River City Girls é um spin-off da série Kunio-kun, feito em parceria pelas mestras da beleza 2D, Arc System WorksWayforward. O jogo, disponível a partir de amanhã, é um beat’em up que bebe da fórmula de jogos mais elaborados para criar algo maior e mais envolvente do que um arcade simples do tipo “ande para a direita e desça porrada”.

Wayforward, Arc System Works, River City Girls, Delfos
O visual é lindo demais!

Os gráficos combinam a pixel art mais linda durante o gameplay com desenhos animados em cutscenes e introdução dos chefes. Toda a história é falada, e a trilha sonora inclui várias canções cantadas. Ou seja, River City Girls tem, sem dúvida, um apelo retrô, mas também é uma obra bem mais elaborada do que os clássicos do gênero e definitivamente não parece um game de baixo orçamento.

A principal diferença deste para os beat’em ups tradicionais é que os mapas são mais elaborados. Dividido em salas, como um metroidvania, você pode precisar ir e voltar pelo cenário algumas vezes até poder prosseguir. Tem até um sistema de fast travel envolvendo pontos de ônibus.

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Que foi? Você não costuma levar o próprio banco para o ponto de ônibus?

Outra diferença é que a movimentação é livre na maior parte do tempo. Não é necessário vencer todos os inimigos para mudar de tela (até porque são infinitos). A exceção são batalhas pontuais nas quais aparece um cadeado e você só avança depois de matar todo mundo. Só que mesmo depois de vencer a galera obrigatória, os inimigos continuam vindo, o que é um tanto chato caso você queira explorar a tela em busca de colecionáveis e objetivos secundários.

ELABORADO

A pancadaria é tão elaborada quanto o audiovisual. Tem tanto golpe diferente, divididos em normais, especiais, pesados e de agarrar; que a coisa beira um jogo de luta um contra um. O bacana é que os upgrades são conquistados com calma. Isso permite que você aprenda a incluir todos os movimentos no seu repertório sem ficar sobrecarregado. Por outro lado, isso também impede que você troque de personagem durante a campanha. É tecnicamente possível trocar, mas se você começou o jogo sozinho, a outra heroína entraria no primeiro nível, apenas com ataques básicos.

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Não falta estilo ou impacto visual em River City Girls.

Tudo isso é combinado para criar um excelente beat’em up, digno de figurar ao lado dos mestres do estilo. Porém, há um problema: tem vários momentos que o jogo simplesmente impede seu progresso.

Até houve algum cuidado com a acessibilidade. Ao perder toda sua vida, você volta do início da tela com toda a vida recuperada. Assim, progredir nas fases não costuma ser um problema, ainda que você morra bastante. O problema são os chefes.

CHEFES

Morrer em um chefe exige começar a batalha do início. Isso é ok. O problema é que todos os chefes têm vidas absurdas de grandes, e são batalhas muito longas e difíceis. Além disso, River City Girls segue a fórmula de Battletoads de que você está sempre vulnerável. Se um golpe te derruba, você pode ser feito de pingue-pongue até perder boa parte da sua vida, sem possibilidade de defesa ou escape, tornando um único erro fatal.

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Se este ataque te pega, por exemplo, é melhor começar de novo.

O jogo tem vários itens que podem ser comprados para ajudar, e isso dá uma boa aliviada na dificuldade. O problema é que eles não dizem o efeito antes de comprar. E depois que compra, todos dizem recuperar sua “stamina“. Deduzi, portanto, que ele recuperaria a barra usada para especiais, e passei um bom tempo batendo a cabeça na parede em alguns chefes mais difíceis. Eu não usava os itens simplesmente porque nunca ficava sem a barra que julgava ser a stamina.

Isso persistiu até eu usar um por acidente, e ver que, por algum motivo, o que River City Girls chama de “stamina” é, na verdade, a vida. Isso tornou o restante do jogo bem mais agradável, mas foi uma falta de cuidado enorme chamar vida de stamina.

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As lojas não dizem os efeitos dos itens, mas todos parecem fazer variações da mesma coisa. Aliás, reconhece o vendedor?

Eu passei mais de uma hora tentando vencer a Hibari, de duas imagens acima. A diversão que estava sentindo até este ponto foi totalmente embora, mas fiquei aliviado que poderia prosseguir. Em menos de 15 minutos, no entanto, travei em um outro chefe. Com a paciência já desgastada da luta anterior, acabei desistindo e aceitando que River City Girls entraria para a crescente lista de jogos estilo “git gud” que não consegui terminar. Só vários dias depois resolvi voltar a ele e descobri a confusão vida/stamina.

Sabe quem é o chefe que me venceu, aliás? É este aqui:

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Grande Abobo, um dos inimigos mais famosos dos games.

Pois é, talvez você tenha se ligado que o excelente Double Dragon Neon também foi desenvolvido pela Wayforward. Assim, temos vários personagens da aventura dos irmãos Lee por aqui, o que torna este ainda mais legal.

ITENS

Curiosamente, acabei vencendo o Abobo na trueza mesmo, e só depois disso descobri a utilidade dos itens. É uma pena que já estava perto da conclusão (tem apenas mais duas fases depois do Abobo).

Quando você termina, libera novos personagens e a possibilidade tanto de ficar passeando no mundo “aberto” quanto começar um New Game Plus. Eu fiquei bem a fim de jogar novamente com os personagens novos, em coop (apenas local, nada de online), e sabendo desde o início o que os itens fazem. River City Girls é um brawler excelente, que só poderia ser melhor aumentando a clareza de comunicação e acrescentando uma opção de dificuldade mais baixa (há uma mais alta, no entanto).

Se te apetece jogar um novo e mais complexo beat’em up, com uma das pixel arts mais belas já criadas, não deixe passar a oportunidade de experimentar River City Girls.