Sony Ericsson

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Olá, delfonauta. Bem vindo à primeira resenha de uma empresa! Eu e você, agora, juntos, viveremos uma grande aventura. Muita emoção, suspense e burocracia nos espera. Sendo assim, me dê a mão (mas só se você for UMA delfonauta) e vamos lá!

Primeiro, um pequeno histórico. Eu não sou o cara mais sortudo do mundo quando se trata de celulares. Diabos, eu talvez seja um dos menos sortudos, para falar a verdade. Entretanto, em 2007, comprei um K790 da Sony Ericsson. Poxa, como aquele aparelho era legal! Principalmente a câmera de 3.2 MP dotada de um flash Xenon (não tem um alienígena malvado na Cientologia com um nome parecido?). Tirei muitas, MUITAS fotos com o bichinho, e estava plenamente satisfeito com ele. É, parecia que eu havia arrumado um companheiro eletrônico para toda a vida.

Infelizmente, o coração humano é facilmente tentado. Quando vi o lançamento do K850, sucessor do 790, pensei estar diante da melhor coisa já criada, e não hesitei em comprar um para me desfazer do aparelho antigo. De cara, problemas – o aparelho veio com o acelerômetro (um sensor de movimentos) bichado de fábrica. Tive que trocá-lo já no dia seguinte. Depois disso, insatisfação com as característicos dele: o flash era muito forte, então todas as fotos que o usavam ficavam superexpostas. O aparelho tinha três “botões” estilo touchscreen na tela que só serviam para sujá-la bastante de impressões digitais. Bem, paciência. Quem mandou não pesquisar? Eu o achei muito inferior ao velhinho.

Uns dois meses depois, surpresa: os tais três botões touch pararam de funcionar. O mais bacana é que eles eram os botões de contexto do telefone (sabem aqueles botões pra confirmar, cancelar, etc?). No dia seguinte, o desgracento foi pra assistência técnica, e ficou lá por mais de quatro meses. Quando ele finalmente voltou para as minhas mãos, foi roubado em nove dias. Imagino que agora, uns meses depois, essa coisa zicada já tenha explodido na mão de quem roubou. No mínimo, os restos incendiaram um trecho da Mata Atlântica e a bateria vazou, poluindo rios e matando peixes e micos leões dourados.

Nesses quatro meses de agonia, fui forçado a ligar quase que diariamente para o callcenter deles atrás de um setor de trocas que, hipoteticamente, iria me ligar um dia. Eu sei que isso é uma tarefa chatíssima de qualquer jeito, mas em alguns callcenters você não se sente um palhaço. O da Sony Ericsson é, de longe, o pior que já tive o desprazer de conhecer. Sim, pois simplesmente TODOS os clichês possíveis da turminha do telemarketing são usados pelos atendentes. São robóticos, falam usando o tal do gerundismo (só para constar, o Corrales considera isso mais ou menos o equivalente ao Freddy Krueger arranhar um quadro negro com a luva dele, e eu não estou muito atrás no meu ódio), não resolvem nada e, o mais interessante, só tem uma resposta. “Senhor, o senhor precisa estar continuando a aguardar, senhor”. Acho que um exemplo ilustrará isso melhor:

Eu: “Estou ligando a respeito de uma troca cujo prazo venceu.”
Atendente: “Senhor, o senhor precisa estar aguardando, senhor. O setor vai estar entrando em contato em breve, senhor.”
Eu: “Mas, como eu falei, o prazo venceu.”
Atendente: “Senhor, eu entendo, senhor, mas não posso fazer nada a não ser pedir para o senhor estar aguardando, senhor.”
Eu: “E você poderia me passar para alguém que possa fazer algo mais?”
Atendente: “Senhor, não, senhor, o senhor precisa continuar a estar aguardando, senhor.”
Eu: “Mas… Mas eu já aguardei mais do que o que vocês pediram e vocês nunca retornaram. E se você me passar para o seu gerente, talvez ele…”
Atendente: “Senhor, preciso estar pedindo para o senhor estar aguardando mais cinco dias úteis, senhor.”
Eu: “Argh, seus… Seus #@$*%! Vão ouvir pagode!” * bate telefone *

Bem, infelizmente a ligação típica pra lá não é tão curta assim, mas juro que não fica mais produtiva em nenhum momento. É tipo um pesadelo telefônico, e uns séculos atrás, pessoas eram queimadas por muito menos! Eu já fiz até uns dois ou três desses atendentes entrarem em loop e repetirem a mesma frase! Sabe quando conversamos com aqueles bots na internet? Então! Eu queria muito ter gravado algumas das conversas para mostrar para os amigos. Acho que, não estando no meu lugar, seria engraçado de ouvir. Agora imaginem: quanto tempo será que um delfonauta levaria para desistir de acessar o site caso, toda vez que entrasse, tivesse uma telinha dizendo para ele voltar daqui a cinco dias?

Chegamos na parte final, que é a do aparelho C905. Depois do roubo do K850, resolvi encarar mais um Sony Ericsson. Pô, eu sou true pra caramba, você sabe! Falo mal do Nightwish e tudo! Além do mais, não basta errar. Para ser true, tem que insistir no erro.

Dessa vez, a meu favor, digo que fiz umas pesquisas a respeito do dito cujo, e elas foram unânimes em dizer que o aparelho era realmente bom, ao contrário do maledeto do K850. Engoli em seco, paguei a “bagatela” de R$ 1.300, fiz um contrato de um ano com uma operadora (para ter desconto, pois ele custa R$ 2.200 no preço cheio) e levei o bicho pra casa. As minhas primeiras impressões foram ótimas: as fotos estavam pau a pau com a minha câmera antiga (da qual eu até me desfiz justamente por conta disso), o flash dessa vez não era forte demais, e muita coisa no design dele lembrava o saudoso K790. Ufa, parecia que eu tinha acertado de novo!

Dizem que a história sempre se repete e, 16 dias depois de muito cuidado, um dos botões dele parou de voltar à posição inicial. Logo me passou pela cabeça aquele lendário episódio dos Simpsons onde o Bart vai para o acampamento de férias do Krusty e aparece o palhaço aprovando um monte de porcarias dizendo que tudo está ótimo. “Tudo bem, Guilherme, é algo simples”, penso eu. “É só uma molinha solta que eu mesmo consertaria se não fosse violar a garantia. Aposto que a assistência técnica resolve isso na hora”.

Isso foi três meses atrás, e cá estou eu às voltas com o melhor callcenter do mundo. Muitas luas já se passaram, pessoas nasceram, cresceram, amaram e morreram, mas nunca mais vi o aparelho. Segundo os atendentes, caso eu aguarde mais (x+y)/z dias úteis, um lendário setor de trocas irá me ligar. Acho que é mais provável que o aparelho caia do cometa Halley em 2061 ou que o Robert Plant me entregue em mãos quando o Led Zeppelin fizer uma reunião e passar pelo Brasil. Eu realmente não sei. A única coisa que eu sei é que a Sony Ericsson está competindo ferrenhamente com o XBox 360 em qualidade. Será que o callcenter da Microsoft também é assim?

Vamos a um breve resumo antes do veredicto:

Méritos passados: É, parece que a empresa costumava fazer uns bons aparelhos há alguns anos. Quatro Alfredos!

Callcenter: Dada a completa inaptidão deles em fazer a única função de um callcenter, zero. Leva um Selo Delfiano Supremo Negativo pela ruindade inacreditável.

Prazos: Ops, outro ponto fraco, hein? Zero também.

Qualidade: Os aparelhos atuais são muito bonitos e chamativos, mas estragam em tempo recorde. Bem, pelo menos duram o suficiente para os sites de tecnologia resenharem os desgraçados e darem boas notas. Aqui, entretanto, o buraco é mais embaixo, e tem formato de zero.

Não estou nos meus melhores dias, portanto, ao invés de fazer uma média, vou pegar o número que mais apareceu e repetir aqui. A Sony Ericsson leva nota 0 como empresa. Não contem com eles para nada, muito menos para cumprir prazos. É simples assim. E se o delfonauta quiser saber como isso acabará, acompanhe aqui. Dá até pra ver que eu não me lasquei sozinho com a empresa!

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