Blue Jasmine

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O precursor do visual estereotípico nerd, o cineasta Woody Allen, vem de uma excelente fase. Seus filmes recentes incluem alguns de seus melhores trabalhos, como Vicky Cristina Barcelona, Tudo Pode Dar Certo e Meia Noite em Paris. Porém, seu filme anterior, Para Roma Com Amor, já tinha dado uma quedinha na qualidade. Infelizmente, Blue Jasmine continua essa tendência, e decepciona.

Aqui conhecemos a Jasmine triste (Cate Blanchett), uma socialite passando por tempos difíceis. Acontece que ela foi por um bom tempo casada com Hal (Alec Baldwin), e o cara era um tremendo vigarista, que enriqueceu falindo outras pessoas. Pois é, talvez a Jasmine não fosse tão triste se seguisse uma das maiores máximas da história: nunca confie em um Baldwin!

Uma das vítimas de Hal foi a irmã de Jasmine, que tinha faturado 200 mil doletas na loteria e resolveu investir o nem tão suado dinheirinho em um investimento sugerido pelo sacana. Se deu mal, é claro (nunca confie em um Baldwin, lembra?), mas mesmo assim resolve abrigar a irmã recém-falida em sua humilde residência.

O filme se alterna entre duas narrativas. Uma pré-falência e outra, a principal, com Jasmine já devidamente pobretona. Este é um dos problemas. Não há nenhuma diferenciação entre as duas, e cabe ao espectador deduzir qual história está assistindo pela lógica. Isso, em alguns momentos, deixa o longa um tanto confuso. Nada que realmente vá deixar o inteligente delfonauta em apuros, mas eu já não estenderia essa opinião para alguém que sequer tem a massa cinzenta necessária para ler o DELFOS.

Outro problema, talvez até mais grave, é que o longa não parece ter um propósito. Ele não chega a lugar nenhum, terminando exatamente como começou. Sobra o desenvolvimento dos personagens e, como é comum na obra de Allen, esta é justamente sua principal força.

Os personagens são muito bem construídos, e as atuações de todo o elenco se destacam, o que seria essencial em um filme tão focado em como cada um deles reage a determinadas situações ou às outras pessoas. A Jasmine, em especial, é uma personagem bastante complicada. Deprimida e esquizofrênica, ela não se importa em ser gentil com quem não pode ajudá-la de alguma forma, e este é um dos principais conflitos que a sua irmã encara ao longo do longa (rá!).

Isso vai sem dizer, mas sempre vale destacar: cara, como a trilha sonora é legal. Eu gosto muito das músicas que o Madeirinha escolhe para seus filmes, e são sempre estilos de música que me agradam, mas que eu não tenho um grande conhecimento. E lá vamos nós para a Argentina dar um jeito de achar a trilha sonora para aumentar o repertório das minhas playlists.

No final das contas, Blue Jasmine ainda é um Woody Allen. E, como o Cyrino disse há algum tempo sobre o Neil Gaiman, mesmo um Woody Allen fraco é melhor do que muita coisa por aí. Mas cá entre nós, eu gostaria de ver novamente algo do nível dos longas citados no primeiro parágrafo. Vai dizer que você não?

REVER GERAL
Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
blue-jasminePaís: EUA<br> Ano: 2013<br> Roteiro: Woody Allen<br> Elenco: Alec Baldwin, Cate Blanchett, Louis C.K., Bobby Canavale, Andrew Dice Clay, Sally Hawkins; Peter Sarsgaard e Michael Stuhlbarg.<br> Diretor: Woody Allen<br> Distribuidor: Imagem<br>