Em um mundo justo, a raposinha Lucky seria bem mais conhecida do que realmente é. Eu já era fã da série pelos jogos sem VR que saíram para consoles (Super Lucky’s Tale e o turbinado New Super Lucky’s Tale). Mas ainda não tinha tido oportunidade de experimentar o primeirão. Até agora. Bem-vindo à análise Lucky’s Tale no PS VR.

Lucky’s Tale saiu originalmente apenas para Oculus Rift, em 2016. No final de 2021, ganhou uma versão remasterizada para Quest 2Steam VR. E agora, em abril de 2022, finalmente chega ao PS VR, onde eu posso experimentá-lo. E sabe do que mais? Vamos, todo mundo junto comigo agora: Lucky’s Tale é uma delicinha!

ANÁLISE LUCKY’S TALE

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Delícia!

Lucky’s Tale é um plataforma 3D em fases. AKA meu gênero preferido. Por ser em VR, imediatamente lembra Astro Bot Rescue Mission. Eu diria que é menos elaborado. As fases são deliciosas, mas têm menos colecionáveis espalhados. Ou melhor, os colecionáveis estão separados pelas modalidades de jogo.

Dá para jogar cada missão com três objetivos. O Story Mode é o padrão, e coloca um presente escondido em cada capítulo. Aí tem o Time Trial, com objetivos de tempo que concedem medalhas de bronze, prata e ouro. Finalmente, tem o Red Coins. Este é parecido com o Story Mode, mas ao invés de esconder um presente em cada fase, esconde 25 moedinhas vermelhas.

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Cada fase tem uma linda tela personalizada mostrando o cenário do lugar.

Num jogo como Super Mario, Crash Bandicoot ou mesmo o Astro Bot, as moedas vermelhas e os presentes estariam na mesma modalidade. Aqui foram separados, provavelmente por uma questão de orçamento e duração. Lucky’s Tale é um jogo independente, daqueles que soca acima do seu peso.

Para fazer fases com esta qualidade e este visual, algo tem que ceder. No caso, foi a duração. Dá para terminar Lucky’s Tale em uma tarde (e eu terminei neste tempo). Daí separar os objetivos em platythroughs diferentes é uma forma de aumentar a duração artificialmente. Não é algo que eu goste, mas entendo porque foi feito assim.

LUCKY’S TALE É DELÍCIA DELICIOSA

De fato não há muito conteúdo aqui. São apenas 14 fases, e um único chefe. Mas o que está aqui é fantástico. E digo mais, não acho que os jogos precisam estender artificialmente sua duração. Gostaria de ter mais Lucky’s Tale? Sim, gostaria, pois amei o que está aqui. Mas também há algo muito gostoso em começar e terminar um jogo no mesmo dia. Especialmente em VR, que é algo que costuma cansar bastante em pouco tempo.

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E tem outra coisa: Lucky’s Tale não tem gordura alguma. Absolutamente todas as fases, e o chefe final, são ótimos. Ele durou apenas um par de horas, mas foi um tempo em que estampou um enorme sorriso permanente no meu rosto.

É até um contraste com a continuação sem VR, Super Lucky’s Tale. Lá há mais conteúdo, mas com isso vêm várias missões mais filler, mais com um estilo coletaton/sidemissions do que simplesmente capitalizando em cima de deliciosas fases de plataforma.

LUCKY’S TALE EM VR

Claro, há também o fato de ser VR. E esta é uma tecnologia que não é bem representada em screenshots. Vendo as imagens nesta matéria, você sinceramente não terá noção de como Lucky’s Tale é lindo para quem está com o headset na própria cabeça.

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Como dá para ver acima, o visual é low-poly. Isso se deve provavelmente ao fato de VR exigir taxas de quadros altíssimas para o conforto do jogador. Mas a coisa é artisticamente linda. “Estar dentro” de um desses mundos cartunescos e coloridos é um enorme prazer. Dito isso, passado o impacto inicial, que certamente arrancará um “uau”, você o jogará como qualquer outro game bonito de plataforma. O VR não é algo realmente necessário para Lucky’s Tale ser bom. Inclusive, ele usa o Dualshock/Dualsense, como qualquer outro jogo 2D “normal”.

CORRE QUE A CÂMERA VAI ATRÁS!

Outra concessão que acredito ter sido feita ao VR é a velocidade da câmera. Jogos antigos, lá da época dos 8/16 bit, comumente tinham câmeras que se movimentavam mais devagar que os personagens. Lucky’s Tale é assim, mas por motivos diferentes.

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Se você sair correndo por esse caminho, vai deixar a câmera para trás.

Lucky se movimenta rapidinho, como qualquer herói conhecido de plataforma. Porém, se a câmera se movimentar muito rápido em VR, pode causar enjoo. Então ela é mais lenta. Como Lucky não é Sonic (ainda que seja muito parecido com Tails), a velocidade não é exatamente uma questão. Haverá momentos em que você vai parar de andar por alguns segundos para a câmera “alcançar”. Sim, seria melhor se a câmera fosse mais rápida, mas se o custo disso for deixar enjoado – ou deixar Lucky lento demais – acredito que a Playful tomou a decisão certa.

ANÁLISE LUCKY’S TALE: UM DOS MAIS DIVERTIDOS GAMES EM VR

Uns meses atrás, eu escrevi minha lista de melhores jogos de PS VR. Certamente se Lucky’s Tale estivesse disponível para PS VR naquela época, estaria nela. Ele não tem o mesmo polimento ou escopo de um Astro Bot Rescue Mission, mas onde realmente importa, no level design e na diversão, chega muito perto.

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Delicinha, né?

Se você também curte deliciosos plataformas 3D, com seus personagens fofinhos e mundos alegres e coloridos, além de uma jogabilidade deliciosa, Lucky’s Tale vale a compra fácil, fácil. Não é algo que vai te vender para a tecnologia do VR, mas certamente vai te divertir tanto quanto alguns clássicos da Nintendo. E isso é mais do que o suficiente para mim.

REVER GERAL
Nota:
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
analise-luckys-tale-ps-vrDisponível: Oculus Rift, Quest 2, Steam VR, PS4 VR<br> Analisada: PS4 VR<br> Desenvolvedora: Playful<br> Editora: Playful<br> Lançamento: 28 de março de 2016 (Rift), 18 de novembro de 2021 (Quest 2), 9 de dezembro de 2021 (Steam VR), 7 de abril de 2022 (PS VR)<br> Gênero: Plataforma 3D, mas em VR, meu!