Eu nunca fui numa escape room e, para ser sincero, nem tenho vontade de ir. Mas é inegável que o negócio virou uma febre mundial e aqui em São Paulo apareceram do nada várias delas. Então, era questão de tempo até que alguém fizesse um filme de terror com esta ambientação.

Toma aí Escape Room, o filme, e seu título super-criativo. Nele, seis estranhos ganham a chance de participar de um desafio super elaborado de escape room. Quem conseguir completar os enigmas das várias salas e chegar ao final, sai com uma boa grana no bolso.

A pegadinha, eles não demoram a perceber, é que o lugar parece ter sido projetado por alguém que, tal como um Joselito, não sabe brincar, e levou a coisa a sério demais. Todas as salas da “brincadeira” possuem armadilhas letais e, se os participantes não resolverem os puzzles e abrirem a porta para a sala seguinte a tempo, eles morrem matados de verdade.

Delfos. Escape Room, CartazObviamente, este conceito de uma galera presa num lugar cheio de armadilhas não é nenhuma novidade, e todo mundo vai associar imediatamente este longa com a franquia Jogos Mortais. Voltando ainda mais no tempo, também lembra bastante a premissa de Cubo (1997), porém sem o elemento de sci-fi.

A diferença deste para qualquer um dos Jogos Mortais é que aqui as armadilhas não exigem que os participantes cometam atos de automutilação para vencê-las. São mesmo enigmas ocultos pela sala que levam a um código, chave ou maçaneta que abre o próximo ambiente.

VOCÊ CONSEGUIRIA ESCAPAR?

As armadilhas são aquelas coisas tipo uma sala com as paredes que vão se fechando até esmagar tudo e por aí vai. E as próprias salas têm decorações e temas específicos, como as escape rooms da vida real.

Bom, mas para uma produção que parece ser um filhote de Jogos Mortais, surpreende a “coxinhice” da coisa toda. A produção toda é bem “mé” durante toda sua duração, sem um pingo de criatividade, sem ser difícil adivinhar a ordem de quem vai morrer em qual sala.

Delfos, Escape Room

Mas ao menos as mortes poderiam ser divertidas. Se não fossem tão limpinhas. Praticamente não tem sangue aqui. Quase todos eles morrem de formas bem higiênicas, sem derramar uma gotinha de sangue sequer. É isso que dá ficar fazendo filme de terror escorado em mortes com classificação PG-13 (aqui no Brasil, 14 anos).

E o final, a explicação de quem está por trás de tudo e porquê, é bem besta. Tivesse entrado o Jigsaw (olha que dava) na cena teria realmente causado alguma surpresa. Mas isto é apenas uma cópia bem genérica, diluída e bem menos violenta da série Jogos Mortais. Sendo assim, melhor mesmo é rever alguns dos seus episódios favoritos da saga em questão e deixar este Escape Room pra lá.

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Nota
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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
critica-escape-roomTítulo: Escape Room<br> País: África do Sul/EUA<br> Ano: 2019<br> Gênero: Terror<br> Duração: 99 minutos<br> Distribuidora: Sony<br> Data de estreia: 07/02/2019<br> Direção: Adam Robitel<br> Roteiro: Bragi F. Schut e Maria Melnik<br> Elenco: Taylor Russell, Logan Miller, Jay Ellis, Tyler Labine e Deborah Ann Woll.