Se o mundo fosse justo, o Travis estaria hoje no lugar que o Coldplay ocupa no cenário atual do Rock/Pop mainstream. Até falei um pouco sobre isso em meu Top 5: bandas fofas no já distante ano de 2008.
Ambas possuem sonoridades calmas e mais voltadas para as baladas. Mas o quarteto de Glasgow é muito mais banda, tanto tecnicamente quanto em criatividade, experimenta mais e possui influências bem mais interessantes, sobretudo do Folk.
Mas, como você já deve saber a essa altura, o mundo não é justo. E enquanto o Coldplay (banda que eu gosto, mas acho extremamente repetitiva e sem colhões) hoje em dia é mega, o Travis continua relegado ao nicho alternativo (embora no Reino Unido, no final dos anos 1990, tenham conseguido bastante sucesso). E a julgar por seu novo trabalho, Where You Stand, sétimo disco de sua carreira, essa sensação de injustiça só é reforçada.
Após um hiato de cinco anos desde seu disco anterior (o mais guitarreiro e imediato Ode to J. Smith, de 2008), a banda retorna com 11 canções redondinhas, qualquer uma delas pronta para tocar nas rádios. Você sabe, se as rádios tocassem alguma coisa que preste, só para variar.
Boas levadas de violão, guitarras discretas, pianos esparsos e a bela voz do vocalista Fran Healy são os principais ingredientes do disco e responsáveis pela beleza das canções, do tipo que elevam qualquer espírito.
Exemplos do que estou falando são Reminder, A Different Room, New Shoes e, sobretudo, o single Where You Stand, todas elas boas representantes de todas as características elencadas no parágrafo acima.
Warning Sign é outra das melhores faixas, extremante grudenta e assobiável, principalmente por causa do trabalho de backing vocals.
Merece destaque também a melancólica e reflexiva Boxes, sobretudo por sua letra esperta que diz que brincávamos em caixas de papelão, moramos em caixas de concreto e partimos em caixas de madeira.
O Travis, seja por azar, destino ou a já citada injustiça cósmica, pode ter perdido o bonde do megaestrelato. Não importa, a julgar pelo que mostraram neste Where You Stand, a banda está bem ajustada no lugar que lhe coube e demonstra ainda ter muita lenha para queimar. Sorte dos ouvintes que a conhecem.
