Foo Fighters em São Paulo (23/01/2015)

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O Foo Fighters está abrindo os grandes shows de 2015 no Brasil, para divulgar seu novo álbum, Sonic Highways. Porém, se você leu o título e o subtítulo desta resenha antes de clicar nela, você provavelmente já sabia disso, e também provavelmente já percebeu que eu estou enrolando aqui porque não encontrei a forma certa de começar este texto.

Agora que eu já passei do primeiro parágrafo, acho que já podemos ir logo ao que interessa e falar do show, ou dos shows, já que o Foo Fighters contou com duas ótimas bandas de abertura:

RAIMUNDOS

Já havia visto o Raimundos tocar no Lollapalooza do ano passado, e lá, assim como aqui, eles tocaram para um público que estava no local principalmente por causa de outras bandas.

Em ambas as ocasiões, o público foi facilmente conquistado, e só isso já é um mérito, já que poucos shows assim são bem recebidos. Com um repertório curto, mas cheio de clássicos, e um Digão bem confortável no papel de frontman, a banda conseguiu novamente fazer todo o público cantar com eles, e mesmo com uma falha de som grotesca no meio da segunda música, Esporrei na Manivela, a banda não se deixou abalar. O Raimundos segue fazendo bons shows independente da formação da banda.

SETLIST
Eu Quero Ver o Oco
Esporrei na Manivela
Nega Jurema
Mulher de Fases
Palhas do Coqueiro
I Saw You Saying (That You Say That You Saw)
Gordelícia
Me Lambe

KAISER CHIEFS

O Kaiser Chiefs é outra banda que entrou bem animada no palco e conseguiu fazer com que todos prestassem atenção. O show da banda é muito bom, e eles conseguiram espaço para dar ênfase ao último disco Education, Education, Education & War sem se esquecer das músicas mais conhecidas, em um show de 45 minutos.

É uma banda que merece fazer um show solo no país, já que é a terceira vez que eles tocam aqui, e sempre é em festival ou no caso de agora para abrir para outra banda.

A escolha das bandas de abertura deste show foi muito acertada, já que eu não vi ninguém entediado em nenhum dos dois shows, e isso é raro.

SETLIST
Everyday I Love You Less And Less
Everything is Average Nowadays
Ruffians on Parade
Never Miss a Beat
Coming Home
The Angry Mob
Cannons
Ruby
I Predict a Riot
Misery Company
Oh My God

FOO FIGHTERS

A atração principal da noite subiu no palco poucos minutos atrasada (lembro que no exato momento em que eu peguei o celular para ver a hora, as luzes do estádio se apagaram e a banda entrou). A primeira sequência de músicas: Something From Nothing, The Pretender, Learn to Fly, Breakout, Arlandria e My Hero, foi um dos pontos altos do show e não havia uma pessoa que não cantasse todas as palavras de cada uma dessas músicas, porém, também já ficou claro logo de cara o maior problema do show: o som.

Não sei se isso aconteceu em todos os setores, mas onde eu estava, perto da grade da pista comum, o som vinha abafado ou mais baixo do que o esperado. Também não sei especificar qual foi o problema, já que o show do Kaiser Chiefs, realizado alguns momentos antes, teve um som melhor do que o do Foo Fighters.

A banda tocou 23 músicas em quase três horas, o que parece pouco para uma duração tão grande, mas isso se deve principalmente às muitas músicas que se estendem além da sua duração quando tocadas ao vivo. Se isso às vezes gera bons momentos, como em Monkey Wrench, quando o Morumbi se iluminou com lanternas de celulares enquanto a banda tocava alguns riffs ensaiados, às vezes soa desnecessário, pois o tempo usado estendendo algumas músicas poderia facilmente ser usado para tocar algumas a mais.

Dave Grohl é bem carismático, e todas as vezes que se comunicava com o público era um show à parte, sempre soltando alguma piada ou interagindo com os fãs da frente. Em um determinado momento, quando ele foi sozinho com o seu violão até o fim da passarela que a banda usa e ficou de frente para a pista comum para tocar duas músicas acústicas (Skin and Bones e Wheels), ele convidou um fã para subir ao palco e pedir a namorada em casamento.

A banda também usou um palco giratório no meio da passarela na Pista Premium para tocar um set com quatro covers. A grande quantidade de covers que a banda vinha tocando nessa turnê me preocupava antes do show, afinal, apesar de o Foo Fighters sempre ter gostado de tocar um ou dois covers, eles são uma banda com vinte anos de estrada, e oito discos cheios de hits. O normal seria eles terem dificuldade de encaixar em um setlist todas as músicas que todo mundo quer ouvir, e não gastar quatro músicas tocando covers (veja bem, não são um ou dois, e sim quatro).

No entanto, os covers foram bem tocados, e foi legal ter a banda mais perto, então o show continuou com um bom ritmo. Dave explicou que eles estavam fazendo aquilo para se divertir e prestar homenagem aos artistas que influenciaram o Foo Fighters. Além disso, quando eles tocaram Tie Your Mother Down do Queen, Taylor Hawkins assumiu os vocais e deixou Grohl na bateria, e ver Dave tocar o instrumento que o deixou famoso para mim foi um dos pontos altos da noite.

A banda explicou que não faz bis, e prefere tocar tudo de uma vez só ‘até falarem que não dá para tocar mais’, e, de volta ao palco principal, tocaram as últimas cinco músicas: All My Life, These Days, Outside, Best of You e Everlong.

Se fosse para julgar o show pela qualidade do som, a nota provavelmente seria menor, porém este foi um show com muitos momentos memoráveis, como as já citadas lanternas de celular que iluminaram o estádio não só em Monkey Wrench, mas também em Best of You, o coro dessa mesma música continuando depois do término dela, deixando a banda surpresa, ou até mesmo o escorregão que Dave levou ao entrar no palco, entre outros. Além disso, a banda tocou muito bem entrosada, e deve se dar o destaque merecido a Pat Smear, Nate Mendel, Chris Shiflett, Taylor Hawkins e ao tecladista Rami Jaffee, pois não é só de Dave Grohl que vive o Foo Fighters.

Como o próprio vocalista disse, visivelmente emocionado, depois de relembrar todos os acontecimentos citados acima: ‘um show do Foo Fighters não fica melhor do que isso’.

SETLIST
Something From Nothing
The Pretender
Learn to Fly
Breakout
Arlandria
My Hero
Congregation
Walk
Cold Day in the Sun
I’ll Stick Around
Monkey Wrench
Skin and Bones
Wheels
Times Like These
Detroit Rock City (KISS)
Stay With Me (The Faces)
Tie Your Mother Down (Queen)
Under Pressure (Queen & David Bowie)
All My Life
These Days
Outside
Best of You
Everlong