Antes de começar Those Who Remain, eu cheguei a ler algumas análises gringas bem negativas. Assim, minhas expectativas já estavam baixas na hora de começar. Porém, nada me preparou para o desastre que viria. Esta é nossa análise Those Who Remain.

ANÁLISE THOSE WHO REMAIN

Those Who Remain é um jogo de terror moderno, ou seja, sem combate. Vira e mexe, você é caçado por uns monstrinhos, mas o grosso do gameplay envolve explorar, resolver puzzles e entender a história.

Esta gira em torno de um caso de bullying que evoluiu para assassinato. Ao longo das fases (sim, Those Who Remain é dividido em fases), você vai encontrar informações dos culpados pelo crime, e depois terá que julgar ou absolver os meliantes.

Análise Those Who Remain, Camel 101, Wired Productions, Delfos
Eu fiquei realmente incomodado pelo quarto de um dos bullies ter um adesivo escrito metal. Todos sabemos que headbangers estão mais sujeitos a sofrer bullying do que a causar.

Em geral, você vê o que o sujeito fez de errado, e depois uma informação que supostamente o exime da culpa. Pelo que pude constatar, se você perdoar todo mundo, verá o final bom. Se condenar pelo menos uma pessoa, verá o final ruim e, se condenar todos, o final pesadelo.

Porém, eu passei minha campanha inteira perdoando todo mundo – mesmo os que não mereciam – e fazendo os caminhos mais longos para evitar criar novas vítimas, e mesmo assim recebi o final ruim. Este veio acompanhado da mensagem que eu matei pelo menos uma pessoa. A questão é que eu não fiz isso, o que aparentemente é só mais um de muitos problemas técnicos que eu vou elaborar aqui.

Análise Those Who Remain, Camel 101, Wired Productions, Delfos
Tipo o tronco dessa árvore. Eu juro que não sei se esse formato é um problema técnico ou se é algo feito para causar medo.

GAMEPLAY

A história é até boa o suficiente para o gênero. Admito que ela ficaria mais interessante se o jogo fosse menos preto no branco. Se, para conseguir o melhor final, você precisasse condenar as pessoas realmente más e poupar as que apenas cometeram um erro de julgamento.

Ao longo da campanha, você vai passar por lugares públicos, como bibliotecas e postos de gasolina, mas também vai explorar a casa dos culpados e das vítimas. Cada fase é dividida em dois mundos: há o mundo tradicional e o dos espíritos. Em alguns casos, você viaja entre eles passando por uma porta. Em outros, há um timer. Nos casos do timer, em geral você precisa evitar os perigos de um lado enquanto o jogo mostra o outro. É, provavelmente, a mecânica mais interessante de Those Who Remain.

No entanto, abundam mecânicas que vão de fracas a irritantes. Temos uma obsessão ridícula com abrir gavetas e armários. Há momentos na campanha em que você encontra dúzias de portas, e interagir com elas não é opcional, uma vez que boa parte dos itens de história estarão lá dentro.

Análise Those Who Remain, Camel 101, Wired Productions, Delfos
Um cenário típico de Those Who Remain: você tem que abrir cada armário individualmente.

Ainda sobre mecânicas mal pensadas, em determinada fase, você precisa passar por estreitas plataformas enquanto carrega barris de óleo que bloqueiam sua visão.

Análise Those Who Remain, Camel 101, Wired Productions, Delfos
Esta foto não é meramente ilustrativa.

E daí precisa colocar os barris em botões que ativam a próxima passagem, mas os barris saem rodando e podem cair no buraco, exigindo restaurar o save. É tudo muito mal planejado e parece sequer ter sido testado.

Isso sem falar nos problemas técnicos realmente graves.

OS PROBLEMAS TÉCNICOS REALMENTE GRAVES

Eu terminei Those Who Remain em cerca de seis a sete horas. Nesse tempo, encontrei pelo menos dez problemas gravíssimos.

Estes vão desde coisas como o chão sumir, fazendo o personagem cair infinitamente, exigindo restaurar o save; até travamentos reais, em que o Xbox One simplesmente fecha o jogo e volta para o painel.

Isso tudo se torna ainda mais grave por quão homeopáticos são os saves. O comum é o jogo só salvar no início de uma fase, mas em alguns momentos de lua, ele resolve salvar três vezes em menos de um minuto. O ponto é que não é nem um pouco confiável.

Você pode passar 30 minutos explorando um largo cenário, coletando itens e resolvendo puzzles para rolar um pau e ter que fazer tudo de novo. Saves limitados já são um problema grave em qualquer jogo. Em um que quebra e trava duas ou três vezes POR HORA torna a experiência toda um suplício.

Análise Those Who Remain, Camel 101, Wired Productions, Delfos

Some tudo isso ao fato de que ele não apresenta nada de novo e que mesmo em seus melhores momentos não empolga, e jogar Those Who Remain foi, para mim, o desperdício de um sábado. A vida é simplesmente muito curta para gastar em um jogo como esse, tornando impossível recomendá-lo mesmo para os fãs mais ardentes de games de terror.