Este World War Z game não me deixava muito animado. Afinal, eu sou um jogador com fortes preferências por single player e este, claramente, é pensado para ser saboreado com amigos. Agora se você acha que os jogos da Ubisoft têm bugs demais ou que o lançamento de Anthem foi desastroso… Meu amigo, você precisa ler nossa análise World War Z.

ANÁLISE WORLD WAR Z

World War Z é um third-person shooter com uma campanha planejada para ser jogada em quatro pessoas, online ou offline. Ele não reinventa a roda. O gameplay é exatamente o que você espera do gênero, desde o mapeamento dos botões até a seleção de armas, que abrange aquela gama tradicional que vai de escopeta a rifles de assalto, passando por pistolas com silenciadores e bazucas.

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World War Z é imediatamente familiar, mas isso não é ruim.

Até o esquema de loadout é bem tradicional, seguindo a linha de Destiny. Você tem uma arma primária (recomendo equipar aqui algo na linha de uma metralhadora), uma secundária (pistolas, em geral) e uma pesada (bazucas, motosserras, etc). World War Z é imediatamente familiar para fãs de jogos de tiro, categoria na qual me incluo. Isso, portanto, não é ruim, especialmente porque não há tutoriais.

O ponto que o diferencia são seus zumbis corredores, que podem aparecer em grupos de até 500 na mesma tela. E eles seguem a mesma estratégia do filme Guerra Mundial Z, fazendo pirâmides para escalar lugares inacessíveis e pegar os jogadores.

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Tipo assim.

E é bem divertido atirar na base dessas pirâmides e ver a formação desmoronando. Não, World War Z não é um jogo especialmente bonito, mas a quantidade de zumbis e a forma como eles se comportam impressiona e contribui para diferenciar a obra.

HISTÓRIA

Não tem muita história, na real. Sim, há um roteiro e os personagens falam durante as missões, mas não há cutscenes propriamente ditas, apenas planos abertos de câmera com narração. Ainda assim, sua campanha é dividida de forma interessante, em quatro capítulos que acontecem em cidades ao redor do mundo: Nova Iorque, Moscou, Jerusalem e Tóquio.

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Os zumbis podem vir de qualquer lugar. Não esqueça de olhar para cima!

Cada capítulo é composto de duas ou três fases e formam histórias independentes. Isso é bom pelo fato de que, por ser um jogo online, nem sempre você vai fazer as missões na ordem. E outra vantagem desta opção narrativa é que, com várias histórias espalhadas pelo mundo, dá realmente a sensação de que está rolando uma guerra mundial. Uma Guerra Mundial Z. Rá!

World War Z teve um timing péssimo em seu lançamento. Ele saiu pouco tempo depois de Anthem The Division 2, dois shooters coop bastante superiores. E saiu apenas uma semana antes do hypado Days Gone, que também traz como diferencial uma pá de zumbis na tela.

Isso o tornaria um tanto genérico. Talvez o azarão entre os jogos de ação do início de 2019. Mas ele ainda poderia ser legal. O problema é que para isso ele precisaria funcionar.

QUEBRADO

Eu tinha acabado de entrar na minha primeira partida. Estava enfrentando o primeiro grupo de zumbis, literalmente alguns segundos depois do início. Daí a tela congelou por um breve momento, e apareceu isso.

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Desconectado.

Após um longo carregamento, eu estava de volta na tela título, sem meu time. Isso não foi um azar de primeira viagem. Ao longo dos dias em que passei fazendo a campanha de World War Z, raras foram as vezes em que eu consegui chegar ao final de um capítulo.

Os motivos variavam. Desconectar era comum, mas também era comum um NPC que deveria ir de um ponto a outro se recusar a andar ou o jogo não registrar que um objetivo foi cumprido. Tudo isso exigia reiniciar a fase desde o início – e elas são bem longas.

Em outros casos, rolava uma tela de carregamento infinita e, mais raramente, mas ainda comum, o jogo fechava automaticamente, voltando ao painel do PS4. Uma dessas vezes, ao tentar rodar o jogo novamente, vi a seguinte tela, que nunca tinha visto antes.

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Save corrompido.

Pois é, meu save foi corrompido. O lado bom foi que ele carregou automaticamente um backup. O lado ruim? Eu perdi várias horas de progresso, tendo que destravar novamente vários dos upgrades que já estava habituado a usar.

Além do jogo estar tecnicamente jogando contra você o tempo todo, há também um gamedesign que simplesmente odeia o jogador.

WORLD WAR Z GAME TE ODEIA

Se você jogar World War Z, não vai demorar para odiar um tipo de inimigo específico: o lurker. Trata-se de um zumbi que fica escondido em cantos escuros e, quando você passa por ali, ele te agarra. O que torna isso tão frustrante é que não dá para escapar. Mesmo que você esteja com a vida cheia, ele vai te matar, a não ser que outro jogador te salve. Ele demora uns 20 segundos para tirar toda sua vida, mas nem sempre tem alguém por perto. Morrer desta forma é frustrante e injusto, especialmente porque, se você morre e não for revivido, demora cerca de dois minutos para poder voltar ao jogo.

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Não adianta resistir. Isso é morte certa.

Tinha que ter alguma forma de defesa. Seja no estilo arcade de martelar os botões para escapar ou, vá lá, no estilo Dark Souls, que ele te larga depois de fazer um dano pré-estabelecido. Simplesmente uma sentença de morte é muito injusto, especialmente porque não dá para evitar que ele te agarre, o bicho sempre aparece de surpresa.

Ainda tem outro monstro com este agarrão mortal, mas este pelo menos é um ataque telegrafado e evitável, embora também seja morte certa se te pegar e não tiver um coleguinha por perto.

Infelizmente, o ódio que World War Z tem pelo jogador não acaba por aí. Boa parte das missões envolve objetivos de escolta, do tipo “zumbi pegou NPC, o time todo falha”. Para piorar, várias dessas missões envolvem o NPC ficar esperando em um lugar enquanto você cumpre outros objetivos distantes. Pensa que o NPC ficaria seguro nestes casos? Não, isso seria bom demais. A qualquer momento pode aparecer uma contagem de 30 segundos para que você salve o NPC. Se todos estiverem longe, o time todo falha.

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Todo o capítulo de Jerusalem é uma grande escort mission.

Parece frustrante? Pois para piorar ainda tem friendly fire não desativável. Ou seja, você pode estar desesperadamente atirando contra centenas de zumbis, quando um colega passa na frente dos seus tiros e você mata ele.

Agora sabe qual é o prego no caixão para todas estas mortes instantâneas? Não há checkpoints. Se o time todo – ou um NPC – morrer, você volta para a tela título.

AUTO-SABOTAGEM

Entre problemas técnicos que te expulsam do jogo ou um gamedesign punitivo, cheio de falhas instantâneas e ausência total de checkpoints, agora você entendeu porque é realmente raro chegar ao final de uma fase. E isso quando o problema não for com seu time.

Por exemplo, teve uma vez que cumprimos todos os objetivos. Para vencer a fase só precisávamos nos juntar na saída. Eu fui correndo para lá e, quando cheguei, percebi que meu time estava brincando de matar zumbis. Eu os fiquei chamando por mais de cinco minutos, sendo totalmente ignorado. Daí um NPC foi atacado. Contagem de 30 segundos. Ninguém por perto. Falha total. 45 minutos de jogo no lixo por causa dos meus companheiros.

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Com este tipo de funcionamento, eu me vi insistindo em cada fase até sentir que já tinha visto o suficiente dela. É bastante comum falhar ou perder a conexão no que parecem ser os últimos objetivos, daí eu simplesmente selecionava a seguinte. Mas isso significa que você não ganha as recompensas e não se torna elegível para os troféus.

World War Z poderia ser um jogo legal, mas para isso precisava de mais algum tempo no forno para acertar seus problemas técnicos, e um QA mais exigente para melhorar seu design desnecessariamente punitivo. Com tanta coisa jogando contra ele, o fato de ser basicamente uma versão genérica de Left 4 Dead é o menor de seus problemas.

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Quem é o próximo?

Imagino que pelo menos seus problemas técnicos sejam corrigidos com patches em algum momento. Ainda assim, não espere que World War Z seja melhor do que The Division 2 algum dia. Mas, se pelo menos ele funcionar direito, pode haver alguma diversão por aqui.

World War Z foi analisado através de um código de PS4 enviado pela Saber Interactive.