Sexo? Tô Fora!

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Nota: A coluna Pensamentos Delfonautas é o espaço para o público do DELFOS manifestar suas opiniões e pensamentos sobre os mais variados assuntos. Apesar de os textos passarem pela mesma edição que qualquer texto delfiano, as opiniões apresentadas aqui não precisam necessariamente representar a opinião de ninguém da equipe oficial. Qualquer delfonauta tem total liberdade para usar este espaço para desenvolver sua própria reflexão e, como não são necessariamente jornalistas, os textos podem conter informações erradas ou não confirmadas. Se você quer escrever um ou mais números para essa coluna, basta ler este manual e, se você concordar com os termos e tiver algo interessante a dizer, pode mandar ver. Inclusive, textos fazendo um contraponto a este ou a qualquer outro publicado no site são muito bem-vindos.

Bem, vou ser direto. Pra mim, sexo só depois do casamento. Por quê? Tenho alguns motivos, mas vamos analisar primariamente a biologia. Para existir uma vida humana, é necessário um espermatozóide e um ovário. Eles se encontram através da relação sexual de um homem e uma mulher. Essa nova vida tem que ser alimentada, protegida e cuidada até sua maturidade e depois segue no ciclo da existência.

Para sua sobrevivência, os dois responsáveis pela sua gestação participam (ou deveriam) em criar, ensinar, educar e proteger. E onde entra o casamento nisso? Obviamente, o casamento é desnecessário neste ciclo da natureza. Mas, ao longo dos milênios, o casamento tem sido um ritual celebrando uma parceria. Como deveria ser? Um homem e uma mulher, com a devida maturidade e movidos por amor e paixão, decidem se juntar para criar um núcleo familiar. Esse núcleo, formado em acordo mútuo, pode sustentar e prover a estrutura e estabilidade necessárias para um novo ser humano crescer saudável, moral, física, mental e emocionalmente. Acompanhou até aqui? Não desistiu?

Agora, seja sincero: todas as pessoas que fazem sexo estão prontas para sustentar, criar e guiar EQUILIBRADAMENTE uma nova vida humana? A resposta a essa pergunta já exclui todos os adolescentes, pré-adolescentes e jovens adultos do planeta. Esse grupo em especial, que mal saiu das suas próprias fraldas, não tem a capacidade e/ou responsabilidade para cuidar de outra vida.

Claro, existem métodos anticoncepcionais relativamente seguros. Mas os números de abortos no mundo inteiro indicam que a responsabilidade não é o forte dessa turminha da pesada. E os que não fazem abortos? Este grupo mal preparado para a vida adulta passa a ter então duas opções: ou se tornam pais ausentes (devido ao estudo não terminado ou ao trabalho dobrado) ou delegam à família a criação.

Lamentavelmente, as duas opções não são boas para a nova vida que surgiu. A ausência dos pais não é bom para o desenvolvimento moral e emocional dos filhos, afinal, a natureza exigiu e exige dois para nascer e criar. E os pais, para compensar, costumam satisfazer as exigências dos pimpolhos, criando adolescentes mimados e sem autocontrole. Isso não quer dizer que os filhos de pais separados são piores que os outros ou que estão condenados a serem infelizes. Mas esses tipos de ambientes para criação de filhos FAVORECEM a repetição das ações na geração seguinte. Para este caso, invoco as estatísticas: os filhos de pais separados têm maior propensão a não manterem relacionamentos estáveis, mais suscetíveis à depressão e a serem pais na adolescência.

Mas e os adultos que TEORICAMENTE estão preparados para cuidar de uma vida humana? A maioria dos adultos está mais preocupada em: estudar (graduação, pós, mestrado, doutorado, curso de ioga, dança, balé, musculação, etc), trabalhar (carreira, promoções, $$$), ganhar e gastar dinheiro (filmes, videogames, viagens, etc) ou fazer sexo sem que o parceiro descubra.

Temos visto, na prática, crianças que ficam sem ver os pais por dias a fio e pais que não sabem o que os filhos fazem com o seu tempo livre. Famílias sem alma, companheirismo, amizade e intimidade. Isso explica também porque tantos jovens de famílias “tradicionais” se envolvem nas drogas e no sexo prematuramente. Tapam buracos numa vida vazia, sem “recheio emocional”, pressionados muitas vezes por colegas da mesma geração e estirpe. E ambos os grupos (os preparados e os despreparados), largam suas crias num sistema falido, corrupto, doentio, patético e retrógrado chamado ESCOLA. Fazem isso na esperança de que os professores os substituam na tarefa de ensinar valores morais para suas crias.

Vamos fazer um rápido exercício mental? Vamos comparar o sexo com algo que só adultos fazem (teoricamente também). Bebidas alcoólicas. A venda dela é permitida para maiores de 18 anos. Porém, ninguém nega que o mau uso, o excesso e a irresponsabilidade causam danos incalculáveis à pessoa, à sua família e às pessoas ao redor. Agora pense e responda: qual você acha que causa mais dano e transtorno para a vida de uma pessoa? Uma trepada que dá errado (estoura uma camisinha, o não uso de preservativos/contraceptivos, o pai/mãe do parceiro aparece bem no meio) ou um dia de porre (talvez aliado à direção)? Se você agora consegue visualizar os perigos de usar de maneira errada algo muito bom, por que as pessoas insistem nesse comportamento?

Um dos motivos que leva pessoas a fazer sexo com qualquer um a qualquer hora é o padrão de pensamento da nossa sociedade. Vivemos numa sociedade de consumo que passa a mensagem (na verdade recicla) do CARPE DIEM. Claro que todo delfonauta sabe o que significa carpe diem, mas basicamente é uma filosofia de viver o máximo agora porque a vida é uma só. Una essa filosofia a uma sociedade de consumo descartável, que mede as pessoas pela sua capacidade econômica, totalmente individualista e imediatista. Resultado? Sexo casual, sem compromisso. Sexo descartável, apenas para satisfazer seus desejos agora, imediatamente.

O problema disso é que o sexo e o ser humano não são como um celular ou uma roupa, que você pode comprar, usar e jogar fora. Uma lei da natureza (uma lei do universo) é que toda ação tem uma reação. E como o ser humano reage a esse estilo de vida? Melhor ainda, será que a liberdade sexual fez bem para o ser humano? Foi um avanço? Uma conquista? Quiçá uma vitória? Alguns números da Wikipedia (acredite se quiser, como diria Jaca Paladium): 40 milhões de abortos todos os anos (aproximadamente, já que é ilegal em boa parte do mundo). Os medicamentos mais vendidos do mundo são anti-depressivos (a culpa não é exclusiva de uma vida devassa, eu reconheço, mas não deveríamos ser mais felizes?). Doenças mortíferas, debilitantes e repugnantes, como Aids, sífilis, gonorréia, chato, HPV e dezenas de outras. Traições, divórcios, milhões de famílias partidas, processos, filhos usados como armas nos tribunais, filhos indesejados. Não vou falar de baixa auto-estima, sentimentos de inferioridade, de ser usado como um objeto, ressaca moral ou depressão.

Apesar de tantas conseqüências nefastas e funestas, o mundo continua a defender uma vida sexual “livre”. Por quê? O espírito do Carpe Diem chega até nós de duas maneiras principais: meio social e propaganda. Meio social é um pouco óbvio. As pessoas com quem nos relacionamos pensam assim e nós não questionamos, nós queremos nos sentir parte de algum grupo, nós queremos identidade social e ser aceitos, então acabamos repetindo uma baboseira como se fosse verdade. Somos CONDICIONADOS a acreditar que não terá nenhuma conseqüência esse estilo de vida.

E a propaganda é através das mídias que nos cercam. Os filmes, seriados, novelas, quadrinhos, músicas, comerciais, etc, nos bombardeiam com imagens, argumentos, peças que nos dizem que esse estilo de vida não tem conseqüências. Já se disse: repita uma mentira 1000 vezes e ela se tornará uma verdade. Nossa sociedade não foi preparada pra nos ensinar a pensar criticamente. Ela foi preparada para nos fazer ovelhas pastando sem precisar de um cão pastor vigiando. Ela foi preparada para nos inserir em um sistema falido e corrupto sem entender sequer o motivo. Somos ensinados a aceitar como verdades o que autoridades, professores, jornalistas, estudiosos e cientistas nos empurram goela abaixo nas mídias “imparciais” e hipócritas. Mas isso é papo para outro Pensamento Delfonauta.

O casamento é (deveria ser) um sinal público de que você, de plena posse de suas faculdades mentais, decidiu formar uma família e que está SERIAMENTE comprometido com a sobrevivência e manutenção dela. Tão comprometido que não coloca o sexo como a prioridade na sua vida, mas sim o amor, honra, respeito e dignidade. Nós estamos acostumados a celebrar datas marcantes na nossa vida. Esse dia marca que você assumiu essa RESPONSABILIDADE perante o governo, as famílias e a comunidade em que vive. Aí sim é a hora de você levar uma vida sexual bem ativa.

É bem verdade que boa parte do texto trata das CONSEQÜÊNCIAS do sexo fora do casamento (fornicação). Talvez alguém argumente que nem todas as relações sexuais trazem conseqüências. Esse é o maior sonho de todo o planeta. Fazer coisas sem ter que arcar com as conseqüências ou sequer pensar nelas. Usar e abusar da natureza sem pensar nas conseqüências, matar outro ser humano, ganhar dinheiro de maneiras ilícitas, beber, fumar, cheirar e injetar. Já imaginou que maravilha seria fazer qualquer coisa sem ter conseqüências negativas, só boas? É assim que você leva sua vida? Sem pensar nas conseqüências de seus atos? A curto e a longo prazo? Se é isso que você faz, só deixo um aviso: é uma escolha perigosa.

Talvez depois de mais algumas décadas de tentativas, os estudiosos (e o povo) cheguem à conclusão de que o comportamento promíscuo não é inerente ao ser humano. Não é resultado de uma evolução cega e mística do qual somos meros escravos, e que culpa, medo e vergonha não são resquícios mentais de uma cultura religiosa tacanha, mas são reações do que o ser humano é instintivamente. Obviamente, não faço julgamentos morais sobre quem escolhe levar uma vida promíscua (em breve essa palavra perderá sua conotação negativa e virará slogan: promiscuidade é dever de todo cidadão). Não é este o ponto. A evidência demonstra que, se deixar o sexo para quando você tiver maturidade e capacidade para encarar a vida adulta e escolher um companheiro, e depois que já tiver vivido, se aventurado, se divertido e estudado nos anos juvenis sem se preocupar com aborto, gravidez e doenças, você terá aproveitado a vida muito mais do que imagina!

Aproveite e leia aqui o texto que inspirou o Tio Zé a escrever este artigo.

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