Análise Arashi, Endeavor One, PS VR, Delfos

Agosto de 2021 foi um mês atipicamente forte para o PS VR. Estamos falando de uma plataforma que tem um monte de tech demos, mas pouquíssimos jogos que parecem de fato experiências completas. E a gente teve Fracked outro dia que, apesar dos pesares, é bem ambicioso. E hoje? Ora pois, hoje é dia da nossa análise Arashi: Castles of Sin.

ANÁLISE ARASHI: CASTLES OF SIN

Você já deve ter deduzido isso através de seus incríveis poderes de dedução, mas Arashi: Castles of Sin é também um jogo completo e ambicioso. Em muitos aspectos, ele me lembrou Sekiro. Talvez gamers com um repertório maior de PS1 lembrem mais de Tenchu.

Arachi é um jogo deliciosamente simples, daquele que te mostra exatamente como vai ser logo nos primeiros minutos. Basicamente, tem seis carinhas malvados dentro de castelos. Você deve invadir cada fortaleza e assassiná-los.

Apesar de você e os inimigos serem todos samurais, a jogabilidade é bem mais próxima de algo ninja. Arashi é absolutamente stealth. Nas sombras, você é perigosíssimo, capaz de ceifar vidas quase sem esforço. No duelo, é muito frágil. Se meta com dois ou três inimigos ao mesmo tempo, e provavelmente não vai acabar bem.

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O momento em que não acaba bem, preservado para a eternidade.

stealth é básico, porém divertido. Chegue por trás de um caboclo e movimente seu braço perto dele. Sanguinho voa. Ele cai.

A MOVIMENTAÇÃO DA ANÁLISE ARASHI

Considerando que estamos falando de um jogo exclusivo de PS VR, nosso herói é até bem ágil. Ele pula, escala e, principalmente, tem um gancho que possibilita subir nos telhados e outros lugares altos sem esforço.

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Às vezes até por baixo da ponte.

Arashi não é um jogo de ação, mas de estratégia. Logo no início, eu me vi morrendo repetidamente para dois inimigos aparentemente inevitáveis. Só depois de morrer muito e eventualmente vencê-los em duelo, eu percebi que poderia ter usado meu gancho e passado reto pelas telhas da casa.

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Olhe para cima para achar caminhos estratégicos. Seus inimigos não farão o mesmo.

Essa é a pegada que deixa o jogo legal. As fases são lineares, mas têm espaço suficiente para exploração. Eventualmente, você vai ter que duelar, mas boa parte dos confrontos podem ser, literalmente, pulados por cima. Pelo menos até conseguir chegar por trás.

Além da sua espada, você tem também uma grande quantidade de armas com munição limitada. Arcos, shurikens e até granadas e bombas. Cada uma tem sua utilidade. Por exemplo, os explosivos são as únicas armas de longo alcance capazes de machucar a galera que usa armadura. Mas, obviamente, eles fazem barulho, então é sempre mais inteligente limpar os arredores de um desses brucutus antes de explodi-lo.

AU-AU

Mas sabe qual é sua principal arma no stealth? Seu doguinho!

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Ali, no canto esquerdo.

O cachorro é a melhor arma à distância. Se tiver um brucutu na sua frente e mais ninguém nos arredores, é só mandar o canino segurar o cara e se aproximar tranquilamente para eliminá-lo. Em alguns casos com vários inimigos, como na imagem acima, você pode mandar o au-au pegar um cara enquanto luta com outro.

O problema – e isso me incomodou bastante – é que, uma vez que o combate começa, o cachorro não obedece mais. Se você estiver sendo atacado por três inimigos, o bichinho fica só lá, andando de um lado para o outro, enquanto os caras fazem gangbang com o jogador.

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Cachorro aranha, cachorro aranha, ele não morde enquanto você apanha.

Seria legal que ele tivesse alguma IA para ajudar a distrair, atacar, ou pelo menos que te obedecesse quando você mandasse ele segurar alguém no meio de um combate. Mas não, o dog, assim como o arco, é uma arma exclusivamente para stealth. E não dá para fazer carinho nele.

DUELO

Os duelos são bem tradicionais entre as batalhas de espadas em VR. Não são muito diferentes, por exemplo, do que temos em Vader Immortal ou Golem. Porém, aqui eles não funcionam tão bem. Os inimigos têm tendência de se aproximar de você e, quando estão pertos demais, eles te acertam, mas seus bloqueios e ataques se tornam inúteis. As espadadas também carecem de impacto. Pode parecer pela beleza visual, mas Arashi não tem o orçamento desses jogos. Aqui é tudo um tanto menos polido, menos funcional do que eu gostaria.

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É incrível o salto de dificuldade que o jogo dá no duelo. É quase impossível retomar a stealth uma vez que ela é quebrada. Foi avistado, é matar ou morrer. Isso é complicado porque a maioria das áreas tem checkpoint apenas no início. Então você pode passar muito tempo planejando e executando um ataque perfeito, exterminar mais de dez samurais, pegar vários colecionáveis. E daí um brucutu de armadura e um arqueiro te avistam e você tem chance quase zero de vencer. E tem que voltar lá do início.

Isso fica ainda mais curioso por quão fáceis são os duelos com os chefes. Quase todas as lutas são iguais. A diferença é a quantidade de vida de cada inimigo. Porém, como sempre há um checkpoint na sala do chefe, perder o duelo permite tentar de novo imediatamente. E é estranho essa quase inexistência de punição ao falhar quando as fases em si são tão punitivas.

SEM ENJOOS – OU QUASE

Um problema grave em jogos de VR com movimentação livre é a propensão a enjoo. E assim como FrackedArashi tem bastante escalada. Porém, neste aspecto ele é mais polido. Escalar uma parede mantém seu campo de visão afastado da parede. Na prática, suas mãos seguram bem longe das beiradas, o que é feio pra burro. Porém, é um sacrifício que estou disposto a fazer para não passar mal. E dá certo.

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Em alguns momentos, Arashi me deixou meio tonto, mas eram casos pontuais em que eu cheguei muito perto de uma parede ou comecei uma escalada de um ângulo ruim. Em geral, Arashi está no mesmo nível de Resident Evil 7 na questão conforto. Ou seja, é bem confortável, com raríssimas exceções.

E SE ARASHI NÃO FOSSE EM VR?

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Stalkeando pelos telhados.

Verdade seja dita. Fosse um jogo tradicional, em 2D e com controles normais, Arashi não seria muito bom. Porém, ele é exclusivo de VR, e foi totalmente planejado para tal. E, assim, ele funciona bem. É imersivo, é bonito, tem um som envolvente e, mais importante, é um jogo completo. Se a ideia de stalkear uns samurais andando pelos telhados lhe apetece, Arashi certamente agradar-lhe-á!