Talvez eu esteja me esquecendo de algum, mas me parece que filmes de esportes vêm em basicamente dois sabores. Ou são comédias escrachadas, como Com a Bola Toda, ou são oscarizáveis, como Rocky e este A Guerra dos Sexos.

Meu problema com eles não é nem isso, mas o fato de que, independente do sabor escolhido, a história é sempre a mesma. Sempre temos um underdog, um protagonista ou um time sem apoio, mas que com muita perseverança, treino e força de vontade, acaba vencendo os desafios e se dando bem.

Aqui, Emma Stone é Billie Jean King, tenista que existiu na vida real e que pode ou não ter sido engravidada pelo Michael Jackson e inspirado uma música onde ele dizia não ser pai da criança.

Pois a moça percebe que as tenistas mulheres estão recebendo prêmios muito inferiores aos dados para indivíduos providos de pênis. O Bill Pullman explica para ela que o tênis masculino atrai mais gente e mais patrocinadores, mas ela não aceita isso e resolve formar uma liga própria só de mulheres.

A Guerra dos Sexos, Delfos

Não demora para elas conseguirem patrocínio e começarem a atrair um bom público, o que incomoda os machos chauvinistas, especialmente Bobby Riggs (Steve Carell), tenista de uma geração anterior que, para provar que os homens são melhores que as mulheres e que o lugar das moças é na cozinha e no quarto, começa a desafiá-las para uma partida, no que ficaria conhecido como A Guerra dos Sexos.

Se você já assistiu a qualquer filme de esporte, sabe bem o que vem por aí. Pode ser o Vince Vaughn querendo salvar sua academia ou pode ser a Emma Stone querendo provar que mulheres são tão pintudas quanto os homens, os pontos narrativos atingidos por ambos os filmes são exatamente os mesmos.

E sabe de uma coisa? Como um macho criado pela cultura dos videogames dos anos 90, eu discordo da igualdade dos sexos no tênis. Afinal, os videogames me ensinaram que personagens homens eram mais fortes e as femininas eram mais rápidas. Tênis me parece um esporte focado basicamente na velocidade, então a vantagem é das mulheres. Tadinho do macho chauvinista oprimido.

Esta pegada girl power do filme, no final das contas, é o que provavelmente vai diferenciá-lo dos demais. Imagino que vai ter gente que vai gostar de ver esta importante história para a igualdade de gênero no cinema, mas os personagens homens são tão vilanizados e tão unidimensionais que o negócio beira o cartunesco.

A GUERRA DOS SEXOS

Praticamente todo homem do filme parece ser uma vitrola quebrada, dizendo coisas como “homens são melhores” ou “eu amo as mulheres, mas elas têm que saber seu lugar”. Considerando que o filme se passa nos anos 70, e não na era medieval, o negócio tinha obrigação de ser um pouco mais desenvolvido para ser levado a sério.

A Guerra dos Sexos, Delfos
Pois é, parece que todas as imagens de divulgação disponíveis são da mesma cena.

Claro, não duvido que o Bobby Riggs da vida real tenha falado várias dessas besteiras, mas tenho dificuldades em aceitar que este era o padrão nos anos 70. Meu pai não é assim. Meu avô não era assim. Nenhum dos homens mais velhos que eu que conheço são assim.

Eles podiam até pensar que mulheres não poderiam competir com homens nos esportes, mas eles falam coisas muito mais absurdas do que isso durante o filme, insistentemente. Tem um cara que se mete numa discussão com a Billie Jean que fala simplesmente que os homens são melhores, ora bolas.

Isso enfraquece o filme, afinal, não é uma comédia com Vince Vaughn. Ele se leva a sério demais. E, com a história manjada e personagens mal desenvolvidos, eu simplesmente não consigo levá-lo a sério. Mas, meninas, esta é sua chance de ver o Steve Carell posando nu. Eu sei que vocês sempre quiseram isso secretamente.