Enciclopédia Metallica

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Estou eu aqui mais uma vez para resenhar mais um clássico da literatura do mundo heavy metal. E dessa vez eu vou mais a fundo e busco inspiração numa das bandas mais tradicionais, polêmicas e talentosas do gênero musical que tanto amamos.

Confesso que conheci o Metallica muito tempo depois de me tornar fã inveterado de muitas outras bandas, como Iron Maiden, por exemplo. Até chegava a torcer o nariz para a banda de James Hetfield e companhia e conhecia apenas as músicas mais bonitinhas e calminhas da banda. Até que, num fatídico dia, eu fui apresentado à Ride the Lightning, e daí o thrash metal se inseriu na minha linda e capitalística vida.

A partir de então, tudo o que havia sobre a banda, como álbuns, revistas e, claro livros, era absorvido pelos meus olhos e ouvidos sedentos por informação e música. Há algum tempo, vi em um site a publicação do livro de que vos falo e algo me chamou atenção: o fato de ser um compêndio de tudo o que já havia sido dito sobre o Metallica. E resolvi, então, arriscar a leitura.

O que temos neste livro é um exemplo perfeito de fanatismo e amor, pois a dupla de autores faz um A a Z (literalmente falando) sobre tudo o que já circulou e ainda circula sobre a banda, de rumores e comentários sobre as músicas mais relevantes a uma pequena biografia de cada membro e ex-membro.

Os autores conseguiram ainda fazer um excelente retrospecto coletando material suficiente para tornar essa biografia uma verdadeira enciclopédia. Quando terminei a leitura, me senti um expert sobre Metallica (eu até me peguei comentando algo, acrescentando informação e até citando uma curiosidade ou outra nas rodas de conversas com amigos).

Dessa forma, já podia me considerar um fã e não mais um apreciador. E acho que era exatamente essa a função desse livro, tornar qualquer apreciador de música (pesada) em um profundo admirador e fã dos Quatro Cavaleiros. Cada verbete do livro nos faz passear pela histórica magnífica da banda, com tudo o que já aconteceu, de bom ou de ruim, de engraçado ao trágico. Isso, claro, passa pelo trágico acidente que culminou na morte do talentoso baixista Cliff Burton, do complicado caso Napster à gravação com a Orquestra Sinfônica. Nomes, datas, tracklists, lugares e fatos. Tudo está aqui.

Embora às vezes seja repetitivo, pela maneira encontrada pelos autores em contar a história da banda (talvez isso não aconteceria se fosse feito de forma linear e não alfabética), o livro cumpre à risca o prometido e é até impressionante como os autores conseguiram esmiuçar até as mais simples informações e ainda conseguir fotos (infelizmente não coloridas) que ilustraram o que disseram. E eis que eu acho o porquê dessa façanha: pelas minhas pesquisas pelo mundo virtual, pude constatar que os próprios membros da banda ajudaram com o que ainda restava de memórias em suas cabeças (parece que eles andam simpáticos nos últimos anos, não?) para que o livro pudesse ser realmente uma fonte única de informações sobre o mundo de Lars Ulrich e companhia. Sem dúvida, Enciclopédia Metallica é um livro para agradar fãs e admiradores de músicas em geral e poderia ser a melhor publicação sobre a banda feita em terras tupiniquins.

Poderia, pois a versão brasileira, infelizmente, apresenta erros grosseiros que me fizeram dolorosamente tirar um Alfredo e meio da nota. Na minha primeira resenha, eu reclamei da falta de revisão do livro e dos erros de ortografia. Porém, neste aqui, a coisa beira o relaxo.

Poxa, o que que custava haver uma revisão antes da publicação do material? Letras faltando, falta de acento, palavras repetidas ou faltando… É impossível ler um parágrafo sequer sem achar pelo menos um erro. E sem falar dos dois erros mais graves: a diagramação amadora e a tradução horrenda.

Explico: antes de eu comprar o livro, algo interessante me chamou a atenção: o fato de ele possuir apenas 190 páginas. Pô, como alguém conseguiria escrever uma biografia de umas das bandas mais importantes e influentes do universo metal em apenas 190 páginas? Achei muito pouco e até relutei em comprar o livro.

Quando o livro chegou, descobri o truque: o texto estava dividido em duas colunas. E isto causou um enorme WTF!. Poxa, os caras da editora enfiaram horas de pesquisa num espaço apertado pra caramba, com uma letra mínima (e cheio de erros ainda por cima). As fotos parecem ter sido encolhidas para caberem no espaço que estava faltando.

Parece que eles pensavam que “sobrou um espaço depois da letra C, então enfia uma foto”. E é claro que o livro foi encolhido para apenas 190 páginas. Não que a quantidade de páginas influencie na qualidade do livro, mas no caso de uma “enciclopédia”, o texto podia ser feito em uma única coluna, como acontece na versão estadunidense do livro, por exemplo.

Um acabamento melhor é justo, pelo preço que se paga nele (em média R$50,00). A tradução também não é das melhores. Muitas palavras não precisariam ser traduzidas, pois são termos técnicos e jargões da área da música, que eu tenho certeza que nós metalheads estamos acostumados a ler através das revistas, por exemplo. Não culpo apenas o tradutor pelo problema, já que a editora deveria ter contratado alguém que tivesse a manha da tradução para esse tipo de texto.

De uma maneira geral, Enciclopédia Metallica vale a leitura. E se você não ligar para as frescuras acima, compre e saboreie cada nova informação que o livro trouxer. Eu só acho que uma resenha precisa de um comentário geral sobre o exterior e não apenas sobre o interior da obra.

É ótimo saber que livros como este estejam estampando as prateleiras das livrarias de nosso país. Acho que as editoras brasileiras encontraram um nicho de mercado realmente lucrativo. E demoraram para perceber isso. Recentemente, mais uma biografia de umas das mais divertidas bandas do mundo hard rock, o AC/DC, chegou às livrarias de nosso país. Pouco a pouco, vamos sendo bombardeados por biografias e livros voltados ao universo headbanger. Cabe às editoras tratarem os livros com um pouco mais de esmero e cuidado.

Pagamos caro por esses livros e, como fãs e consumidores, queremos algo digno. Parece, porém, que elas ainda não estão preparadas para isso. Que o Deus Metal não as perdoe jamais!