Maneater chega hoje ao PS4, Xbox One e Windows. Posteriormente, deve chegar também ao Switch. Este é um jogo que eu gostaria que influenciasse mais a indústria. Isso porque, embora seja mais um RPG de ação em mundo aberto, traz uma temática e uma jogabilidade novas, pensadas especialmente para ele. Você fica sabendo de tudo na nossa análise Maneater game.

ANÁLISE MANEATER GAME: VOCÊ É O TUBARÃO

Em Maneater, você controla um tubarão (ou melhor, uma tubaroa) desde a nenitude. O jogo começa com sua mãe sendo caçada, e com um caçador mutilando a protagonista e devolvendo-a ao oceano. Seu objetivo agora é crescer, ficar cada vez mais poderosa e, eventualmente, se vingar do caçador. Achievement unlocked.

Conforme você come, cumpre missões e sobe de nível, vai crescendo. De filhote para adolescente, adulto, ancião e, finalmente mega. Os equipamentos tão comuns em RPGs aqui são mutações. Por exemplo, você pode equipar uma carapaça de osso, que, claro, afeta suas estatísticas e visual. No final do jogo, a tubaroazinha vira um verdadeiro monstro mutante.

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A carapaça de osso, e a tela de equipamentos de Maneater.

Por mais que eu reclame do excesso de RPGs de mundo aberto por aqui, Maneater é um caso em que isso faz sentido na sua proposta. Afinal, uma carapaça realmente afetaria a força de um tubarão. Por outro lado, acho difícil que duas metralhadoras tenham danos tão diferentes quanto os videogames querem que a gente aceite.

Uma demonstração de como o sistema de RPGs faz sentido aqui é que, quando você é filhote, os jacarés dão uma canseira. Até dá para vencê-los, mas eles te matam facilmente. Já na forma adulta, eles não dão para o cheiro. Você vai de lutar contra peixinhos a exterminar cachalotes. Poucos jogos têm uma curva de poder tão bem feita quanto Maneater.

A temática criativa também faz com que o gameplay seja totalmente único. Afinal, aqui você se movimenta na água, o que significa que pode atacar e ser atacado de qualquer direção. Para se defender, você pode apelar para mordidas, rabadas e, claro, atropeladas. Comer qualquer animal ou humano recupera sua vida.

Minha única reclamação com o combate é a impossibilidade de travar a mira no inimigo que você está caçando. Apertar o R3 foca a câmera nele, mas é algo imediato, não permanente. Assim, lutas mais longas, especialmente contra orcas, exigem pressionar o R3 dezenas de vezes só para encontrar o inimigo.

O PRINCIPAL PROBLEMA É O LEVEL DESIGN

Apesar de ser um jogo focado em uma campanha single playerManeater acredita que pode se sustentar simplesmente na novidade de seu gameplay. Assim, as missões não são nada criativas. Elas envolvem objetivos como “coma 10 peixes específicos” ou “vença um predador” ou “consuma 10 humanos”. E é basicamente isso que você faz o jogo inteiro, tanto nas missões de história quanto nas sidemissions.

Tocar o terror na humanidade faz subir seu nível de infâmia e, ao completar um nível, aparece um caçador com nome, que fornece mutações exclusivas quando vencido. É o mais próximo que Maneater tem de loot, mas felizmente não é frequente o suficiente para exigir ficar um tempão nos menus.

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De vez em quando popa um chefe.

A rotina é bem repetitiva. Depois de cumprir todas as missões de história em uma região, aparece um superpredador, que funciona como um chefe. Vencê-lo libera a oportunidade de ir até determinado ponto do mapa para assistir a uma cutscene relacionada ao caçador que matou sua mãe. Daí é hora de um novo capítulo, em uma nova região do mapa.

E aí também chega a hora de eu falar do principal problema na minha experiência com o jogo. Após vencer o cabeça de martelo da imagem acima, o jogo não me passou mais missões de história. Passei um tempo fazendo sidequests e pegando colecionáveis, mas nada de uma nova missão de história aparecer. Fui até para as áreas do mapa que ainda não tinha visitado e nada. E o jogo ficava me pentelhando para eu entrar no quest log para ver as missões, sendo que não tinha nada lá. Só depois de várias horas, descobri por acaso que, para progredir, eu precisava subir meu nível de infâmia. Seria interessante se o jogo falasse isso diretamente para mim nos tutoriais.

Isso aconteceu quando eu estava com seis horas de jogo. Terminei a campanha com dez horas, fazendo todas as sidemissions e pegando mais da metade dos colecionáveis.

APESAR DOS PESARES

Apesar do gameplay repetitivo, Maneater causa situações muito engraçadas. Você consegue se mover fora da água por alguns segundos, então é possível atacar humanos que estão na piscina da sua própria casa, por exemplo.

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Chega mais!

Mesmo na praia, há situações engraçadas, como o tubarão pulando da água e se arrastando pela areia atrás de mais vítimas.

Obviamente, na vida real não há nada engraçado em um ataque de tubarão. Porém, no contexto absurdo deste videogame, eu soltei várias gargalhadas. É muito nonsense sair da água com um pulo duplo e começar a perseguir os humanos que estavam na praia enquanto se arrasta pela areia. Os humanos são bem burraldos, em geral ficam parados gritando, apenas esperando você terminar de comer o coleguinha para então chegar a vez deles.

Maneater lembra o primeiro Assassin’s Creed. Ou seja, tem uma fundação sólida de mecânicas e uma temática interessante. Seu gameplay é repetitivo, mas tem potencial para se beneficiar enormemente de uma continuação.