante ao dos híbridos das naves-base cylon.

– Tory Foster (Rekha Sharma): ela substitui Billy como a assistente da Presidente Roslin e não tem qualquer importância até que se descobre como uma das final five. Daí, ela abraça de vez seu lado cylon, inclusive tomando uma decisão que irá colocá-la em rota de colisão com o Chefe Tyrol.

– Ellen Tigh (Kate Vernon): a esposa de Saul Tigh é uma civil beberrona e galinha que, dizem as más línguas, conhece biblicamente mais da metade da frota. É assassinada pelo próprio marido após colaborar com os cylons em Nova Caprica. Ao ressuscitar numa nave-base cylon, se dá conta de que é uma dos final five e recupera todas as suas memórias. Junto com Anders, é a única que sabe de toda a história dos últimos cinco e porque eles estavam vivendo entre os humanos.

E VAI ACONTECER NOVAMENTE – O QUE TEM DE BOM

A série já foi definida como uma ficção científica militarista. E embora a maioria dos personagens principais seja mesmo formada pelos militares que compõem a tripulação da Galactica e ela seja essencialmente uma história de guerra, é também muito mais que isso.

Pelo momento em que foi produzida, pouco tempo após o 11 de setembro, ela acaba entrando em muitos temas caros a este momento histórico. Como terrorismo, medo, paranoia, xenofobia, a perda de liberdades justificada pela segurança e quais métodos de combate são moralmente válidos quando se enfrenta um inimigo que não respeita os mesmos.

Delfos, Battlestar Galactica

Para quem não curte essa pegada de guerra e terrorismo, a série apresenta outros elementos capazes de fisgar o espectador. Com a humanidade reduzida a poucas dezenas de milhares de sobreviventes, a frota em torno da Galactica acaba virando um microcosmo para um estudo sociológico.

Política, o governo civil versus o militar, luta de classes, sistema capitalista, religião, tudo é tratado com roteiros muito bem escritos que são quase uma aula de como explicar cada um desses elementos sem maniqueísmo. Geralmente não há certo ou errado, é apenas como as coisas são e as pessoas tentando fazer o melhor (ou não) com eles.

Para se ter uma ideia, lembro exatamente em qual momento a série me fisgou. Foi no segundo episódio da primeira temporada, num diálogo de uns quinze segundos onde o Comandante Adama explica para a Presidente Roslin porque uma polícia militar para cuidar dos cidadãos é uma má ideia. É algo que um roteirista de uma série estadunidense de ficção científica é capaz de entender perfeitamente, mas nós brasileiros (e sobretudo nosso governo) parece incapaz, ou simplesmente não quer compreender.

Em outro episódio, o Coronel Tigh, temporariamente no comando, envia um destacamento militar para conter uma revolta numa nave civil. Como nós, que sabemos bem como qualquer protesto de rua tende a acabar em nosso país, podemos imaginar, dá merda.

Delfos, Battlestar Galactica

Outro episódio é focado em porque os sindicatos são necessários. Enfim, ela apresenta muita coisa bastante relacionável para quem não quer só tiro, porrada e bomba.

As relações humanas são muito bem desenvolvidas, e muitas vezes não seguem os caminhos óbvios, as atuações são excelentes e as histórias geralmente giram em arcos pequenos, que se resolvem em dois ou três episódios.

Outro elemento importante para a série é a religião, a qual justifica muita coisa e muitas atitudes dos personagens. O interessante é que os humanos são politeístas, acreditando nos antigos deuses gregos (isso faz sentido para a história) enquanto os cylons desenvolveram sua própria religião, acreditando em um único e verdadeiro deus (que seria equivalente ao nosso Deus do cristianismo). A religião e a espiritualidade é muito importante para a trama e um elemento intrínseco a ela.

Outra coisa legal é que a sociedade das doze colônias não faz distinção de gêneros. Homens e mulheres são considerados iguais, com mulheres em posições de poder superior aos homens (incluindo a Presidente), a tripulação da Galactica usa banheiros e alojamentos mistos e é comum na série homens e mulheres saírem na porrada uns com os outros como se fosse a coisa mais normal do mundo

FRAK! – O QUE TEM DE RUIM

Infelizmente, Battlestar Galactica possui alguns defeitos bem sérios, que tiram muito de seu brilho, sobretudo na última temporada. Acontece que, diferente da maioria dos seriados, cujas temporadas são planejadas com antecedência, os roteiristas aqui meio que “tocavam de ouvido”.

Havia um esqueleto básico de para onde levar a trama geral, mas muitos assuntos e narrativas eram abordados de improviso. Uma coisa puxava a outra e as coisas iam tomando caminhos inesperados. Esse método incomum funcionou maravilhosamente bem nas três primeiras temporadas, mas o angu desandou na última, quando a coisa se foca na revelação dos chamados final five (os cinco últimos modelos de cylons humanos).

Um viper em ação.

Acontece que as cópias humanas foram sendo reveladas aos poucos. Mas quando a série estava se encaminhando para seu final, ainda faltavam cinco modelos a serem revelados.

Os roteiristas decidiram então dar uma importância descomunal a eles, fazendo um samba do cylon doido que não faz o menor sentido. E o pior, a revelação de quem são os últimos cinco contradiz anos de história, do pior tipo “tudo que você acreditava era mentira”. Isso não só afetou os espectadores (eu sei que eu odeio esse artifício), como os próprios personagens envolvidos.

Para piorar, há ainda a questão da inexplicável ressurreição de Starbuck, ligada à temática religiosa da série, sem a menor vergonha de se assumir como um deus ex machina pra lá de proposital, mas ruim do mesmo jeito.

Essa opção por se focar na desnecessária revelação dos final five e em sua importância (eu poderia passar muito bem sem isso) ao invés do foco na busca pela Terra e no avanço das relações entre os cylons e os humanos, que deveria ser o principal, tiram muito do brilho do programa justamente em sua reta final.

Delfos, Battlestar Galactica
O modelo mecânico de cylon: a coisa mais malfeita da série.

Desta forma, o final de Battlestar Galactica resulta fraco, forçado e cheio de buracos. Uma pena, visto que a jornada até aquele momento rendia uma das melhores séries de todas até este fatídico desvio de caminho.

Também há alguns probleminhas menores. Embora os efeitos especiais no geral sejam muito bons, sustentando-se bem ainda hoje, é visível que a série tinha um orçamento modesto para efeitos em CGI, o que resulta em algumas cenas bem toscas envolvendo os centuriões (estes sim, em alguns momentos bastante mal feitos) e na repetição constante daquela cena dos vipers entrando apressados dentro da Galactica, com um deles quicando na pista. Pode reparar, é sempre a mesma tomada reutilizada à exaustão.

Para terminar minha lista de reclamações, também não curti o caminho dado a Gaius Baltar na quarta temporada como um líder de culto. Não faz muito sentido um homem da ciência terminar dessa forma, ainda que ele abraçar a religião cylon, como feito ao longo da série, tenha sido um desenvolvimento muito bem elaborado e totalmente condizente com as características do personagem. Já ele acabar como uma figura patética cercado por umas doidas não é muito digno de um dos personagens mais complexos da série…

Mas enfim, já que entrei nessas minúcias, creio que agora é um bom momento para falar de cada uma das temporadas do seriado individualmente.

A MINISSÉRIE

O piloto da série foi exibido em 2003 como uma minissérie de três horas dividida em dois episódios de 90 minutos (e ela não entra na contagem de episódios, não se trata do primeiro episódio da primeira temporada, sendo considerada uma obra à parte). É obrigatória, visto que é o começo da história, com a apresentação dos personagens e ambientação.

É aqui que os cylons rompem o armistício e provocam o genocídio da raça humana. E os poucos sobreviventes se reúnem às pressas como uma frota de naves liderada pela Galactica. Das primeiras vezes que assisti à minissérie, a achei um pouco lenta, por conta da necessidade de apresentar o básico, mas da última vez que vi já não tive essa sensação.

Nota: 4,5

Delfos, Battlestar Galactica

1a TEMPORADA

Enxuta, apenas 13 episódios. A frota foge dos cylons, que os caçam pelo espaço impiedosamente. Enquanto tentam encontrar pistas da localização da Terra, têm de lidar com os modelos humanos infiltrados entre eles. Enquanto isso, Bill Adama e Laura Roslin entram em atrito sobre qual o melhor curso de ação, colocando o governo civil em rota de colisão com a força militar, sua principal protetora. Ao final da temporada, um baita cliffhanger, com Boomer não resistindo à sua programação e metendo duas balas no peito de Adama.

Nota: 5

2a TEMPORADA

A partir dessa, até a quarta, são vinte episódios cada. Essa temporada possui aquele que considero o melhor arco de toda a série, o da Pegasus, uma Battlestar mais parruda e moderna que também sobreviveu ao ataque às Colônias e estava enfrentando os cylons sozinha até encontrar a frota. Comandada pela Almirante Cain, superiora à Adama, é tenso ver Bill não ser mais o mandachuva militar, e mais tenso ainda porque Helena Cain e sua tripulação tomam algumas decisões bem questionáveis em tempos de guerra.

Esse é um daqueles arcos em que a cada momento você pensa “isso vai dar merda”, e os cylons não têm nada a ver com isso. Depois, há ainda as eleições presidenciais, com Laura Roslin perdendo para Gaius Baltar, que toma a decisão de assentar os sobreviventes num planeta habitável. Aí a história pula um ano (algo que eu geralmente não gosto, mas aqui funciona bem) para mostrar a péssima decisão que isso foi quando os cylons invadem o tal planeta.

Nota: 5

3a TEMPORADA

Começa fortíssima, com os cylons ocupando o planeta e forçando a convivência com os humanos, praticamente transformando Nova Caprica, o assentamento, num campo de concentração. Isso gera discussões muito fortes, em episódios que tratam de colaboracionismo, o uso de táticas terroristas e suas justificativas, vingança contra os tais colaboradores, a necessidade de se perdoar atos extremos tomados numa situação inimaginável e por aí vai.

Contudo, já no final desta temporada começa a revelação dos final five e aí tudo vai por água abaixo. Mas ainda assim, é uma senhora temporada.

Nota: 5

4a TEMPORADA

Com os cylons divididos por uma guerra civil, há a facção que decide pela paz e pela coexistência com os humanos, numa parceria para encontrarem a Terra juntos e há a facção liderada pelo Irmão Cavil, o modelo número 1, que quer exterminar a raça humana, os final five (que criaram os modelos humanoides tão falhos quanto os humanos) e os modelos que se aliaram à frota.

Esta encontra a Terra no meio da temporada, mas não era exatamente o que eles esperavam. Ao final, os humanos e os cylons rebeldes desferem um último ataque fatal à colônia cylon, na última missão da Galactica, estruturalmente avariada após anos de batalhas, e eles finalmente encontram um planeta para habitar e poder chamar de Terra.

O final da série e a lenga-lenga em torno dos final five são fracos, mas esta temporada ainda possui um último grande arco, o do motim liderado pelo Sr. Gaeta e Tom Zarek, que é algo que remonta aos momentos de ouro do programa.

Nota: 3

OS TELEFILMES

Battlestar Galactica contou ainda com dois telefilmes. Um produzido em 2007 e que servia de ponte entre a terceira e a quarta temporadas e um lançado em 2009, já ao final da série. E nenhum deles acrescenta nada à saga, sendo totalmente dispensáveis. Claro, fã que é fã vai assisti-los do mesmo jeito, mas já fique avisado que você pode ignorá-los numa boa que não perderá nada.

Battlestar Galactica: Razor, oficialmente, é considerado como uma ligação entre a terceira e quarta temporadas, embora na realidade ele se encaixe na metade da segunda temporada. Ele revisita o melhor arco da série, o da Pegasus, mostrando o que ela passou após o ataque cylon às colônias até encontrar a frota e a Galactica, coisas que na série foram apenas mencionadas.

Também mostra uma missão da Pegasus, já sob o comando de Lee Adama, que possui ligação com a primeira guerra contra os cylons. E onde podemos ver, em flashback, Bill Adama em ação nos tempos em que era um jovem piloto de viper.

Delfos, Battlestar GalacticaNota: 3,5

Battlestar Galactica: The Plan reconta os ataques às 12 Colônias, sob a ótica do grande vilão da série, Cavil, e também dos outros cylons humanoides infiltrados nos planetas. Ele dá um monte de flashbacks dos personagens principais em suas vidas pré-genocídio. E tenta amarrar melhor o chamado plano cylon, que, como demonstrou a série em seu final, não foi nem um pouco bem planejado.

Razor ainda tem lá sua graça em voltar a abordar um dos melhores momentos da série, já The Plan é bem chatinho e não ajuda em nada a ser uma conclusão melhor do que o próprio final da quarta temporada.

Nota: 1

OS DERIVADOS

O sucesso da série gerou dois spin-offs, mas infelizmente nenhum deles deu muito certo. No entanto, como estão intrinsecamente ligados a Battlestar Galactica, convém falar também um pouco sobre eles.

O primeiro deles foi a série Caprica, que foi ao ar em 2010 e se passava cerca de 50 anos antes dos eventos de BG. Criada por Ronald D. Moore e Remi Aubuchon, ela contava a história de duas famílias de Caprica, a mais desenvolvida das 12 Colônias, os Graystones e os Adamas.

Delfos, Caprica
O elenco de Caprica.

Daniel Graystone (Eric Stoltz) é um industrialista responsável pela criação do primeiro cylon. Já Joseph Adama (Esai Morales) é o pai de Bill Adama, um advogado (conforme mencionado várias vezes em BG) com laços com a máfia.

Assisti à série logo depois que vi Battlestar Galactica pela primeira vez e ela não me agradou. Seu ritmo é totalmente diferente de sua antecessora, muito mais lenta, sem ação, priorizando o drama. Mesmo a perspectiva de testemunhar o nascimento dos cylons resultou chata pra caramba, com uns conceitos de transferência de consciência e realidade virtual que se arrastavam até não poder mais.

Pelo visto não fui só eu que não gostei, pois ela foi cancelada após apenas uma temporada de 18 episódios.

Delfos, Battlestar Galactica, Blood & Chrome
O jovem Bill Adama em Blood & Chrome.

Uma nova tentativa de reviver a franquia foi feita com Battlestar Galactica: Blood & Chrome em 2012. A ideia era produzir um piloto que viraria uma série prequel a BG, aproveitando uma ideia utilizada no filme Razor: mostrar as aventuras do jovem William “Husker” Adama, quando era um piloto de viper na primeira guerra contra os cylons.

Pois bem, o piloto foi filmado e exibido na internet dividido como uma minissérie em 10 episódios. Posteriormente o canal SyFy o exibiu como um filme de 91 minutos de duração. A emissora acabou não dando sinal verde para a produção da série (e eu nunca encontrei uma explicação do porquê), e Blood & Chrome ficou mesmo só nesse piloto. É uma pena, tinha potencial, sua pegada era muito mais próxima de BG do que de Caprica, por exemplo.

VOCÊ ESTÁ VIVO?

Bem, agora você sabe tudo que há para saber a respeito de Battlestar Galactica. Ainda que seu final seja deveras decepcionante, a jornada até lá é bem tremendona e mais do que compensa a má conclusão da saga. Pois até chegar a este ponto, a série nos entregou ótimas histórias de cunho humano com discussões que ainda repercutem em nosso mundo. Papel que as melhores ficções científicas costumam fazer com louvor.

Sendo assim, se você ainda não assistiu, vale a pena conhecer Battlestar Galactica. E para quem já viu, revisitá-la ainda é uma experiência para lá de prazerosa.

Delfos, Battlestar GalacticaCURIOSIDADES:

Edward James Olmos tinha uma cláusula em seu contrato especificando que nenhum alienígena ou monstro apareceria na série. Ele queria assegurar que a história se mantivesse focada nos dramas humanos.

– A aclamação crítica da série era tão alta que as Nações Unidas fizeram um simpósio especial (algo sem precedentes para uma série de TV) para discutir os temas de raça, gênero, sexualidade, religião e terrorismo do programa e como eles se relacionavam com a era moderna. Ronald D. Moore, David Eick (um dos produtores-executivos), Mary McDonnell e Edward James Olmos participaram do painel, apresentado por Whoopi Goldberg, fã da série.

– No início, a emissora ficou apreensiva com a escalação de Tricia Helfer como a Número Seis, um dos papéis mais importantes para a história. À época, Helfer era modelo e não tinha praticamente nenhuma experiência como atriz. Posteriormente, os executivos ficaram tão impressionados com sua performance, que basearam toda a campanha de divulgação da série em sua personagem.

– Todos os papéis mostrados na série (fotos, documentos e por aí vai) têm seus cantos cortados. Isso é uma piada interna em referência ao termo em inglês “cut corners” (traduzindo literalmente, “cortar cantos”, mas que na realidade significa contenção de custos), visto que a minissérie piloto teve de se virar com um orçamento limitado. Essa prática de mostrar papéis sem bordas seguiu por toda a série, mas acabou virando uma chateação, já que qualquer pedaço de papel tinha de ter seus cantos recortados.

Bodie Olmos, o filho de Edward James Olmos na vida real, participa da série como Brenden “Hotdog” Costanza, um piloto novato de viper. Seu papel seria quase uma ponta na primeira temporada, mas ele acabou virando um personagem recorrente pelo resto do programa.

– A expressão “frak” e suas variantes é o equivalente das 12 Colônias ao bom e velho fuck. Foi um jeito que os roteiristas encontraram para driblar a censura.

– Quando rolou a greve dos roteiristas de Hollywood em 2008, 10 episódios da quarta temporada já haviam sido filmados. Sem saber quanto tempo a greve duraria ou mesmo se a série retornaria depois que ela acabasse, a emissora e Ronald D. Moore decidiram exibir os 10 episódios, aproveitando que o cliffhanger do décimo (a frota encontrando a Terra e descobrindo que ela havia sido dizimada por um holocausto nuclear, usando o tema recorrente da série de que “tudo isso já aconteceu antes”) funcionaria como um final para a série. Quando a greve terminou, a produção do resto dos episódios da temporada recebeu sinal verde e Moore pôde encerrar o programa da forma que queria.

Richard Hatch, que interpreta Tom Zarek, era o Apollo na série original dos anos 1970.

– Por falar na série original, diversos personagens dela foram reinterpretados na nova versão. São eles: Adama, Starbuck, Apollo, Boomer, Tigh, Baltar, Boxey, Athena, Almirante Cain, Presidente Adar e Zak. Contudo, na série original, Starbuck, Boomer e Almirante Cain eram homens. Além disso, na série de 1978, Starbuck, Apollo, Athena e Boomer eram os nomes reais dos personagens e na reimaginação são apenas seus codinomes de pilotos.

– Você deve ter notado quando falei dos modelos cylon que falta um número sete. Pois isso foi uma comida de bola dos roteiristas. No começo, eles haviam estabelecido apenas que havia 12 modelos, ainda não tinham o conceito dos final five. Quando essa trama entrou na série, eles se deram conta de que ainda não haviam apresentado um modelo número sete e ele não poderia ser um dos últimos cinco. Para tapar o buraco, criaram Daniel, que é apenas citado e nunca mostrado, já que seu modelo todo teria sido encaixotado antes da série começar. E assim, na realidade existem 13 modelos, contrariando um dos paradigmas da série.

Ronald D. Moore aparece no último episódio da série. Ele é o cara lendo uma revista em Times Square para quem a Número Seis sussurra.

– No Brasil, a série foi exibida primeiro pela TNT e depois pelo SyFy, onde ainda hoje é reprisada nos mais variados horários.

– A série, a minissérie e os dois telefilmes foram lançados aqui em DVD.