Kin se vende como uma ficção científica cheia de ação focada no público jovem. Aliás, dá para tirar qualquer outra conclusão do pôster abaixo?
Pois ok. A gente gosta de filmes de ação e ficção científica feitos para jovens aqui no DELFOS. Ou vai dizer que você nunca leu uma das dezenas de matérias que escrevemos sobre Star Wars?
Mas há um problema bem grave quando a fé na nova franquia é tão grande que ela sequer começa em seu primeiro episódio. Mas não coloquemos os sabres de luz antes de usar a força. Falemos um pouco do que de fato está em Kin.
KIN
Aqui conhecemos os irmãos Eli (Myles Truitt) e Jimmy (Jack Reynor). O mais velho, Jimmy, acaba de sair da prisão, e lá contraiu uma dívida com uma versão malvada do James Franco.
Enquanto isso, Eli, que tira uns trocados vendendo sucata, encontra uma arma estilosa ao lado de uns presuntos de armadura. Como qualquer um de nós, ele pensa “WTF!?”, pega a arma e volta para casa.
Após uma confusão envolvendo Jimmy e sua dívida, os manos acabam tendo que fugir. Mas o segundo Duende Verde não vai deixar barato, e vai caçá-los por todos os Estados Unidos, se necessário.
Agora lembra da arma estilosa? Pois é, ela tem dono, e dois indivíduos de máscara estão atrás dela, e conseguem ver sua localização sempre que ela é usada. Vamos chamá-los doravante de Gunwraiths, devido à óbvia semelhança com os Ringwraiths de O Senhor dos Anéis.
O SENHOR DOS ANÉIS
Aliás, esta é uma comparação bem feliz. Lembra aquele diálogo de O Balconista 2 que o sujeito diz que O Senhor Dos Anéis são três filmes de pessoas andando?
É basicamente por aí. A gente acompanha os irmãos em uma road trip pelos EUA, mas ao contrário de O Senhor dos Anéis ou bons filmes sobre road trips, quase não há um contexto. Tem o ladrãozinho de meia tijela atrás deles, mas obviamente os Gunwraiths são muito mais importantes para a história que Kin deseja contar.
E sabe quando ele finalmente começa a contar esta história? Quando termina. Mantendo a comparação com clássicos do cinema de fantasia, é como se Harry Potter e a Pedra Filosofal terminasse quando Harry descobre a existência de Hogwarts.
Ou então permita-me fazer uma comparação com uma história que todos conhecem. Imagine um filme do Homem-Aranha. Fácil, né? Tem três séries diferentes para se escolher. Agora imagine que o primeiro deles terminasse quando Peter Parker fosse picado pela aranha. Não vemos os poderes, não vemos o Tio Ben morrendo, não vemos o próprio Homem-Aranha.
Isto é Kin. É o primeiro ato da saga do herói. São os primeiros 20 minutos de qualquer filme do gênero expandidos para 100 minutos. Basicamente, a coisa toda é uma enorme sinopse.
AMBIÇÃO
Nada contra ambição, ou mesmo contra grandes franquias. Pegue o universo cinemático da Marvel. Embora haja uma história maior, que visa culminar em um grande clímax, cada filme tem sua própria história individual. Mesmo uma boa série que conte uma história geral, tem um arco dramático em cada episódio.
Não é o caso de Kin. Isso é só uma introdução. É um demo vendido como filme. Pelo jeito a produtora tem muita fé no potencial da marca, pois a julgar pelo que temos aqui, a ideia não é fazer uma trilogia, mas algumas dezenas de filmes.
Talvez Kin se torne um novo James Bond, uma franquia infinita e atemporal. Porém, pelo que temos aqui, diria que é bem mais provável que siga o caminho de Salt (um filme com alto investimento do estúdio e que ficou totalmente esquecido no tempo), e termine antes mesmo de começar.