Bem-vindo à nossa análise HunterX, o novo jogo da Orange Popcorn, criadora de 3000th Duel. Assim como seu jogo anterior, HunterX é um metroidvania 2.5D com fortíssimas influências de Dark Souls, como quase todos os games do gênero. Ele tem um visual diferente, mais puxado para o animê do que para o chibi. Mas em matéria de gameplay, é tão parecido que poderia ser continuação.

ANÁLISE HUNTERX: VISUAL

Na verdade, a troca de estética do chibi para o animê deixou o visual menos atraente, menos bonitinho, pelo menos para o meu gosto. Veja o que acha.

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Apesar de ser em 2.5D, HunterX não faz nada com isso. Não há truques de câmera, como em Klonoa. O jogo rola como um Super Metroid com gráficos mais modernos, mas não especialmente bonitos.

Aliás, é curioso o quanto gostei de HunterX considerando o peso que costumo dar para o audiovisual dos games. HunterX é um jogo sem frescuras. Seu audiovisual é naquele esquema “minimum viable product“. As músicas “estão lá”, mas não são marcantes. Os cenários e mesmo os chefes são comuns, sem chamar a atenção.

Não espere aqui aquela tremenda viagem audiovisual de um jogo da From Software. Mas espere, sim, um gameplay caprichado, bem tunado, com um level design bem esperto. Hunter X é uma experiência de gameplay acima de qualquer outra coisa, inclusive em detrimento de história (quase não existente) e audiovisual.

ANÁLISE HUNTERX: MAS O GAMEPLAY, Ó

HunterX é um jogo muito gostoso, com combate e movimentação simplesmente excelentes. Em especial, próximo ao final, quando terá dashs aéreos e combos mais elaborados… Você vai jogar os inimigos no ar, golpeá-los, voar para o outro lado deles e continuar o combo. Que delícia, meu! Em seus melhores momentos, o combate de HunterX é menos soulslike e mais na linha de um Devil May Cry, o que é muito menos comum em 2022.

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O combate aéreo é uma delícia.

Nas últimas áreas, HunterX estava sendo um jogo muito rápido – qualidade que normalmente não é presente em outros soulslikes. Eu corria pelos cenários, voava em várias direções, vencia vários inimigos sem pisar no chão. Uh-la-lá! E digo mais: HunterX só ficou gostoso desse jeito por um motivo muito simples, que as desenvolvedoras atualmente se recusam a colocar em seus games: opções de dificuldade.

UM SOULSLIKE COM MODO EASY? E ISSO EXISTE, É?

Pois é, meu camarada. A coisa não é tão acessível quanto acho que deveria ser. Particularmente, eu acho que a dificuldade mais baixa de um game deve acomodar mesmo pessoas que não estão habituadas a jogar videogame. E não é o caso aqui. Mesmo no easyHunterX ainda é difícil. Talvez o equivalente ao modo hard de um The Last of Us Part 2. Mas isso é muito mais gerenciável do que o tradicional modo único super hyper ultra mega hard as hell que normalmente é a única forma disponível para jogar games desse tipo.

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Teve alguns momentos em que eu fiquei um pouco preocupado com estar muito distante de checkpoints (os tradicionais altares/fogueiras). Teve alguns chefes que encheram meu saco, especialmente o último. Mas em nenhum momento senti que HunterX estava além das minhas habilidades, algo que é cada vez mais comum nos games. E isso é ótimo, dá uma paz de espírito que eu simplesmente não sinto mais jogando videogames.

Inclusive, em aspectos como visual, 3000th Duel é até melhor do que HunterX. Mas ele ter apenas uma dificuldade, e esta ser hard as all fuckin’ hell, fez com que eu conseguisse me divertir muito mais aqui. E, como tal, consiga recomendar este com muito mais facilidade.

LEVEL DESIGN: NÃO CONFUNDA COM HUNTER X HUNTER

Outra melhora considerável que temos aqui em comparação a 3000th Duel é o level design mais bem pensado. Sim, você vai se perder. Você vai ficar sem saber para onde ir. Porém, boa parte das áreas que não consegue acessar de cara, fica relativamente perto de um ponto de fast travel. Assim, você pode marcar essas áreas e, quando tiver novas habilidades, voltar lá com relativa facilidade. Algumas vezes, vai simplesmente encontrar um novo upgrade. Mas em várias outras, vai entrar em novas fases completas.

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Quem é um bom cachorrinho de três cabeças? É você! É sim!

HunterX conseguiu algo que é raríssimo para mim em metroidvanias sem objetivos claros: eu consegui terminar sem buscar guias. Mesmo quando eu cheguei a um portal que, para passar, precisava pegar quatro macguffins espalhados pelo mundo, o tipo de objetivo que normalmente me faz desistir, eu continuei.

Simplesmente porque, a essa altura, eu já estava com tantas habilidades legais que minha heroína estava um enorme prazer de controlar. Eu passava por áreas já exploradas como um furacão, derrubando tudo que estivesse no meu caminho. E isso fez com que este backtracking obrigatório fosse muito mais prazeroso do que normalmente é em games mais punitivos.

CONCLUINDO A ANÁLISE HUNTERX

O resultado foi um game que conseguiu me divertir durante toda sua duração. Mesmo no fácil, não foi “fácil”. Mas foi suficiente gratificante e envolvente para que as eventuais punições não me desanimassem. No final das contas, eu consegui terminar com uma impressionante porcentagem de exploração de 99,7%, algo raríssimo para mim.

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Minhas estatísticas de final de jogo, se quiser comparar com as suas.

Curiosamente, embora tenha versão para Switch, HunterX não parece estar disponível para compra na loja brasileira. Eu precisei criar uma conta estadunidense para conseguir usar meu código de review. No Steam, no entanto, dá para comprar HunterX por menos de 30 reais (R$28,99 no momento em que escrevo isso). E, por este preço, mais barato do que um hambúrguer, devo dizer que não tem muito como dar errado. HunterX é facilmente recomendável, especialmente para quem gosta de hack and slashes focados na exploração, sem paciência para as dificuldades extremas dos soulslikes.