Já tivemos reboots/remakes de Sexta-Feira 13HalloweenA Hora do Pesadelo. Quem falta? Ora pois, o Chucky é claro. Chegou a hora da nossa crítica Brinquedo Assassino.

CRÍTICA BRINQUEDO ASSASSINO

Ao contrário dos outros reboots de slashers clássicos, este Brinquedo Assassino mudou completamente a história, dando a ela ares de ficção científica. O próprio Chucky, apesar de manter um visual semelhante ao original, é um personagem totalmente novo.

O novo Chucky faz parte de uma linha de máquinas que é muito mais do que um simples brinquedo. Chamados de Buddi, são robôs dotados de alta inteligência artificial, que controlam equipamentos eletrônicos domésticos para facilitar sua vida. Basicamente, é o tipo de robozinho que a ficção científica vem nos prometendo há décadas, mas os cientistas incompetentes ainda não conseguiram realizar. Sério mesmo, alguém deveria mandar esses caras trabalharem direito!

Acontece que um montador desiludido lá do Vietnã (sério!) resolveu desligar o inibidor de violência em um dos bonecos. Daí aconteceu isso aqui ó:

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Mas veja bem, isso não foi o suficiente para transformar o brinquedo em assassino. Acontece que as crianças do bairro logo percebem que o Chucky não é como os outros Buddi. E daí literalmente começam a ensinar violência para ele por acharem engraçado. O que, convenhamos, é a parte mais real do filme. Qualquer pessoa que acha que crianças são fofinhas e inocentes claramente não se lembra de como a infância é agressiva e estressante. Ela é muito mais próxima de um episódio de South Park do que de um filme da Disney.

LEMBRA DE A.I.?

Pois o novo Brinquedo Assassino me lembrou bastante a primeira parte de A. I. (aquele filme do Spielberg lançado na idade das trevas em que o DELFOS não existia). A motivação do novo Chucky é a amizade que ele foi programado para sentir pelo moleque Andy, não tão diferente do amor do Haley Joel Osment pela “mamãe”.

Seus primeiros crimes, obviamente, acontecem por ele acreditar que são desejos do menino e, quando o moleque se volta contra o brinquedo, acaba adquirindo ares de vingança por ciúmes.

O filme é bastante violento, com mortes extremamente gráficas, mas que usam a violência como humor. A temática de Brinquedo Assassino sempre foi boba demais para ser levada a sério e, embora este não siga um humor escrachado como os filmes mais recentes, está claramente mais interessado em fazer rir do que em assustar.

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“Há controvérsias!”, disse a Aubrey Plaza.

E sabe o que mais? Funciona. Eu realmente me diverti na projeção, e dei boas risadas. Aliás, eu fiquei boa parte da sessão meditando se esta origem tecnológica (um robô com inibidor de violência desligado) é mais boba do que a abordagem original (um assassino transferindo sua alma para um brinquedo). Sinceramente, as duas são extremamente bobas, então este Brinquedo Assassino acerta em não se levar a sério.

Crítica Brinquedo Assassino, Brinquedo Assassino, Chucky, Mark Hamill, DelfosMAIS REIMAGINAÇÃO DO QUE REMAKE

Lendo até aqui, você com certeza já percebeu como o Brinquedo Assassino de 2019 é diferente da série clássica, especialmente pelo próprio boneco que intitula a obra. Dublado pelo eterno Luke Skywalker, Mark Hamill, eu esperava que o ator fizesse a mesma voz que usou para o Coringa (o que considero a versão definitiva do personagem). No entanto, o cara realmente manda muito bem em trabalho de voz, a ponto de que, se eu não soubesse quem era, não teria adivinhado nunca. O novo Chucky não tem o humor sádico e a voz agressiva do original (dublado pelo também tremendão Brad Dourif), e talvez por isso seja até mais assustador.

Aliás, o novo design também chama a atenção, embora não pelos motivos certos. Os criadores claramente não quiseram se afastar muito do clássico, mas o que mudaram deixou o boneco simplesmente feio. Ele logo de cara parece um vilão, estando muito mais próximo da Annabelle. O original, quando não está fazendo cara de malvado, parece uma boneca fofinha normal. Já este, é creepy o tempo todo. As pessoas nunca dariam um brinquedo com este design para uma criança.

ICÔNICO

Meu principal problema com Brinquedo Assassino (2019), no entanto, é quão icônico é o personagem original. Ao reimaginar Chucky, sem dúvida ele ficou mais moderno e atual, mas também perdeu muito do apelo e do humor. Antes, quem arrancava as risadas era o próprio Chucky, não a violência ou os outros personagens. Por mais que Mark Hamill tenha feito um bom trabalho nesta dublagem, o novo boneco carece do carisma do anterior.

O filme diverte? Sim, sem dúvida. Se você curte comédias de humor negro, sem dúvida vai passar uma tarde agradável com ele. Agora será que o novo Chucky iniciará uma série tão prolífica e divertida quanto aquele surgido em 1988? Difícil dizer, mas acredito que este Brinquedo Assassino vai seguir o mesmo caminho traçado pelos novos Jason e Freddy Krueger, e acabar quase esquecido.