Fatal Frame sempre ocupou na minha cabeça um lugar parecido com Silent Hill. Claro, ela não é tão popular, mas ambas são séries de terror que sempre me pareceram muito interessantes, mas que eu não havia tido oportunidade de jogar. Pois isso mudou. É hora da minha análise Fatal Frame Maiden of Black Water, o mais recente jogo da série. Ele foi originalmente lançado em 2014 para Wii U e chega hoje a todos os consoles possíveis. Este relançamento inclui até versões next-gen, para Xbox Series e PS5. Esta última foi a que eu joguei.

ANÁLISE FATAL FRAME MAIDEN OF BLACK WATER

Duas coisas sempre me deixaram curioso para experimentar Fatal Frame. A primeira delas é que é um jogo de terror com temas orientais. Claro, games como Resident Evil e o próprio Silent Hill, são games de medo feitos no Japão, mas seus temas são tradicionalmente ocidentais. Outros jogos, como NiohSekiro, usam bastante da mitologia japonesa, mas são obras de ação. Fatal Frame segue uma temática fantasmagórica, comum em filmes como O ChamadoO Grito, mas que não me lembro de ter visto em nenhum outro jogo.

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Fantasmas japoneses FTW!

O outro motivo é a temática fotográfica. Delfonautas dedicados sabem que eu também sou fotógrafo e eu acho que fotografia é uma das invenções mais mágicas da humanidade. Em Fatal Frame, você se defende literalmente tirando fotos dos fantasmas. Isso se encaixa narrativamente em vários mitos, que vão desde que câmeras podem registrar eventos que nossos olhos não captam, até aquela história de que tirar uma foto captura a alma do fotografado. E eu acho tudo isso muito interessante, e um excelente tema para um jogo de terror.

ANÁLISE FATAL FRAME: ENQUADRAMENTO FATAL

Fatal Frame Maiden of Black Water tem muitas qualidades. Em especial, seu visual é muito legal. Claro, não é nada do nível de um The Last of Us 2, mas considerando que é um jogo antigo, e já na época do lançamento, saiu apenas para um console tecnicamente ultrapassado, é digno de nota o que os amigos da Koei Tecmo alcançaram aqui.

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A história, aliada à temática, também é muito legal. Já falei muitas vezes por aqui como fantasmas não me assustam. E isso é verdade também em Fatal Frame. Este não é um jogo de terror que me deixou com medo. Mas eu gostei muito do clima, da atmosfera, dos cenários, e até do combate.

O COMBATE: FOTOGRAFANDO FANTASMINHAS

O combate é sem dúvida o principal diferencial mecânico de Fatal Frame. Você vê seu personagem através de câmera no ombro, estilo Resident Evil 4. Porém, na hora de atacar, deve olhar pela câmera fotográfica, o que deixa a visão em primeira pessoa. Então, você deve enquadrar o máximo de pontos vulneráveis do fantasma e bater a foto.

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Cada ponto destacado no corpo do fantasma é vulnerável.

Você tem vários tipos de filmes. A diferença entre eles é o dano que causam e o tempo que levam para recarregar. Isso é uma opção estranha, pois quanto mais fraco é o dano, mais eles demoram para recarregar. Os melhores filmes recarregam rápido, mas são tão raros que dificilmente você terá mais de um ou dois “tiros”, tornando a velocidade de carregamento inútil.

Ao contrário de Resident Evil, aqui a quantidade de munição não chega a ser um problema. Dá para acumular algumas dezenas de “tiros” dos filmes medianos e, mesmo que eles acabem, o filme mais fraco é ilimitado.

ANÁLISE FATAL FRAME MAIDEN OF BLACK WATER: MAIS SOBRE O COMBATE

Embora eu tenha gostado do combate, mecanicamente é um tanto cansativo. Ao contrário da maioria dos survival horrors, quando aparece um inimigo, você TEM que lutar. Se sair correndo, o fantasma simplesmente se teleporta para a sua frente, onde quer que você esteja.

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Crianças fantasmas, sempre assustadoras.

A questão é que todos os inimigos demoram muito para morrer. Você tira dez ou mais fotos deles, e daí trava a mira para ver o quanto ainda têm de vida, apenas para constatar que tirou apenas 15% dela. A coisa fica cansativa quando você quer avançar na fase, e não para de aparecer fantasma.

MOVIMENTAÇÃO E EXPLORAÇÃO

Talvez o principal problema de Fatal Frame Maiden of Black Water seja quão lento ele é. Seu personagem anda devagar, quase parando. Para se movimentar mais rápido, é necessário segurar o R. E isso faz ele se mover um pouco mais rápido, mas ainda lento, para a frente. A sensação é que você está controlando um carrinho, pois para andar para frente, você não usa a alavanca, apenas segura o R, como se este fosse o botão do acelerador. Se isso parece ruim para um jogo em terceira pessoa, é porque é mesmo.

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Você pode ser capturado ao tentar pegar itens.

Pegar itens também é extremamente lento. Você deve segurar o R2, o que faz seu personagem começar a mover a mão lentamente em direção ao item. A ideia é ficar ligado, pois durante essa animação, uma mão fantasma pode aparecer e te segurar. Para escapar, você deve largar o R2 quando o fantasma aparecer. É mais um caso que eu entendo a proposta, mas a execução não acrescenta, deixando o jogo ainda mais arrastado.

Por fim, há a animação de abrir portas. Toda vez que você quer mudar de sala, há uma lenta animação do personagem abrindo as portas. Coisa de 10 segundos por porta. Imagino que, assim como no primeiro Resident Evil, isso fosse originalmente uma forma de mascarar os carregamentos. Porém, aqui estamos no PS5, e Fatal Frame Maiden of Black Water funciona na prática quase sem loads. Então isso só contribui para deixar um jogo extremamente lento ainda mais lento. Um verdadeiro pesadelo para jogadores hiperativos como eu.

O LEVEL DESIGN DE FATAL FRAME

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Talvez o principal problema seja o level design. Ou melhor, quão repetitivas são as fases.

Explico: o jogo tem um mapa, um caminho mais ou menos linear até o topo da montanha. Nesse caminho, há algumas intersecções que levam a várias casas e outros objetos de interesse. Você me conhece, para mim um jogo perfeito é como Uncharted: você começa num ponto do mapa e termina no outro, sem repetição. Fatal Frame Maiden of Black Water não é assim.

Ele é dividido em fases. Em uma fase, você pode precisar ir até uma casa no meio do caminho e a fase termina enquanto você explora a casa, deixando uma ou duas portas ainda fechadas. Na fase seguinte, você precisa fazer todo o caminho de volta para aquela casa, e agora abrir as portas que não podiam ser abertas antes. Chega a acontecer de duas fases seguidas obrigarem você a fazer o mesmo caminho, do ponto A ao ponto B, com personagens diferentes.

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Peraí, acho que eu esqueci o fogão ligado lá em casa.

Em geral, quando você está explorando uma região pela primeira vez, a coisa é um prazer. Na segunda, terceira, quarta ou quinta, vai ficando cada vez mais maçante. Fatal Frame Maiden of Black Water é longo demais para o conteúdo que oferece, especialmente porque boa parte do jogo envolve passar repetidas vezes pelas mesmas telas.

Veja, não é como a mansão Spencer de Resident Evil, em que você vai abrindo novas áreas conforme explora. Cada fase é uma viagem linear do ponto A ao ponto B. O problema é que o caminho é quase sempre um caminho que você já explorou antes. E mais de uma vez.

ANÁLISE FATAL FRAME MAIDEN OF BLACK WATER: THE END

Fatal Frame Maiden of Black Water é mais um jogo daquela leva dos que me deixam dividido. Eu gostei muito de algumas coisas dele, como a temática, o visual e a exploração. Porém, ele é tão absurdamente repetitivo, tão lento e tão longo que se torna extremamente cansativo. E enjoa muito, muito antes de terminar.

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Eita! Tocar uma mulher enquanto ela dorme não é aceitável, Fatal Frame!

No fim das contas, eu gostei de ter tido a oportunidade de finalmente experimentar um Fatal Frame. Muito provavelmente, se um novo jogo da série fosse feito hoje em dia, melhoraria muitos dos pontos que apontei como defeitos. Se isso vai de fato acontecer, eu não sei, mas pelo menos consegui colocar um Fatal Frame na minha carteirinha gamer.