Um Sonho Olímpico

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Lá se vai mais uma Olimpíada em que o Brasil chegou com grandes promessas e saiu com muitas decepções. Será que foi assim mesmo? Acredito que não!

Resolvi escrever este texto por estar cansado de ouvir comentários de pessoas criticando os atletas do Brasil, que vai muito bem até o momento decisivo, e sobra sempre para o atleta a responsabilidade da vitória, a exigência da medalha de ouro, já que no Brasil a prata e o bronze não têm muito valor.

Pelo que podemos ver, existe uma categoria que teria, sim, a necessidade de uma medalha olímpica, ou pelo menos a obrigação de mostrar uma determinação acima de todos os outros atletas brasileiros. Claro que estou falando do futebol, e somente do futebol masculino. Este sendo o único esporte que realmente tem algum valor para o Brasil, o único esporte onde o atleta de bom nível (ou às vezes nem isso) consegue se manter atuando no país, com clubes gastando fortunas. Mas na hora da verdade…

Digo isso para ressaltar que todos os atletas, veja bem, com letras garrafais (com exceção do futebol masculino), SÃO HERÓIS! Isso mesmo, heróis. Para um atleta conseguir resultados expressivos sem o menor apoio do seu país e chegar a uma Olimpíada com condição (ou não) de disputar medalhas é necessário muita luta, raça e vencer dificuldades sem limites. O atleta brasileiro treina e procura por patrocínio durante quatro anos, e a grande maioria não consegue. Aí, quando chega a Olimpíada, querem que esses mesmos atletas esquecidos sejam campeões contra grandes potências como os Estados Unidos, China e países europeus? Elas estão disputando contra atletas que têm uma grande estrutura, tanto financeiras quanto psicológicas.

Ver um César Cielo subir ao pódio e chorar como criança, a decepção de Diego Hypólito ao sofrer a queda no último salto antes do ouro, as meninas da ginástica tentando segurar o emocional em frangalhos nas provas finais é de emocionar. Dei apenas alguns exemplos da luta desses atletas que chegam onde estão por seu amor ao esporte, e amor ao Brasil. Não temos o direito de criticar atletas que colocam o nome do país entre os grandes. O que podemos cobrar é vontade e coragem. E isso eu afirmo: não faltou aos atletas brasileiros.

O caso do Diego Hypólito é ainda mais interessante: enquanto é ignorado por quatro anos pelos patrocinadores, é cobrado irracionalmente por uma falha que pode acontecer a qualquer esportista. E curioso, os poucos que lhe ajudaram com o lutado patrocínio, que são aqueles que podiam cobrar alguma coisa, ficaram sempre ao seu lado.

Alguém pode observar: mas a Jamaica também é um país sem apoio e olha as medalhas no atletismo. Sim, concordo. Porém a velocidade é o grande esporte dos jamaicanos, e eles vencem, assim como no Brasil é o futebol, mas não vencemos. Os atletas jamaicanos são fenômenos de um país em desenvolvimento, assim como nosso César Cielo.

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