A Garota da Capa Vermelha

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Finalmente chega aos nossos cinemas o filme mais esperado desde Sucker Punch. O quê? Você não estava ansioso para esta versão crepusculada da Chapeuzinho Vermelho? Ah, vá! Estamos entre amigos aqui, pode admitir.

Sabe o que é? Esta releitura da saga está muito mais para Crepúsculo do que para a Chapeuzinho Vermelho, inclusive na parte “sexo com lobisomens”.

Da história original não sobrou quase nada. A trama se passa em uma aldeia que há anos é atormentada por um lobisomem malvado. Enquanto isso, uma das moças, coincidentemente a protagonista, se vê dividida entre dois bonitões, não por acaso os principais suspeitos da licantropia.

Esse “escolhe-não-escolhe” da moça é intercalado por alguns ataques do lobo e por explicações do padre interpretado pelo Gary Oldman, a única pessoa com experiência no assunto.

Da Chapeuzinho Vermelho que a gente conhece sobrou muito pouca coisa. Um dos pretendentes da protagonista é lenhador, a vovozinha é uma das personagens e o lobo mau virou lobisomem. Não pude deixar de lembrar da resenha de Aprendiz de Feiticeiro, onde o Cyrinóide disse o seguinte:

Quanto à cena que deu origem à obra, a famosa sequência das vassouras e esfregões, óbvio que ela não poderia faltar, mas é uma cena curtíssima, e veja só que irônico: ela não tem a menor importância para a narrativa. Garanto que só não foi cortada porque aí já seria abusar da amizade. Afinal, fazer um filme inteiro baseado numa única cena e nem mesmo tê-la presente iria deixar muita gente irada.

Acontece exatamente isso aqui na famosa cena do “que boca grande você tem, vovó”. Essa cena é uma das coisas mais vergonha alheia que já vi na vida, traz um clima sexual incestuoso entre a garota e sua avó e, além de tudo, é um sonho da protagonista (completo, com o tradicional momento “acorda de um pesadelo sentando na cama”). Só não foi cortada porque seria abusar da amizade não ter absolutamente nada a ver com a história que a originou, mas nesse caso talvez fosse melhor que tivesse sido assim.

Para completar, temos um furo absurdo no roteiro: as regras do filme dizem que todos aqueles mordidos pelo lobisomem no período da lua vermelha (é nesse período que se passa o filme inteiro) não morreriam, mas virariam lobisomens. Ainda assim, várias pessoas morrem por causa das mordidas e não viram lobisomens. Parece que só lembraram disso naquelas cenas cujo mote é “ele está infectado, temos que matá-lo”. O roteirista deveria ter assistido mais filmes de zumbi se pretendia que sua maldição se alastrasse por mordidas. =)

Apesar do roteiro sem grandes novidades e da direção óbvia, A Garota da Capa Vermelha não é uma porcaria e pode até divertir garotas de 14 anos. O visual, especialmente, é muito bonito e, tirando a cena citada dois parágrafos atrás e o furo absurdo do roteiro, o resto do filme é mais redondo e diverte moderadamente. Então assista com moderação, se não tiver nada melhor passando.

CURIOSIDADES:

– Uma aldeiazinha medieval sendo atacada por lobisomens. Desnecessário dizer que assistir isso aqui me deu uma tremenda vontade de jogar o mais recente Castlevania, cuja primeira fase é exatamente assim.

– Para os que ainda não sabem, meu PS3 morreu e eu estou sem videogame. Isso aí, já tive dois Xboxes 360 e um PS3 morto nessa geração. Acho que o Deus Metal quer que eu pare de jogar videogame.