Iron Maiden – The Final Frontier

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O Iron Maiden é uma grande marca. Quando a gente começa a ouvir metal, sempre começamos por aquelas bandas com maior exposição no mercado, não apenas por elas saberem equilibrar o aspecto comercial com o artístico muito bem, mas principalmente porque elas dizem “hey, compre a gente, somos bons”. Afinal, eu nunca ouvi alguém falando algo do tipo “É, eu me apaixonei pelo metal quando vi aquelas histórias da cena black metal norueguesa em um zine underground”.

Com o Iron Maiden, e outras poucas bandas enormes (Metallica, por exemplo), todo mundo vai comprar, baixar, comentar o CD, mesmo que seja apenas para xingar e dizer que a banda tem mais é que se explodir. E isso acontece pela enorme exposição da marca.

Aí entra aquela coisa de que, quando compramos um produto, a gente espera ficar mais do que satisfeito com ele. Pô, a gente paga pelos CDs. É por isso que alguns fãs querem mais um Powerslave, outros um Seventh Son, etc, etc. E têm todo direito de falarem isso.

Mas o Iron Maiden sempre tentou fazer um pouco do que os fãs gostam, ou melhor, o que eles acham que os fãs gostam, e ainda fazer um pouco do que eles próprios gostam ou sentem no momento. Nem nos anos 90 eles deixaram de fazer isso. O álbum The X Factor, por exemplo, é um trabalho que retrata muito bem o que a banda passava e tem diversas características do que a banda fazia antes. Mas nem por isso os fãs o adoram. Geralmente é até o contrário.

Só que, felizmente, desde o Brave New World, eu tenho sentido que não apenas o Iron Maiden está ousando mais, como também está fazendo músicas com aquela fórmula manjada que chuta bolas como não se chutava bolas desde o Seventh Son.

The Final Frontier é excelente. Na minha opinião, só não é melhor que o A Matter of Life and Death (isso pensando nos álbuns recentes da banda). A produção é uma das melhores em toda a história do Iron Maiden. Agora, se o delfonauta foi corajoso para chegar até aqui, pode acompanhar o faixa-a-faixa, já que o CD é bem variado.

SATELLITE 15… THE FINAL FRONTIER

Na verdade são duas músicas que não têm nada a ver uma com a outra. Deveriam estar separadas, mas fazer o quê? Satellite 15: imagine o Pink Floyd fazendo metal. Não, não fica igual o Dream Theather. The Final Frontier: achei o refrão muito bobo. De resto, sem maiores reclamações. É um bom jeito de começar o CD.

Melhor momento: a introdução de Satellite 15 e aquele trecho “for I have lived my life to the full, I have no regrets” são muito bons.

EL DORADO

Muito boa esta. Bem fácil de assimilar, bastante agradável. Por isso mesmo eu não tenho muito o que falar dela.

Melhor momento: ela não fica ruim nem boa demais o tempo todo, mas os primeiros versos são bem legais. Próxima!

MOTHER OF MERCY

Legal a introdução, e o jeito que eles usam os riffs nesta música é muito interessante. Só o refrão que força um pouco a amizade, mas depois de um tempo até acostumei. Assim como El Dorado, é mediana, mas felizmente não é dispensável.

Melhor momento: Quando ela fica pesada e os riffs engraçadinhos que parecem ter vindo do espaço aparecem aos 1:33. Sim, não dá para ter a mínima ideia do que eu estou falando se você não ouviu o CD.

COMING HOME

Esta é a balada do disco e, olha só, está muito boa. No geral, quando eu ouço essa música, sempre lembro da Navigate the Seas of the Sun, do último álbum do Bruce Dickinson, Tyranny of Souls. Também lembra a muito melhor Out of the Shadows do CD anterior. De qualquer forma, é uma música muito boa, com destaque para o refrão e o riff pesadão no início da música.

Melhor momento: “To Abion’s Land / Coming Home”.

THE ALCHEMIST

Esta aqui é a música com os piores versos do CD. Por isso mesmo, eu a achava horrível até prestar mais atenção dos dois minutos para frente. Ela lembra bastante Man on the Edge, mas é muito clichezenta. Urgh.

Melhor momento: quando ela acaba, começa Isle of Avalon. Ok, ok, a parte dos 2:18 até o fim do solo é demais.

ISLE OF AVALON

Esta é a primeira da sequência das músicas gigantes e, assim como as próximas, é uma mistura de coisas que a banda nunca fez com o que está cansada de fazer. Foi a que menos me chamou a atenção desta segunda parte do CD. Gosto bastante dos versos, bem positivos, felizes e tal, mas o refrão é um saco e a introdução é exagerada demais. Com um minuto apenas, eu já teria entrado no clima do negócio, pô. Junto com os versos fracos de The Alchemist, formam a pior sequência do CD.

Melhor momento: tem uma parte da música que é claramente influenciada pelo Rush e gostei bastante disso. Mas de novo, os versos também são muito legais.

STARBLIND

Pronto. É aqui que o Iron Maiden chuta o pau da barraca. E bundas. De onde diabos saiu este riff? É cada vez mais raro o Iron Maiden segurar alguma música inteira com um riff bem criativo e aqui eles fizeram justamente isso. Refrão fantástico. E, em vários momentos, enquanto o Bruce Dickinson canta, rola um solo de guitarra com melodias bem bonitinhas. A terceira melhor do disco.

Melhor momento: as partes em que o solinho de guitarra entra em ação. Muito doido.

THE TALISMAN

A oitava música tem uma daquelas introduções folk que nem sempre funcionaram na história recente do Iron Maiden, mas aqui o negócio é bom. Bom demais. Acho que essa é a música mais grudenta do CD (e tem nove minutos), com alguns versos e refrãos que dão aquela ridícula vontade de cantar junto (Westward the tide!). Também foi a única que a letra me chamou atenção. Realmente, a letra e as melodias se encaixam perfeitamente. O único problema que eu vejo nessa música é que, em alguns momentos, ela fica um pouco mais arrastada, como durante o solo, por exemplo. Essas partes não são ruins, mas a música é tão animada e “para frente” que a empolgação cai um pouco. De qualquer forma, fico entre esta e a próxima como a melhor do disco.

Melhor momento: estou em dúvida entre o trecho “Holding on for our dear lives, and we’re praying once again” e o refrão “Westward the tide”.

THE MAN WHO WOULD BE KING

Mais uma introdução lenta pra dedéu e, de novo, eu não estou incomodado. Agora, aquele riff que começa a música pra valer poderia ser repetido bem menos e teria muito mais impacto. Os versos são bem legais, embora o riff seja meio “eu já ouvi isso antes em Wasted Years”, mas que seja. Do primeiro refrão até os cinco minutos e meio dessa música, temos a parte mais empolgante deste CD. Por que eles não tiveram uma ideia assim antes?

Melhor momento: a parte instrumental entre quatro e seis minutos e o refrão.

WHEN THE WILD WIND BLOWS

Depois de três músicas de tirar o fôlego e um CD que, no geral, empolgou legal, a última música é a grande promessa. Ela é mais ou menos. Tem ótimas melodias, mas algumas coisas manjadas que o Iron Maiden sempre faz dão no saco. Alguns fãs tr00s também vão ter que esquecer o fato de que a música até uns cinco minutos parece um som da Disney, mais especificamente saído de Pocahontas.

Melhor momento: aquele trecho lá pelos três e meio é o que eu mais gosto.

Mais uma vez, um CD do Iron Maiden me agrada e, mesmo que você não tenha gostado dos últimos CDs da banda, tente ouvir com atenção, em especial as últimas faixas do disco. Está muito bom e vale a pena comprar.