Plano de Fuga

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Mel Gibson construiu uma sólida carreira como um astro de filmes de ação pra lá de legais, como Máquina Mortífera e Mad Max. Porém, nos últimos anos a percepção que o público tem dele mudou bastante.

Pudera, A Paixão de Cristo é um dos maiores exemplos do mau gosto cinematográfico, chegando até a disputar o posto com os outrora inatingíveis reis, os irmãos Wayans.

Apesar do sucesso comercial do filme, hoje o Mel Gibson não é mais visto como aquele galã gente boa de antes. Agora a gente o vê exatamente assim:

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Kaplá! Apesar de ele ter voltado a atuar no pra lá de mediano O Fim da Escuridão, é com este Plano de Fuga que Honey Filho do Gibão pretende recuperar seu público de outrora, os fãs de filmes de ação.

Acontece que Plano de Fuga não é exatamente um filme de ação, pois, embora conte com algumas explosões e tiroteios bem legais, a maior parte de sua duração é focada em desenvolvimento de personagens e momentos mais intimistas. Pense em algo na linha de Breaking Bad para ter uma ideia do que encontrar aqui.

No filme acompanhamos um criminoso estadunidense (Gibson) que é preso na fronteira dos States com o México. Ele acaba sendo levado para uma prisão mexicana, bastante diferente das cadeias que conhecemos. O lugar está mais para um bairro de baixa renda do que para uma prisão propriamente dita. Inclusive, nem todo mundo que vive lá é prisioneiro, e os que não são podem sair e entrar quando quiserem.

Logo, nosso novo melhor amigo começa a fazer seu Plano de Fuga. Ele percebe quem é o pintudão do local, faz amizade com um moleque e começa a trabalhar na ascensão social com a intenção de sair dali.

O mais interessante do filme é justamente a prisão. Trata-se de um ambiente riquíssimo a ser explorado. É praticamente como se as favelas cariocas tivessem suas entradas guardadas e todos os cidadãos honestos fossem livres para sair, mas os criminosos não. Não à toa, é justamente quando se foca nesse ambiente que Plano de Fuga tem seus melhores momentos.

Embora tenha algumas piadinhas, o tom geral é bem sério e a fotografia alaranjada dá uma cara de anos 70 para o longa. Tirando Mel Gibson, não há outras caras conhecidas do público em geral, mas a atuação em geral é muito boa, especialmente do moleque Kevin Hernandez, que responde pelo momento de maior pintudice do filme inteiro (a parte do “quieres mi hígado?”).

Não é um novo Máquina Mortífera e nem tenta ser, já que há muito menos ação e humor por aqui. Ainda assim, é o primeiro trabalho de Mel Gibson com qualidade acima da média em mais de uma década. Se você sente falta do cara como ator, é uma boa oportunidade de matar a saudade.