Jauja

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Sabe aquela fama que os filmes de arte carregam de serem chatos e pretensiosos? Pois é, muitos deles são mesmo e produções como Jauja apenas ajudam a estigmatizá-los, não contribuindo em nada para mudar essa imagem. Temos aqui uma película que faria o Corrales ter pesadelos e sair correndo da sala de exibição assim que as luzes acendessem.

Fica difícil até dar a sinopse visto que ele não contextualiza absolutamente nada. O Aragorn é um soldado dinamarquês lutando uma guerra em um país indeterminado. Todos os seus aliados falam espanhol e aparentemente eles estão lutando contra alguma tribo nativa ou coisa que o valha.

Daí a filha dele foge com um soldado e o cara vai procurá-la, fazendo com que 85 por cento do filme seja o Viggo Mortensen andando por paisagens ermas e só. Se bem que para quem foi até Mordor destruir o Um Anel, mais um pouco de caminhada não é nada de mais.

Brincadeiras à parte, esse negócio tem toda a estética dos piores exemplares possíveis do estilo. Longos planos estáticos com gente olhando a paisagem por vários minutos. Diálogos que vão do nada a lugar nenhum. A história (ou falta dela) propositalmente sem qualquer contextualização satisfatória. E claro, quase duas horas mostrando um carinha andando por aí.

Se o que acabei de descrever no parágrafo acima o agrada, então, meu amigo, este filme é para você. Se você também sempre quis ver o Viggo Mortensen falando espanhol e dinamarquês, então você tem aí o pacote completo e ficam os meus votos para que você se divirta numa sessão desse treco.

Contudo, se você é uma pessoa minimamente normal, creio que tudo o que leu nessa resenha até agora não o deixou exatamente animado para encarar Jauja, e essa seria uma reação para lá de normal. Esta é uma produção que definitivamente não é para qualquer um, incluindo-se aí os apreciadores de filmes de arte.

CURIOSIDADE:

– Dá uma olhada na ficha técnica, delfonauta. Caramba, eu não me lembro de ter visto antes uma coprodução envolvendo tantos países assim. Tem até dinheiro brasileiro no meio. Por que estou falando disso? Por nada, só porque até isso é muito mais interessante do que toda a película junta.

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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
jaujaPaís: Argentina / Dinamarca / França / México / EUA / Alemanha / Brasil / Holanda<br> Ano: 2014<br> Gênero: Drama<br> Duração: 109 minutos<br> Roteiro: Lisandro Alonso e Fabian Casas<br> Elenco: Viggo Mortensen, Ghita Norby e Viilbjork Malling.<br> Diretor: Lisandro Alonso<br> Distribuidor: Vitrine Filmes<br>