A série Wonder Boy é uma das mais antigas dos games, mas tirando aquela modificação que se tornou Mônica no Castelo do Dragão, para o Master System, eu nunca tinha jogado um deles. Monster Boy and the Cursed Kingdom, embora não tenha o nome, é divulgado como uma sequência oficial, inclusive tendo o envolvimento de Ryuichi Nishizawa, um dos desenvolvedores originais de Wonder Boy.

UMA BOA SURPRESA

Eu esperava que Monster Boy and the Cursed Kingdom fosse um jogo de plataforma tradicional, dividido em fases. Embora eu adore o gênero, admito que fiquei agradavelmente surpreso ao constatar que é, na verdade, um metroidvania. E um dos metroidvanias mais bonitos que eu já vi, diga-se de passagem.

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Dá para contar nos dedos quantos jogos são mais bonitos do que isso.

Aliás, as surpresas boas já começaram logo que rodei o jogo, uma vez que ele traz uma belíssima introdução em desenho animado e com uma música cantada. Senti-me jogando um game esquecido de Sega-CD.

TODO MUNDO VIROU BICHINHO

A história começa quando o seu tio passa voando em um barril e transforma todo mundo em bichos antropomorfizados. Você, o moleque de cabelo azul da imagem acima, vira um simpático porquinho. Ao longo da aventura, novas formas serão desbloqueadas e, na melhor tradição metroidvania, cada uma tem habilidades e poderes específicos.

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O porquinho solta magias.

Tem também um leve toque de RPG, com uma quantidade limitada de armaduras que trazem efeitos diferentes. Isso encheu um pouco o saco no início, pois a primeira peça que você pega é uma bota que diminui sua velocidade, mas permite afundar na água. O jogo abre com uma área de exploração anfíbia, o que significa que você tem que ficar tirando e pondo a botinha a toda hora. Felizmente, isso é algo que só acontece na abertura.

Até porque depois que você vira o porquinho, fica várias horas sem poder usar equipamento. Esta habilidade retorna ao desbloquear a forma de sapo, mas daí a maioria das roupas tem upgrades, como pulo duplo, sem limitações. Fica mais agradável.

O sapo é a forma mais útil, graças a sua linguinha esperta.

A exploração não inventa a roda. Há uma cidade central, de onde você pode ir para as outras áreas, desde que já tenha adquirido a habilidade específica. O que torna o jogo tão legal é seu level design. Metroidvanias focam na exploracão, em um mundo envolvente. Jogos de plataforma 2D têm a intenção de que cada passo seja um desafio ou uma diversão.

Monster Boy and the Cursed Kingdom combina bem estes dois lados. O audiovisual é perfeito, e se o level design não é tão afiado quanto o de um Donkey Kong Country, ainda assim é excelente, especialmente quando se aproveita das habilidades de locomoção do sapinho.

MONSTER BOY AND THE CURSED KINGDOM

Vira e mexe, claro, encontramos chefes. São bichos grandes e simpáticos que envolvem uso de táticas e habilidades específicas para serem derrotados. E são todos muito legais, sem nunca apelar para uma dificuldade injusta ou por confrontos longos demais.

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Os chefes são tão simpáticos quanto o resto dos personagens.

E tem a música, que é uma das mais legais dos últimos tempos. Parte dela é de autoria do tremendão Yuzo Koshiro, que você deve se lembrar como o autor de trilhas famosas como Streets of RageShenmueRevenge of Shinobi. As músicas de Monster Boy and the Cursed Kingdom têm uma veia roqueira, repletas de solos de guitarra e muita alegria, o que me lembrou o estilo de Joe Satriani. E isso muito me agrada.

Além disso, é um jogo relativamente longo, com várias áreas, formas e habilidades diferentes. É daqueles metroidvanias em que você termina o jogo absurdamente mais poderoso do que começou. O lado ruim é quando o jogo exige o uso de várias habilidades diferentes, pois você precisa ficar alternando formas e itens, às vezes no meio de um pulo.

Neste aspecto, eu diria que a jogabilidade fluiria melhor se todas as habilidades estivessem concentradas em uma única forma, estilo Guacamelee!, mas não chega a ser um problema grave.

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O que é um problema maior é que, infelizmente, ele não mantém o fôlego durante sua duração e, nas últimas fases, o level design cai bastante. A mansão assombrada se destaca como altamente irritante. Este provavelmente é o ponto onde a maioria dos jogadores ou vai desistir, ou vai buscar por guias. No fim, é uma aventura que começa empolgante, mas que a maioria das pessoas vai abandonar antes de terminar.

Monster Boy and the Cursed Kingdom veio como uma grande surpresa. Um jogo lindo e com um excelente level design, pelo menos na sua primeira metade. Se você curte o gênero, vale a investida, mas vá avisado que as primeira metade é bem melhor do que a segunda.