Quando eu era criança, era comum passar na televisão os documentários produzidos pelo Jacques Cousteau sobre a vida marinha. E como toda criança daquela época, eu ficava fascinado pelas imagens do mundo sub-aquático que ele e sua equipe conseguiam captar.

Hoje em dia, o explorador e documentarista francês já não é mais um nome tão conhecido, e talvez a galera mais nova só se lembre dele por ter servido de inspiração para o filme de Wes Anderson, A Vida Marinha com Steve Zissou (2004). Aquele mesmo, que tem o Seu Jorge cantando versões em português de músicas do David Bowie.

Enfim, para quem quiser saber um pouco mais sobre sua vida e carreira, chega agora aos nossos cinemas sua cinebiografia, A Odisseia. E apesar de ser uma produção franco-belga, não deixa em nada a dever aos exemplares estadunidenses, visto que é bem padrão desse tipo de obra.

Acompanhamos a vida de Cousteau a partir do momento em que ele começa a fazer seus primeiros documentários sobre a vida marinha, decidindo fazer da exploração dos mares seu meio de vida. A partir daí, descola um barco, uma tripulação, e passa a viajar pelo mundo, registrando imagens belíssimas de um território até então desconhecido da maioria das pessoas.

O filme apresenta em suas tomadas submarinas o que tem de melhor, captando imagens lindas da vida animal e dos mergulhadores numa imensidão de azul. Contudo, não é muito mais do que isso.

Delfos, A Odisseia, Cartaz

O resto é uma cinebiografia bem padrão, contando os altos e baixos de sua vida, principalmente sua relação conflituosa com sua esposa (Audrey Tautou, a Amélie Poulain) e com um de seus filhos, que acaba por seguir seus passos.

Embora, é preciso dizer, que diferente da maioria das cinebiografias estadunidenses com as quais o comparei, este não é tão chapa branca, mostrando o outro lado das aventuras de Cousteau.

Um lado que mostra, durante boa parte de sua carreira, um sujeito não tão preocupado assim com a vida marinha e com a preservação do meio-ambiente, várias vezes colocando sua fama em primeiro lugar, e que demorou para realmente tomar consciência do papel eco-friendly que poderia desempenhar.

Mesmo tendo esse aspecto, além da já citada caprichada fotografia aquática a seu favor, no final das contas ainda resulta num filme um tanto parado e sem grandes desenvolvimentos. Um filme nada, capaz de até interessar a quem tem curiosidade pelo tema e por seu personagem e pouco mais que isso.