O delfonauta dedicado sabe que eu comecei a curtir os longas do Woody Allen quando passei a escrever sobre os filmes dele aqui no DELFOS. Antes disso, admito que achava o baixinho um tanto pedante. Pois permita-me dizer: Um Dia de Chuva em Nova York traz Allen em seu lado mais pedante. E também se tornou o filme dele que eu mais gostei desde este aqui.

CRÍTICA UM DIA DE CHUVA EM NOVA YORK

Aqui conhecemos um casal de jovens ricos. Ele, um intelectual de Nova Iorque que não se dá bem na escola. Ela, herdeira de um banco do Arizona, estudante de jornalismo e repórter do jornal da faculdade. Tudo começa quando ela tem a oportunidade de entrevistar em NY um diretor que admira muito. Um daqueles caras cult, mas sem grande apelo às massas, não tão diferente do próprio Woody Allen.

Eles decidem então aproveitar a viagem a trabalho da moça para passar um dia na metrópole. Ele tem vários planos de onde comer, onde se hospedar. Ela só quer fazer uma boa matéria. Quando o diretor oferece um furo a ela, os planos do raparigo acabam sendo frustrados. A partir daí, nós acompanhamos os dois, cada um do seu lado, vivendo Um Dia de Chuva em Nova York.

Crítica Um Dia de Chuva em Nova York, Woody Allen, Delfos
Os protagonistas, em um dos raros momentos juntos.

Embora eu não pretenda abordar os bastidores deste filme, não podia deixar de fazer uma comparação polêmica por aqui. Um Dia de Chuva em Nova York pode ser definido como uma versão intelectual de um clássico do Kevin Smith. Tá, eu sei que seria mais apropriado dizer o contrário. Mas fique comigo enquanto defendo meu argumento.

ALGUMA POLÊMICA TEM QUE TER

Crítica Um Dia de Chuva em Nova York, Woody Allen, Delfos
Na foto: polêmica.

Assim como nos clássicos do Kevin Smith, Um Dia de Chuva em Nova York faz seu humor em cima de referências. Porém, ao invés de discussões nerds envolvendo Star WarsO Senhor dos Anéis, aqui as referências são a obras de Prost ou Monet. Hoje em dia, assim como o diretor fictício interpretado por Liev Schreiber, esta turma não tem o apelo massivo de um Star Wars. Então o humor do filme fica mais restrito – e por exigir este estofo cultural do espectador, um tanto pedante.

Crítica Um Dia de Chuva em Nova York, Woody Allen, DelfosTem hora que o namorado faz tanta referência na mesma frase que é difícil acompanhar, mesmo que você conheça tudo. E, mesmo na sessão de imprensa, teve umas boas vezes que eu ri sozinho – e em outras todo mundo riu menos eu. Quão engraçado o filme vai ser terá uma relação direta com seu repertório de cultura clássica.

E os diálogos são simplesmente sensacionais. Este é um filme de diálogos acima de tudo. Boa parte das cenas são longas e envolvem duas pessoas conversando. Porém, a coisa é tão afiada e rápida, que nunca fica chato.

NEED FOR SPEED

Este é um daqueles filmes que algumas pessoas vão achar lento demais. Outros, como eu, vão pensar exatamente o contrário. Depende do quanto você se interesse pelos diálogos e pelas situações apresentadas nele.

Eu mesmo já vivi algo parecido. Ao fazer esta entrevista, acabei me atrasando para um compromisso com minha então namorada. Não foi nada tão dramático quanto no filme, é claro, mas semelhante o suficiente para me fazer lembrar com carinho dos primórdios do DELFOS. E assim como o protagonista, eu também sou um romântico incurável, algo que nem sempre é ecoado pelas minhas parceiras. E apesar dos diálogos e de todo o repertório intelectual, Um Dia de Chuva em Nova York é um filme de amor – e um bem romântico.

Crítica Um Dia de Chuva em Nova York, Woody Allen, Delfos

Mesmo sem você ter vivido algo assim, como você está no DELFOS, deduzo que você também é um apaixonado por cultura em geral. Então, pedante ou não, consigo recomendar Um Dia de Chuva em Nova York sem receio. Bora pro cinema!