Meu Namorado é um Zumbi

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Acredito que ninguém vai discordar se eu disser que mulheres são o maior mistério do universo. Por isso, Crepúsculo não surpreendeu ninguém. Afinal, como eu comentei na minha resenha, vampiros sempre foram os monstros mais sensuais da cultura pop. Zumbis, por outro lado, sempre foram os mais repulsivos, normalmente usados para fazer analogias com um cenário político ou comportamento do momento (comunistas, guerra fria, consumismo, etc).

O sucesso do livro Sangue Quente, que deu origem ao filme de hoje, então, significa que, cansadas de fazer amor com vampiros e lobisomens, agora as mulheres também querem colocar o sangue dos miolentos para bombar mais forte? Caramba, moças. Assim fica difícil! Convenhamos, necrofilia é pior do que zoofilia.

NECROFILIA

Na verdade, assistindo a Meu Namorado é um Zumbi, fica claro que o objeto de desejo das mulheres não é nada novo. Não é que as moçoilas de hoje começaram a desenvolver um estranho gosto pelo putrefato. O que elas gostam é o que sempre gostaram: pegar um sujeito que é errado para elas, e transformá-los no cara certo. Foi exatamente essa fantasia feminina e a guerra pela audiência desprovida de pênis que destruiu o melhor personagem de Lost.

R, o zumbi protagonista, começa o filme como um zumbi um tanto mais inteligente do que o normal, mas termina conversando, dirigindo, usando maquiagem, e tudo mais que qualquer jovem macho de hoje faz normalmente (que foi? Você não dirige?).

A sinopse se torna desnecessária com um título tão autoexplicativo, então vamos pular direto para a análise. Eu nunca fui um grande fã de vampiros, e isso me permitiu passar incólume pela “febre Crepúsculo” e toda a raiva que girou em torno dela. Porém, assistindo ao filme de hoje, admito que entendi como essa turma se sentiu. Se George A. Romero estivesse morto, este seria um filme que o faria rodar no túmulo, tamanho é o desrespeito com toda a mitologia Z criada por ele.

O pior, no entanto, é que o Meu Namorado é um Zumbi não respeita suas próprias regras. Em determinada cena, logo no início, o protagonista reclama que os zumbis são muito lentos. Mas pouco depois eles estão correndo como se estivessem sendo dirigidos pelo Zack Snyder. Isso sem falar na evolução linguística do protagonista, e mesmo nas suas cicatrizes, que sequer deveriam existir (um corte feito em um zumbi não sararia, logo ele não pode ter feridas cicatrizadas) e ainda somem misteriosamente no final.

Pode parecer que não, no entanto, mas existem predicados. Pelo meu conhecimento, temos aqui o primeiro filme Z que apresenta uma cura para essa condição, e isso o diferencia positivamente dos outros. Também são muito legais as explicações dadas para o comportamento zumbi, especialmente para a predileção por miolos.

Por fim, temos aqui um dos melhores usos de trilha sonora do cinema recente. Não dá para não rir com a marcha zumbi ao som de Rock You Like a Hurricane ou o makeover durante Pretty Woman.

Ainda assim, Meu Namorado é um Zumbi fede a oportunismo. Parece querer se aproveitar da popularidade do cinema Z e de Crepúsculo para fazer alguns merréis, sem nunca de fato entender o cerne de suas principais inspirações. Tem seus bons momentos, mas é difícil recomendá-lo sem restrições.