Desde o arrebatador sucesso de Os Intocáveis, os diretores e roteiristas Olivier Nakache e Éric Toledano fizeram mais dois filmes, ambos com resenhas aqui no DELFOS: Samba e Assim é a Vida. Nesta crítica Mais que Especiais, falaremos deste que aparenta ser uma tentativa de resgatar as glórias regressas. Me acompanha?
CRÍTICA MAIS QUE ESPECIAIS
Mais que Especiais conta a história de uma organização que cuida de crianças e adolescentes com autismo. Essa organização tem duas pegadas bem legais. Ela aceita pessoas que foram recusadas por instituições mais renomadas por serem considerados casos graves demais. Para completar, eles ensinam e treinam jovens de comunidades carentes a serem cuidadores.
Assim, não pense que os clientes da organização são casos como os da série Atypical, em que autismo pode ser resumido como “leves dificuldades sociais”. Aqui a coisa é bem mais séria. Inclusive, não me lembro de ter visto representações de autismo tão viscerais na cultura pop mainstream.
O bacana de Mais que Especiais, assim como Intocáveis, é que ele conta uma história envolvendo pessoas com deficiência com sensibilidade e leveza. A cultura mainstream costuma apelar para a tragédia ao mostrar histórias com personagens assim. E é legal que este filme mostra a real. Não interessa os problemas, a vida de ninguém é uma tragédia ou uma comédia o tempo todo.
UMA GALERA
Uma diferença considerável deste com Intocáveis é que este é muito menos intimista. No clássico da dupla, toda a história é focada na relação entre os dois protagonistas. Aqui tem muito mais gente. Tem um grande grupo de cuidadores e vários personagens autistas, todos com tempo para brilhar e seus próprios arcos dramáticos.
O filme apresenta bem os vários personagens, mostrando suas dificuldades, dramas e alegrias. Porém, o efeito é que a quantidade de gente acaba enfraquecendo todo o pacote. Esta é a história da organização em si, não das pessoas individuais que fazem parte dela, ou são ajudadas por ela. Dessa forma, fica faltando um núcleo emocional ao filme, exatamente aquilo que Intocáveis tinha de mais especial.
Não que o filme seja ruim. Ele é bem humano, e certamente vai agradar aos fãs dos diretores, mas não galga a mesma qualidade de suas obras anteriores.