Não é segredo. Eu considero os dois Nioh os melhores soulsborne que existem. E você sabe, eu tenho algumas reservas com a ideologia do gênero (favor não confundir com “ideologia de gênero”), e elas também se aplicam a Nioh. Mesmo assim, considero a dupla jogos absurdamente excelentes. Experiências que, embora inacessíveis, devem ser vividas por qualquer um que acredite que tenha capacidade para encará-las. E sim, sei que isso limita consideravelmente o público. Com o relançamento dos dois para PS5, você sabe: é hora da nossa análise Nioh Remastered Collection!

ANÁLISE NIOH REMASTERED COLLECTION: O QUE TEM DE NOVO

De novo mesmo, nada. A coleção inclui NiohNioh 2 junto com todos os DLCs, como é praxe. E, como é praxe, há melhorias de performance.

Nioh Remastered Collection tem três modalidades. O modo 4K roda a 4K e 60 fps. Aí, tem o modo Playstation 5. O jogo não deixa claro do que se trata, mas segundo análise da Digital Foundry, isso é basicamente um modo qualidade. A resolução fica dinâmica, em geral abaixo de 4K, mas efeitos e detalhes gráficos ficam mais pintudos. A performance continua em 60 fps.

Nioh Remastered Collection, Nioh, Nioh 2, Koei Tecmo, Delfos

Por fim, há o modo 120 fps. Esse diminui consideravelmente a resolução e os detalhes gráficos, mas roda o jogo em taxas de frames mais altas – não necessariamente atingindo 120 fps. Minha TV não suporta essa funcionalidade, então eu testei apenas os dois primeiros.

DIFERENÇA ENTRE OS MODOS

Devo dizer que, entre eles, não há muita diferença. Ambos rodam a 60 fps, que é o mais perceptível. Quanto à resolução, admito que meus olhos não percebem muita diferença entre 2160p, 1800p e 1440p, então esse aspecto é quase nulo. Da mesma forma, o modo Playstation 5 pode colocar mais moitas e aumentar detalhes de sombras, mas esse é o tipo de coisa que você só percebe em comparações lado a lado. No meio da porrada, se uma moita não aparece no modo alta resolução, você não sentirá falta dela.

O mais importante é que Nioh é um jogo lindo, tanto artisticamente quanto tecnicamente. É ótimo jogá-lo a 60 fps em altas resoluções, algo que não era possível no PS4. Algumas dessas fases têm um apelo visual enorme. Por exemplo:

Nioh Remastered Collection, Nioh, Nioh 2, Koei Tecmo, Delfos

Além do cenário bonito, na fase acima está caindo uma tempestade. O chefe em questão te ataca com raios, que fazem o cenário todo brilhar. Sem falar que o próprio design do chefe é super legal. É uma batalha absurdamente difícil, e até frustrante, mas caramba, o impacto visual é absurdo.

Claro, uma última melhoria é a quase inexistência de telas de carregamento. Mas isso é algo que me decepcionou. Embora Nioh Remastered carregue suas fases instantaneamente, ele não eliminou as telas de carregamento. Explico: quando você morre ou entra numa fase, aparece uma tela com dicas. Para voltar ao jogo, é necessário apertar X. Você pode fazer isso quase imediatamente, mas seria legal que tivessem eliminado essas telas totalmente. Além disso, sabe-se lá por qual motivo, a tela título demora um bocado para deixar você “apertar start”, às vezes mais de 30 segundos.

ANÁLISE NIOH REMASTERED COLLECTION: UPGRADE GRATUITO E RETROCOMPATIBILIDADE

Vale falar também do lado mais espinhoso do relançamento. O tipo de upgrade feito nas novas versões de Nioh são coisas que o Xbox Series X disponibiliza de graça através da retrocompatibilidade. Veja, por exemplo, New Super Lucky’s Tale, que rodava a 4K/60 no Xbox One X, e agora roda a 4K/120 no Series X. De graça.

E mais, dizem por aí que boa parte das melhorias deste remaster, em especial alta resolução com taxas de quadros melhores, até estão disponíveis nas versões retrocompatíveis. Basta escolher o modo filme com framerate variável.

Nioh Remastered Collection, Nioh, Nioh 2, Koei Tecmo, Delfos
Essa imagem lembra mais alguém de Demon’s Souls?

A boa notícia é que Nioh 2 oferece upgrade gratuito para a versão remasterizada. Se você o possui no PS4, pode baixar a versão de PS5 gratuitamente, junto com os DLCs que tenha comprado. Nioh 1 deve ser comprado à parte, mesmo para quem já tiver o jogo original.

Por fim, ambos permitem importar os saves das versões antigas, seguindo o mesmo processo de Spider-Man Remastered. No processo, vários – mas não todos – os troféus são destravados. Assim, não dá para faturar uma “platina gratuita” em Nioh, como era possível fazer no jogo do aracnídeo.

NIOH: O MELHOR SOULSBORNE

A série Nioh já foi amplamente coberta aqui no DELFOS (veja links ao final deste texto), então não tem muito mais que eu possa falar sobre ela que já não tenha falado. De todos os 70 milhões 348 mil 967 jogos soulsborne que saíram nos últimos cinco anos, Nioh é de longe meu preferido.

Nioh Remastered Collection, Nioh, Nioh 2, Koei Tecmo, Delfos
Mas convenhamos, esse é o tipo de armadilha que não deveria mais ser copiado.

Ele pega muito, obviamente, de Dark Souls e seus influenciados, mas consegue criar uma identidade própria. Em especial, seu combate é único, mais rápido, mais agressivo e mais cinemático do que o dos jogos da From Software (e, por sua vez, influenciou o que seria feito pela própria em Sekiro).

Talvez a principal diferença seja o fato de que Nioh é dividido em fases, abrindo mão do mundo interconectado comum no gênero. Ambos têm seu valor. Particularmente, eu gosto também do estilo de Nioh, de concluir uma fase e ter a sensação de missão cumprida. Seria legal que atalhos e outras características se mantivessem abertos depois da primeira jogada, mas não é o caso. Essa é minha única picuinha com o estilo “fases” de Nioh.

Nioh Remastered Collection, Nioh, Nioh 2, Koei Tecmo, Delfos
Nioh é lindo demais!

Por outro lado, cada uma das fases de história é absurdamente genial, e eu não estou exagerando ao falar isso. Não só elas são lindas, mas têm um layout incrível, e um posicionamento de inimigos, atalhos e checkpoints que podem ser usados para provar para a turma do roguelike porque jogos feitos a mão sempre serão superiores.

ANÁLISE NIOH REMASTERED COLLECTION: O QUE EU NÃO GOSTO

Apesar de tudo que ele faz de excelente, Nioh está longe de ser perfeito para mim. E, ao contrário da maioria dos representantes do gênero, minha principal picuinha com ele não é a dificuldade alta. Sim, eu gostaria que ele tivesse um modo easy, mas a real é que meu progresso em ambos os jogos é constante. Eles precisam de atenção, você morre fácil, mas não são tão repetitivos e frustrantes como a maioria do gênero. E nos chefes que parecem impossíveis, sempre há a possibilidade de chamar alguém online para simplesmente matá-lo para você.

Duas coisas racham meu bumbum em Nioh. O loot e as submissões.

Nioh Remastered Collection, Nioh, Nioh 2, Koei Tecmo, Delfos
Alguns chefes são grandinhos.

Ambas as características são as coisas que arrastam o jogo para baixo entre as fases. Isso porque, durante as fases, eu me concentro na exploração e no combate. Não fico entrando no menu para ver o que estou coletando.

GORDURA

Porém, quando a fase acaba, não tem jeito. Eu preciso passar de dez a quinze minutos comparando estatísticas e escolhendo qual das 20 espadas e 60 armaduras que peguei são as melhores para continuar minha aventura. E isso é muito chato.

Os jogos também trazem uma infinidade de sub-missões, e nenhuma delas tem a qualidade de uma missão da história. A imensa maioria envolve revisitar áreas pelas quais você já passou, começando e terminando em pontos diferentes. Em outras palavras, é uma forma extremamente fácil e preguiçosa de aumentar o conteúdo presente no jogo. Pura gordura. E os dois Nioh já são bem longos mesmo sem isso, tornando essa tática totalmente desnecessária.

Nioh Remastered Collection, Nioh, Nioh 2, Koei Tecmo, Delfos

Eu gostaria de ignorar as sub-missões, e jogar apenas as fases de história. Isso melhoraria MUITO Nioh. Porém, o lado RPG do jogo não permite isso. É necessário fazer todas as sub-missões para que seu nível fique mais ou menos acompanhando os exigidos pela história. E, mesmo assim, fazendo todas as sub-missões, chega uma hora que você vai ficar underleveled.

Jogos mais acessíveis, como Assassin’s Creed, permitem que o jogador ignore essas características de RPG mais hardcore jogando no easy ou ativando uma função que equipa automaticamente o melhor equipamento. Nioh, infelizmente, segue a fórmula criada pela From Software de se orgulhar de sua inacessibilidade. Então ou você mergulha fundo nessas mecânicas que só existem para engordar o jogo, ou vai eventualmente encontrar desafios intransponíveis no seu caminho.

QUEM QUER MAIS NIOH? EU QUERO!

Admito que já faz um tempo que eu gostaria de jogar Nioh de novo. E revisitá-lo nesta versão remasterizada está sendo um prazer. Eu comecei uma nova campanha do zero, mas não sei dizer se vou ter tempo de jogá-la até o fim. Os próprios DLCs são campanhas inéditas para mim, mas eles exigem níveis altíssimos para serem iniciados. O fato é que mesmo sem essa gordura de loot e sub-missões, os dois Nioh são jogos enormes, que duram muitas dezenas de horas. Assim, por mais que eu tenha vontade de jogar ambos novamente, não sei se terei a dedicação de ir até o fim mais uma vez.

Nioh Remastered Collection, Nioh, Nioh 2, Koei Tecmo, Delfos
Uma reverência para quem ler até aqui, e para quem lê o DELFOS diariamente! High five!

E para quem ainda não jogou? Bem, como falei no começo, se você acredita que tem a habilidade e a paciência, Nioh é uma série que vale muito a pena ser jogada. São lindos, têm um combate empolgante, e são uma tremenda conquista técnica e artística, assim como o próprio Dark Souls. Talvez você prefira as lutas lentas e o mundo conectado da From Software. Talvez goste mais do jeitão de fases e combate veloz e furioso de Nioh. Porém, é inegável que Nioh é a cria de Dark Souls com maior personalidade e qualidade.

MAIS NIOH:

Análise Nioh 2: o melhor soulsborne

Nioh

Dicas para se dar bem em Nioh