Gigantes de Aço

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Se há algo que a franquia Transformers nos ensinou, é que ter robôs gigantes se destruindo não garante que um filme será bom, mesmo que o espectador (no caso, eu) tenha predisposição para gostar de qualquer coisa que envolva robôs.

O começo de Gigantes de Aço mostra Hugh Jackman dirigindo com olhar reflexivo, ao som de uma música levada a voz e violão. Definitivamente isso não é o que se espera de um filme que tem em robôs gigantes seu principal apelo. Felizmente, logo desistem dessa mariquice e vão ao que interessa: a briga de um robô contra um touro.

Hugo Jacomani é um controlador de robôs endividado em um mundo em que o boxe humano foi substituído por boxe de robôs para saciar nossa sede por violência e destruição. Acontece que uma antiga namorada, na qual ele fez um filho, bateu as botas. Agora cabe a ele cuidar do pimpolho. Para piorar, o moleque é um grande entusiasta do boxe de robôs, e tem algumas lições para ensinar ao papai ausente.

ROBÔS, CARA!

Meu amigo, como esses robôs são legais. O primeiro robô comprado pela dupla, Noisy Boy é, desde já, o brinquedo dos meus sonhos. Já pensou? Um robô gigante com controle remoto? Você pode usar o controle para fazê-lo te abraçar afetivamente destruir coisas por aí.

As lutas são, sem dúvida nenhuma, o maior atrativo de Gigantes de Aço, e o principal motivo por ele ser um filme tão legal. Gostei especialmente da ideia de que o boxe de robôs é um show. Afinal, vivemos na sociedade do espetáculo. E convenhamos, dá vontade de aplaudir cada vez que o molequinho entra no ringue dançando lado a lado com o robô Atom!

A história é bem tradicional, exatamente a mesma que já vimos em tantos outros filmes de esporte / luta. Tem até o videoclipe mostrando o robô subindo nos rankings e a batida estratégia de “vou cansar o adversário antes de revidar”, o que, convenhamos, não faz sentido nenhum se o adversário for um robô.

Não, definitivamente os roteiristas John Gatins e Dan Gilroy não quiseram criar nada por aqui, apenas contar da melhor forma possível uma história que a sétima arte já nos conta há décadas.

DADDY ISSUES

Até aí tudo bem. O problema mesmo foi terem dado um jeito de enfiar daddy issues e a tradicional “partezinha triste”, com direito a lição de amizade e tudo. Um filme ter essas coisas já é, por si só, negativo, mas aqui elas nada têm a ver com a proposta. Este é um filme sobre robôs gigantes que lutam até a morte, não sobre um pai ausente buscando a redenção, caramba!

Para você ter uma ideia, a partezinha triste é tão forçada e está tão deslocada na história que poderia simplesmente ser excluída do filme, e ninguém ia sentir falta dela. E isso deixaria a obra tão melhor que poderia até colocar Gigantes de Aço diante do comitê de distribuição do Selo Delfiano Supremo.

O foco da história é tão distante da relação pai e filho que, após a última luta, o longa simplesmente acaba, sem dar nenhuma conclusão ao que aconteceu entre os dois ou entre o moleque e a família da mãe. E quem se importa? Afinal, não é isso que pagamos para ver. Simplesmente não é importante.

Gigantes de Aço é mais um daqueles casos de menos é mais. O filme é relativamente longo e muito divertido, portanto poderia ser algo realmente especial se excluísse este lado B da história, que é forçado, pouco desenvolvido e, principalmente, clichê.

Ainda assim, ao lado de X-Men: Primeira Classe, temos aqui não apenas uma das maiores surpresas dos últimos tempos, como também um dos melhores filmes do ano. Não perca.

CURIOSIDADES:

– Durante a luta final, é possível ver anúncios do Xbox 720. Como o filme se passa no futuro, a Microsoft não poderia anunciar o Xbox 360, então resolveu homenagear o apelido dado pelos fãs para o sucessor de seu atual videogame.

– Cá entre nós, se eu fosse responsável pelas decisões da Microsoft, eu realmente chamaria o sucessor do Xbox 360 de Xbox 720. Todos os fãs gostariam disso e seria uma ótima forma de deixá-los felizes e diminuir a imagem de arrogância e desrespeito que a indústria dos games tem se esforçado tanto em criar nos últimos tempos.