As Duas Faces de Janeiro

0

Baseado em um romance de Patricia Highsmith, a mesma autora do mais conhecido O Talentoso Ripley (que também já teve sua versão cinematográfica), chega aos nossos cinemas este As Duas Faces de Janeiro, mais um thriller com tensão e reviravoltas, bem ao estilo de sua história mais famosa.

Desta vez a ação rola na Grécia, terra visitada pelo Corrales recentemente. Um casal estadunidense (Viggo Mortensen e a Mary Jane) está de férias por lá e faz amizade com um guia turístico também estadunidense (Oscar Isaac). Mas acontece que o maridão é um tremendo de um empresário picareta e os credores dão um jeito de ir atrás dele, cobrar a grana que lhes é devida.

O cara acaba fazendo uma besteira e precisa se mandar do país o mais rápido possível. O guia turístico então tratará de ajudar os dois a sair da terra de Platão e, enquanto isso, vai se engraçando com a mulher do cara, que obviamente não gosta nada do que está percebendo. Logo, esse triângulo vai deixar a situação ainda mais nervosa.

Esse é aquele típico filme que a princípio tem a maior cara de genérico. Manja aquelas produções que se passam em cenários deslumbrantes com o único propósito de encher os olhos do espectador e desviar sua atenção do fato de que ele não tem uma narrativa que preste? Pois é, parecia ser o caso aqui.

Mas essa impressão rapidamente se desfaz, pois ele, embora não crie nada de novo, até que é bem mais bacaninha do que eu esperava, e consegue prender bem a atenção durante seus 96 minutos de duração. Sim, os belos cenários gregos e a charmosa ambientação nos anos 60 ajudam muito, mas a trama também é bem legal, principalmente a escalada do relacionamento entre os três protagonistas.

As obrigatórias reviravoltas de roteiro do gênero também funcionam bem, e uma delas em especial é bastante surpreendente, levando o filme para uma direção que eu não esperava, mas que continua deixando o trabalho divertido e o encaminha bem para seu último ato.

Não é um grande filme e sequer é algo especialmente marcante, mas visto como uma obra menor funciona muito bem, escorado principalmente pela tensão entre os três personagens principais, em bons trabalhos de atuação dos atores. Ainda assim, vale dizer que quem esperar por algo mais movimentado pode acabar se decepcionando, visto que a película se escora menos na ação e mais no clima de que em algum momento algo pode dar errado.

Para quem gosta de um thriller, sem dúvida vale a assistida. Contudo, esse é o tipo de filme que geralmente não recomendo para ver no cinema. Acho que rende melhor se assistido em casa, numa tarde regada a pipoca e refrigerante. Nesse contexto, As Duas Faces de Janeiro desce bem.

REVER GERAL
Nota
Artigo anteriorO Abutre
Próximo artigoGirlie Hell – Hit and Run
Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
as-duas-faces-de-janeiroPaís: Reino Unido/França/EUA<br> Ano: 2014<br> Gênero: Thriller<br> Duração: 96 minutos<br> Roteiro: Hossein Amini<br> Elenco: Viggo Mortensen, Kirsten Dunst e Oscar Isaac.<br> Diretor: Hossein Amini<br> Distribuidor: Imagem<br>