Afterlife é um filme em VR

Com alguma interatividade.

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Afterlife, PSVR, Delfos, VR

Afterlife é um projeto interessante. Basicamente, é um filme que você assiste em realidade virtual.

A história envolve uma família lidando com a morte de um de seus filhos. A experiência é dividida em três capítulos e dura em torno de 30 minutos.

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Há alguma interatividade. A mais interessante delas depende de para onde você olha. Pois é, isso, que é tão sutil e quase inconsciente, vai determinar o andamento da história. Ao final do primeiro capítulo, aparece um gráfico mostrando o caminho que eu segui, e eu sinceramente sequer percebi onde fiz minhas escolhas.

Em outros momentos, a interatividade é mais clara. Alguns objetos vão ser destacados com um cursor vermelho, e você deve apontar para eles com o controle e apertar o botão. Na minha história, isso aconteceu apenas duas vezes, e só em uma delas de fato havia mais de uma coisa para interagir. E, seguindo o gráfico de conclusão de capítulo, aparentemente foi esta escolha que determinou o final da minha história.

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Há três finais possíveis, mas uma grande quantidade de caminhos. Embora a interatividade “inconsciente” seja bacana experimentalmente, se você não sabe onde está fazendo escolhas fica difícil ver todos os caminhos possíveis. Afterlife é criado para ser visto em uma só sentada. Não há saves, troféus nem nada que o gamifique. É literalmente um filme, mas sem a possibilidade de rebobinar e sequer de pausar (a não ser que você abra o sistema do PS4 para forçar uma interrupção).

NARRATIVA

A história tem alguns problemas graves. Logo no início, por exemplo, a família recebe a visita de um policial que está investigando o pai por um desaparecimento não relacionado. Isso nunca é desenvolvido e nem é mais citado depois (pelo menos não foi na minha história), o que faz pensar porque diabos está no filme.

As atuações também não são muito boas, sendo bastante exageradas e melodramáticas, mesmo considerando que é uma história de luto.

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Também há alguma falta de cuidado com o uso do VR. Algumas cenas de diálogos acontecem atrás de você, obrigando a ficar olhando para trás para ver os personagens, ou então ficar observando uma parede e apenas ouvindo a conversa. Isso não é um problema se você estiver em pé, mas quem assiste a filmes em pé?

Tudo acontece em uma única locação, e tem cara de baixo orçamento, o que deve ser o caso, e não é necessariamente um problema.

Afterlife vale pelo experimento. Salvo engano, acredito que foi a primeira vez que eu vi um filme em live action em VR, e as possibilidades narrativas de contar uma história através desta tecnologia são enormes. Fico imaginando as possibilidades se um diretor como James Cameron criasse um filme em VR de alto orçamento, mas sei que é bem difícil de isso acontecer.

Por outro lado, é o tipo de cultura bem alternativa, e me parece difícil convencer as pessoas a pagarem seis dólares para assistir a este filme (que não tem legendas em português, apenas inglês ou francês). É o tipo de experiência que soa mais apropriada para serviços como o Netflix ou o Xbox Game Pass, tirando o fato de que, claro, nenhum deles tem conteúdo em VR.

CURIOSIDADE:

After: Life também é o nome de uma banda de metal brasileira. Conheça o trabalho deles aqui.