Considerando a força da IP da Turma da Mônica, vou dizer que nunca fez sentido para mim eles estarem tão ausentes do cinema. A essa altura, eu já esperava ter todo um Mauricioverso, com filmes do PitecoPenadinhoAstronauta… Ao invés disso, até outro dia nem tinha um live-action com a turminha principal. Bom, este Mauricioverso parece finalmente estar sendo construído, pois cá estamos com o primeiro longa da Turma da Mônica Jovem.

Turma da Mônica Jovem, Mauricio de Sousa, Turma da Mônica, DelfosAdmito que minha relação com a Turma da Mônica Jovem é limitada a antes de esta marca existir. Na época em que eu acompanhava os gibis, de vez em quando tinha histórias com os personagens mais velhos, mas a marca e as histórias frequentes e separadas vieram quando eu já tinha mudado meus hábitos de leitura para o muito mais adulto e sério mundo dos super-heróis.

CRÍTICA TURMA DA MÔNICA JOVEM REFLEXOS DO MEDO

Desta forma, achei estranho quando vi o trailer e constatei que este seria um filme sobrenatural, não uma aventura tradicional da turminha, como os longas anteriores. Talvez isso seja o esperado para quem conhece e curte os personagens adolescentes, mas para mim causou um certo estranhamento. Afinal, Turma da Mônica Jovem Reflexos do Medo poderia ser um filme do Scooby-Doo.

Tudo começa quando o Museu do Limoeiro é colocado a leilão. A galerinha não quer que algo tão importante para a história do bairro seja vendido, então eles protestam. O que eles, com exceção do Cascão, não sabiam, é que o museu era a base de operações do fantasma Cabeça de Balde. Ou algo assim, sinceramente a ligação entre as coisas é bem tênue e não fica claro se é um roteiro fraco ou se deixaram em aberto para a continuação (o que também não é bacana).

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Após mexer nos livros de feitiçaria da Magali, a Mônica solta um feitiço, Evil-Deadstyle, que faz com que o fantasma comece a possuir todo mundo. Obviamente, cabe a nossos heróis salvar o bairro. Ei, ainda bem que a Magali é uma aprendiz de feiticeira, né?

ELENCO MUITO BEM ESCOLHIDO

Assim como os filmes com os personagens crianças, a principal qualidade é a escolha do elenco. Todos os personagens realmente são parecidos com suas versões dos gibis, o que é ainda mais potencializado por um figurino extremamente bem selecionado.

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Isso nos leva a outro problema que quem não acompanha a Turma da Mônica Jovem vai sentir: os personagens aqui perderam a essência. O Cebolinha não fala “elado”, a Magali não está sempre com fome, essas coisas. E sim, entendo que o bonitinho para crianças nem sempre continua sendo em personagens crescidos, mas ainda assim, se não fosse o elenco e as roupas, este filme da Turma da Mônica poderia ser dos Detetives do Prédio Azul ou alguma outra coisa parecida. Na verdade, sim, Reflexos do Medo me parece uma aventura mais apropriada para DPA do que para a Turma da Mônica.

Ele também comete um erro muito comum nesta época de franquias exageradas, que é terminar a história, mas logo em seguida colocar alguns segundos para mostrar que nada terminou. Isso é ainda pior do que o que fizeram com Aranhaverso, pois pelo menos naquele caso é um filme dividido em duas partes. Reflexos do Medo é um filme que termina, e daí começa um outro filme nos segundos finais. Tivessem cortado estes segundos, provavelmente a nota seria até moderadamente maior.

MÔNICA’S GANG TEEN

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Talvez seja tarde para um Mauricioverso. O primeiro filme da Turma da Mônica foi especial para mim, pois foi a primeira vez que vi os personagens do gibi na vida real. O segundo já foi mais fraco. Agora que está se expandindo, começo a sentir a mesma fadiga que tenho hoje com o Universo Marvel e todos os outros compartilhamentos de IPs que têm dominado a cultura pop nos últimos anos.

Como marca corporativa, absolutamente entendo a necessidade de levar os personagens do Mauricioverso para o cinema. Mas se não for feito com cuidado e planejamento, a franquia corre sérios riscos de cansar antes mesmo de começar. E é o que eu senti com Reflexos do Medo. Ele já não me empolgou no durante, mas terminar com a promessa de que “vem muito mais por aí” só me deixa cansado, como um videogame com 500 horas de “conteúdo”.